domingo, 29 de agosto de 2010

Lista Instrutiva!!!

Aqui vai uma lista de filmes e videos que podem ser baixados via megaupload!!


http://www.megaupload.com/?d=H14GWQFJ 1 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 298.93 MB 2010-03-06 16
http://www.megaupload.com/?d=4S7TE4EF 1 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 288.4 MB 2010-03-05 9
http://www.megaupload.com/?d=WTQERLBZ 1 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 255.65 MB 2010-03-05 4
http://www.megaupload.com/?d=ERE4INJP 1 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 330.54 MB 2010-03-05 2
http://www.megaupload.com/?d=YS9IEG1B 2 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 303.44 MB 2010-03-06 2
http://www.megaupload.com/?d=UTYCS1WE 2 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 288.4 MB 2010-03-05 2
http://www.megaupload.com/?d=KCFY879N 2 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 355.21 MB 2010-03-05 4
http://www.megaupload.com/?d=ZJK9VRLM 2 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 390.3 MB 2010-03-07 1
http://www.megaupload.com/?d=TAFD50WS 3 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 502.15 MB 2010-03-07 6
http://www.megaupload.com/?d=21XFZR39 3 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 568.22 MB 2010-03-07 9
http://www.megaupload.com/?d=AOHM33E4 3 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 326.94 MB 2010-03-09 9
http://www.megaupload.com/?d=PYKGV150 3 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 236.94 MB 2010-03-09 5
http://www.megaupload.com/?d=JN7DQ3HL 3 Dia - Audiência pública do STF sobre cotas raciais em u... 317.14 MB 2010-03-09 6
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http://www.megaupload.com/?d=8Y9X076K A Onda DVDRip Dual (2009).avi 850.78 MB 2010-01-04 0
http://www.megaupload.com/?d=QOGBRQCW A Onda Dublado by Socram (1981).avi 328.54 MB 2009-10-22 1
http://www.megaupload.com/?d=24H7CO3K Abolição_1988_(Zozimo).wmv 464.55 MB 2010-04-06 0
http://www.megaupload.com/?d=176OWWRD Amistad legendado.avi 699.63 MB 2010-01-04 0
http://www.megaupload.com/?d=0HZ0XE2H Anjos do Sol_Xvid.DvdRip.LMD.avi 646.91 MB 2010-02-20 1
http://www.megaupload.com/?d=Y3KFZOIP BBC Londres - Brazil, Muito além do cidadão Kane (documen... 795.44 MB 2009-10-23 0
http://www.megaupload.com/?d=YC2AR34U COINTELPRO e Panteras Negras .wmv 720.49 MB 2009-10-16 0
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http://www.megaupload.com/?d=VEI8V5UP Chris Rock - Kill The Messenger (com legenda pt-Br separa... 270.62 MB 2009-10-28 0
http://www.megaupload.com/?d=J8I33J30 Colors (1988) by Carioca.rar 539.03 MB 2010-01-06 0
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http://www.megaupload.com/?d=DB08WMT0 Entre os Muros da Escola (legenda portugues zipada).rar 690.52 MB 2009-10-24 0
http://www.megaupload.com/?d=3UUHHD7Y Escritores da liberdade (Freedom writers) - Legendado PT-... 736.97 MB 2010-03-04 0
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http://www.megaupload.com/?d=IJSO4SOG Febre da Selva - Jungle Fever (1991 Spike Lee).WMV 572.69 MB 2010-04-08 0
http://www.megaupload.com/?d=SGGIWIDI Gandhi(1982) dublado ptbr.avi 951.37 MB 2009-10-24 1
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http://www.megaupload.com/?d=A4JLI0HH Globo News - Arquivo N - Mohandas Karamchand Gandhi.avi 49.49 MB 2009-10-24 0
http://www.megaupload.com/?d=Z7AWDO6K Mandela - luta pela libedade legendado pt-Br.rmvb 371.84 MB 2009-10-25 0
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http://www.megaupload.com/?d=85B4DCAB panteras negras Documentário francês (audio francês sem l... 250.81 MB 2009-10-25 0
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Quartelada midiática para salvar Serra

Reproduzo artigo de Gilson Caroni Filho, publicado no sítio Carta Maior:

O que estamos assistindo agora, com as tentativas tucanas de plantar escândalos e judicializar a campanha, é a uma gigantesca operação de engodo de candidatura sem perspectiva. Secundado pela mídia que sempre o apoiou, e hoje se declara "independente", Serra não tem escrúpulos em conspurcar a credibilidade do jogo político às vésperas de uma eleição presidencial. O que ele e seus sócios do PPS e do DEM estão querendo fazer é um autêntico golpe de mão, uma quartelada midiática para evitar que a sociedade possa comparar dois projetos de país.

