Programas Policias

Por: Pedro Paulo Sobral Freire

O que dizer desses programas polícias que de alguns anos pra cá viraram moda televisiva aqui na Bahia - e por que não pejorativa e ridícula, como todo tipo de moda, pra ser sincero – e que incitam a violência e a miséria entre a população? E porque não admitir que na maioria dos casos, entre a parte menos esclarecida da sociedade, ou seja, que lê menos. Só para esclarecer, estar informado sobre algo não quer dizer conhecer o que algo é. Informação não é conhecimento!

Programas desse tipo, que invadiram nossas casas e até os bares onde paramos para almoçar e beber algo, liderados por marginais do “quilo” do deputado estadual Wallace Souza, do Amazonas, que encomendava as mortes de pessoas pobres – na maioria negros e pessoas da periferia, claro - para apresentar, ao vivo ainda por cima, em seu programa na TV, para assim, ter uma audiência mais alta. Conseqüentemente, mais grana em suas gordas contas bancárias, em suas meias, cuecas, paletós, em baixo de seus colchões (e porque não em cima também), dentro das paredes e onde mais lhes convir. Na verdade enriquecem alienando o povo e desviando a atenção de quem realmente são os nossos maiores e verdadeiros inimigos.

Uma manifestação que vejo como um reflexo claro dessa insanidade televisiva de apologia a violência e a opressão policial e social contra essas pessoas pobres e menos esclarecidas, que acontece com frequência aqui no Largo do 2 de Julho, é quando pegam algum garoto de rua roubando. Incrível como praticamente todas as pessoas que estão por perto, somadas outras que vêm guiados pelos gritos de - Pega ladrão! literalmente lincham a criança, como se ela fosse a culpada por todos os males da sociedade, problemas existências e materiais de cada uma daquelas pessoas. É muita violência contra quem já é vítima em um sistema tão desumano. Ou seria humano demais?

São programas desse tipo, que incitam a violência de forma gratuita e covarde, atacando de forma ilegal quem menos tem condições de se defender. Existe até “prêmios" em dinheiro para quem filmar um crime ou qualquer tipo de baixaria, como briga entre mulheres por causa de homens e coisas do tipo e enviar para o programa; Com todas essas coisas ainda sendo insuficiente para saciar de desgraça seus egos miseráveis, ainda pregam a pena de morte pela televisão com comentários do tipo:
- Tem que passar o “ferro”!

É o tipo de comentário infeliz, desnecessário e muito perigoso, em se tratando que estamos em um sistema onde boa parte da educação da nação está entregue a emissoras de televisão, que cada vez mais bestializam e idiotizam as pessoas com seus Faustões, Galvões, Seleções, Bocões, Guguzões e suas Meninas do Jô, Márcia(s) Mulheres Pêra, Uva, Maçã, Salada Mista, professorinhas e...

O engraçado com tudo isso é perceber como temos cada vez mais que sermos exemplos de bons cidadãos dentro de um sistema totalmente corrupto, injusto e desumano, que na maioria das vezes te incita justamente a não ser esse modelo de bom cidadão. Até porque esse conceito do bom cidadão está vinculado a preceitos e normais morais, sendo assim totalmente questionáveis por qualquer pessoa.

Enfim, todos esses absurdos são meras representações da forma como nos deixamos alimentar pelas misérias alheias e nos embebedamos de violência urbana.

Fica aqui a reflexão de quem se preocupa com o tipo e a qualidade da informação que recebemos diariamente através desse aparelho tão importante e que sem nos darmos conta, acaba sendo responsável por boa parte da formação dos nossos valores e das informações que recebemos, a televisão.

Brasil com D na Copa da África!

Bem, como mais um brasileiro apaixonado por futebol e indignado com esse timinho do Dunga, que disfarçado de Seleção Brasileira de Futebol, enganou parte da nação, venho aqui expressar a minha indignação, e ao mesmo tempo alívio, por não termos sido campeões dessa Copa do Mundo da África.