Estado por estado as notícias são parecidas. Há um rápido processo de cristianização do candidato tucano. No Nordeste é um arraso: quem fez oposição a Lula nos últimos quatro anos, desembarca da nau serrista para cuidar da própria sobrevivência política. Nem mais em São Paulo, estado que o elegeu senador, prefeito e governador, Serra voa em céu de brigadeiro. O repúdio não se dirige apenas contra sua melancólica figura, mas ao estilo de governo posto em prática nos oito anos em que o neoliberalismo vigorou no país. Há algo de covarde na recusa de uma comparação retrospectiva, mas também há algo de didático no exame das decisões de um ator político.

Quando se nega a comparar o governo a que pertenceu com a gestão petista, Serra afirma “que não faz política olhando para o retrovisor". Certamente preferia que tudo fosse diferente, mas, no beco sem saída em que se encontra, não é possível acertar o caminho com manobras abruptas. Seu trem em marcha ré colidiria com os desastres da política econômica de FHC, o padrinho a ser ocultado.

Vamos aos fatos: a abertura comercial, promovida pelo consórcio demo-tucano, não trouxe ganhos de competitividade à indústria nacional. Pelo contrário, causou um efeito devastador em setores, como o têxtil, transformando segmentos que produziam localmente em meros importadores de insumos. De acordo com estudos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), depois de oito anos de economia submetida à concorrência internacional, sem instituição de políticas públicas adequadas, as conseqüências apareceram nos resultados negativos da balança comercial, em menos geração de emprego e renda no Brasil.

Os pesquisadores concluíram que a importação de matérias-primas provocou o esgarçamento dos setores intermediários de produção, aqueles encarregados de produzir os insumos para os fabricantes de produtos finais. A análise dos resultados na década de 1990 demonstrou maior competitividade na produção de commodities e vulnerabilidade das atividades de maior conteúdo tecnológico, aquelas com maior valor agregado e responsáveis pela geração de mais postos de trabalho. Nesse contexto, cabe a pergunta: como Serra teria condições de apresentar sua política industrial, sem renegar totalmente o pensamento do PSDB?

Seguindo os preceitos do Consenso de Washington, a possibilidade de o Brasil tornar-se exportador de produtos básicos, que seriam processados em outros países, e importados posteriormente, era o que se afigurava como horizonte à época. Na indústria química, o crescimento das importações levou à desativação de centros de produção de insumos. Princípios ativos para a produção de medicamentos que, nos anos 80, começaram a ser produzidos aqui, com a abertura desregulada, passaram a ser fornecidos pelos Estados Unidos e por países europeus. Nos tempos ministeriais de Serra, a saúde que interessava era a da indústria farmacêutica internacional. Não lhe peçam, portanto, para apresentar propostas programáticas para o setor. Além das platitudes, o vazio é total.

No campo energético, o desastre não foi menor. A decisão de vender usinas prontas, em plena operação, sem ao menos abrir aos investidores a oportunidade, e o consequente risco, do empreendimento novo, gerou uma situação de insegurança energética, com 70% do mercado de distribuição e boa parte da geração privatizados. Sem agregar energia nova, o governo de FHC pensou em esquartejar Furnas quando o movimento mundial ditava fusões. Não faltavam, ainda, os defensores da venda da Chesf, detentora de grandes reservatórios - alguns de alta importância ecológica e social - antes de se regulamentar o uso múltiplo das águas. O que Serra teria a dizer sobre o descalabro? Por que a doce e ética Marina silencia sobre o tema?

Por que não discutir sobre as consequencias desastrosas da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, programada para se instalar em 2005 e que, fatalmente, nos levaria a novo pacto colonial?

Serra, o “Zé que joga pesado" não pode defender o passado sem deixar de fazer um elogio à rasteira da soberania nacional. Por isso, dele só se pode esperar a pregação golpista, o denuncismo como método. E um genérico de Elba Ramalho em seu programa eleitoral. O ex-presidente da UNE jogou sua biografia no ralo das circunstâncias. Da soma dos fatores a que se submeteu, deixando de fora os nove, sobra rigorosamente nada.

Os mapuches não são cubanos

Reproduzo artigo de Atilio Boron -cientista político e sociólogo argentino de nascimento e latino americano por convicção, ex-secretário-executivo do CLACSO (Conselho Latino-Americano de Ciências Sociais).

Se fossem cubanos, a greve de fome teria recebido a primeira página da “imprensa livre” de todo o mundo. Mas os mapuches não são cubanos.

Nós, que criticamos o viés ideológico conservador da auto denominada “imprensa livre ou independente”, devemos lutar contra a convicção profundamente arraigada na população de que os veículos de comunicação se limitam a dar a noticia, colocando de lado qualquer desejo político. A visão cultivada pela poderosa mídia é que eles se limitam a refletir a realidade, e que quando fazem alguma interpretação desta realidade, que inevitavelmente é política na medida em que atende a uma questão pública, isto fica circunscrito a um texto em colunas editoriais ou de opinião, claramente separadas da parte da informação que supostamente é “apolítica e objetiva”.

Na realidade, salvo algumas exceções, o que acontece é exatamente o contrário: se informa ou não conforme a perspectiva política de que o meio de comunicação tenha tomado partido, e ela tem somente duas possibilidade de registros: ou se escolhe o conservadorismo ou se propõe a superação da ordem social existente. Em assuntos como este, a “imparcialidade” é impossível.

Um exemplo claro do que dissemos é o silêncio escandaloso da “imprensa seria” das Américas sobre a greve de fome que há mais de 15 dias mantém 31 índios mapuches em diversas prisões no Chile. Estão presos como resultado da aplicação da lei antiterrorismo aprovada por Pinochet. Produto desta monstruosa legislação, após 20 anos de uma suposta democracia, 57 mapuches deram com seus ossos nos cárceres da exemplar democracia chilena, e cerca de uma centena foram processados pela Justiça daquele país por lutar para recuperar a terra de seus antepassados.

Não só isto: o “estado de direito” no Chile, tão elogiado por analistas e palpiteiros a serviço do imperialismo, torna possível uma aberração jurídica: os presos podem ser julgados pela Justiça Civil e também pela Justiça Militar, colocando-os em risco de serem condenados em duas jurisdições diferentes pelos mesmos crimes que supostamente teriam cometido. Dois dos presos que aderiram recentemente à greve de fome, Carlos Munõz Huenuman e Eduardo Painemil Pena, divulgaram no webbsite País Mapuche que “com esta medida extrema e justa, estendemos a resistência dos presos políticos mapuches a diversos presos chilenos, buscando denunciar as injustiças cometidas contra o nosso povo, e que estão refletidas em violentas repressões, onde suas vitimas são principalmente velhos e crianças; a utilização indiscriminada e cheias de testemunhas protegidas, incluindo os de menores de idade; o excessivo tempo das investigações conduzidas pelo Ministério Público que só transformam a prisão preventiva em definitiva, recusar as montagens político-judiciais, sustentados pela aplicação da lei antiterrorista, que procuram encarcerar os lutadores sociais mapuches que enfrentam a guerra de extermínio que o Estado chileno nos impôs.

O que os mapuches reivindicam, e que é o fundamento de todas as sua mobilizações, é a devolução da terra de seus ancestrais expropriadas violentamente pelos identificados como “civilizados”. Seus homólogos do outro lado da Cordilheira dos Andes, na Argentina, diziam que os povos originários na Patagônia eram selvagens porque desconheciam as sacrosantas virtudes da propriedade privada, e com este pretexto praticaram seu genocídio, suavizado na historiografia oficial com o nome de “Conquista do Deserto”.

No Chile, esta mesma política de extermínio recebeu um nome não menos cínico: “Pacificação da Araucânia”. Na Argentina, esta tragédia foi documentada e denunciada na extensa obra do historiador Osvaldo Bayer, e hoje existe uma consciência cada vez mais nítida do alcance e das implicações deste infame e sangrento legado. Para recuperar o que foi roubado deles, hoje os mapuches chilenos lutam; e também para por fim à aplicação da lei antiterrorista pelas lutas “da Nação Mapuche”, como se declara em um dos seus documentos; acabar com a militarização de suas comunidades, o duplo processo pelas justiças civil e militar, a liberdade de todos os prisioneiros políticos mapuche, além de outras demandas pontuais.