Por um lado indignação, pelo fato de ver a nossa Seleção com um futebol tão feio e com jogadores tão fracos, do nível de Michel Bastos, Julio Batista, Josué, Doni, Helano, Kleberson,... isso sem falar na mediocridade do futebol daquele rapaz chamado Felipe Melo. Não acho que a culpa tenha sido dele, mas sim do Dunga. O cara convoca pra seleção, e coloca como titular ainda, um jogador medíocre e desequilibrado emocionalmente e esperava que desse o que? Título? Brincadeira, só sendo otário mesmo! E alívio por dois motivos: primeiro por constatar que o nível do futebol mundial não está tão baixo assim a ponto de ganharmos uma Copa com aquele “timeco”; segundo, por não ter que aturar durante todo resto da história do futebol, a cara de pastel do Dunga dizendo na tv que bota pra fuder porque foi campeão em 2010, como técnico iniciante, e assim, se consolidando como mais uma grande fraude que se apresenta ao mundo como um “grande técnico” do futebol brasileiro.

Criado pelo jogo político dos bastidores do futebol, que colocaram um treineirozinho para comandar a Seleção, como se a Seleção fosse qualquer timinho para experiência de novos candidatos a treinadores de futebol, e que sem dúvida teve como seu principal articulador uma das pessoas mais influentes politicamente hoje no Brasil, o senhor Ricardo Teixeira, presidente da CBF. É claro!

Ora, pensávamos estar sendo representados pela seleção brasileira de futebol, a que tem os melhores jogadores do mundo e sonho de todos os técnicos de futebol do planeta. Quem não gostaria de ser técnico da seleção de futebol do Brasil?

Pois bem, aqui vai à verdade, a seleção canarinho que jogou a Copa do Mundo da África não era a Seleção Brasileira de Futebol, era a Seleção do Dunga. Tudo nessa seleção tinha a cara dele. Impressionante como ele conseguiu descaracterizar a nossa seleção. Trocou o nosso futebol alegre, ofensivo, moleque e travesso por um futebol de volantes, de marcação e sem criação. Bem o estilo dele.

Dunga ganhou a Copa América, a Copa das Confederações, a Eliminatória pra Copa da África, ou seja, ganhou tudo que disputou até a Copa do Mundo e mesmo assim chegou à África muito criticado, mas respaldado pelos resultados em campo que obtivera até aquele momento. Com toda razão ele usou esses resultados como pressuposto de um trabalho bem feito e campeão. Grande mentira!

Ora Dunga, não nos faça de idiotas! Somos brasileiros, conhecemos de futebol e sabemos quando as coisas então indo bem ou não. Copa América, Copa da Confederações... todos torneiozinhos secundários, que na verdade não interessam, que ganhamos mais com o peso da camisa do que com o futebol apresentado. A prova clara e inegável do fracasso do Dunga foi a forma como foi recebido o grupo da seleção pelo povo brasileiro ao desembarcarem aqui no país. Saíram pelas portas dos fundos dos aeroportos onde desembarcaram, como marginais, pessoas que lesaram a nação.

Diferentemente da Argentina, que perdeu de quatro, mas jogou pra vencer e levou o que tinha de melhor, como se deve fazer em todo grande evento, e foi recebida de uma forma linda e calorosa pelo seu povo.

Com tudo isso Dunga acabou dando um exemplo ao mundo de uma de nossas características culturais mais bizarras, a de furar a fila, passar na frente de quem já estava lá antes.

O que Dunga deixou de bom? Na minha opinião a seriedade do seu trabalho e a forma como ele tratou a todas da imprensa, sem dar prioridade a nenhuma emissora de TV, como queria a Globo. Ora, mas somente seriedade não é garantia de um bom trabalho, de um trabalho bem feito.

Espero que essa Copa, lamentável pra nós e esplendidamente realizada pela África do Sul, ajude-nos de alguma maneira a percebermos que por trás de um jogo de futebol existe muito mais do que uma simples disputa esportiva; que uma Copa do Mundo talvez seja um evento muito mais político do que esportivo, onde nações estão sendo representadas, e que além de desejarem se ver representadas, necessitam também se sentir representadas por suas seleções. O que infelizmente não aconteceu com parte de nós brasileiros. Em nenhum momento vi aquele time amarelo representar a Seleção Brasileira de Futebol, foi somente a “Seleção” do Dunga.