Pesquisa

Como podemos observar a agenda de suas reivindicações é forte e estrutural, conspira contra a acumulação e exploração capitalista em voga no Chile atual. Por isto a greve dos mapuches não é notícia e deve ser silenciada. Acontece que não chega ao público e poucas pessoas podem inteirar-se do acontecido. O principal jornal chileno, o arquigolpista e contumaz pinochetista El Mercurio (imortalizado pela denúncia dos estudantes em 1967, sintetizada na frase “Chileno: El Mercurio miente”) mente outra vez e nada diz a respeito.

Ao procurar em seus arquivos “greve de fome”, os resultados que aparecem se referem previsivelmente aos “dissidentes cubanos”, ou a algum dirigente de clube de futebol boliviano, ou a um par de episódios similares em sua intransigência. Se alguém insiste na pesquisa, surge uma avalanche de informações sobre a greve de fome de Zapata e Fariñas em Cuba, acompanhada de fotos estarrecedoras cujo impacto não pode ser outro do que suscitar uma incondicional solidariedade do leitor ou do tele-espectador com a vitima.

Se a pesquisa continua pelo nome “mapuches”, o que aparece é uma referência a uma ocupação de terras realizada na quinta feira passada; a presença de sol mapuche na nova nota de 20 mil pesos emitida pelo Banco Central do Chile e a prisão de um membro desta etnia que participou de um ataque incendiário na Araucânia. Os grevistas e os prisioneiros políticos não são noticia, não são entrevistados, são “desaparecidos da mídia”, e a opinião pública nada sabe deles. Um grande manto de silêncio (cúmplice) é colocado pelo mais importante do Chile e pelas agências de noticia que deveriam comunicar os fatos. Foi graças à Telesur que não enterramos esta situação, algo que os “meios de confusão de massas” se encarregaram de silenciar.

Capitulação

Uma busca no La Nación de Buenos Aires só serve para confirmar e mesma evidência e uma “desinteressada” solidariedade com Fariñas e os dissidentes cubanos, sobressaindo por seu empenho o inefável Mario Vargas Llosa, que, dando novas mostras de sua ignóbil capitulação ideológica, exalta aqueles como verdadeiros “heróis do nosso tempo”.

Claro, sobre a greve de fome dos 31 mapuches, nem uma palavra. Eles não são heróis e sim índios cimarrones que merecem apodrecer no cárcere e enfrentar um duplo julgamento, civil e militar! Imaginem o que diria Marito se algo semelhante ocorresse em Cuba, na Venezuela, na Bolívia ou no Equador! As roupas seriam rasgadas, colocariam um grito no céu, renegaria este ataque ao “Estado de Direito”, chamaria a imprensa internacional e todos os intelectuais financiados pelo imperialismo para informar sobre o assunto, e os líderes do “mundo livre” para sancionar os paises cujos infames governantes cometem tamanho atropelo.

Mas, para ganhar a primeira página dos grandes oligopólios midiáticos que controlam de uma maneira quase absoluta a informação a nível mundial, não terminam com uma greve de fome. Temos que fazê-la em lugar apropriado: Cuba, em primeiro lugar, ou na Venezuela, Bolívia ou Equador. Em outros lugares, não é noticia. A “liberdade de imprensa”, que o diga.

sábado, 28 de agosto de 2010

A mídia é o grande prato do restaurante canibal

Reproduzo artigo do jornalista Breno Altman, publicado no site Opera Mundi

A mídia é o grande prato do restaurante canibal
O trabalho eficaz de dois jornalistas, Pedro Aguiar e Laisa Beatris, profissionais da redação de Opera Mundi, trouxe ontem (26/08) a público caso vergonhoso de colonialismo cultural e abuso da boa-fé dos leitores. A história, que pode ser lida no artigo “Mídia internacional ignora indícios de fraude e publica notícia sobre restaurante canibal”, revela o estado de indigência que afeta parte da imprensa mundial.

Tudo começou quando um político alemão denunciou, ao diário sensacionalista Bild, a existência de restaurante brasileiro, chamado Flimé, no estado de Rondônia, que oferecia carne humana e estaria planejando abrir filial em Berlim. O vereador Michael Braun, dirigente local da União Cristão-Democrática, alegando ter recebido informação de eleitores, protestou contra as intenções do famigerado estabelecimento.

A origem primária das denúncias, logo se soube, estaria em vídeo e página divulgados pela internet. Os autores, provavelmente de nacionalidade portuguesa, talvez na intenção de se vingar das piadas contra seus patrícios, resolveram armar pegadinha contra os brasileiros. No jargão da rede, chama-se essa informação forjada de hoax.

O mais incrível é que a existência do restaurante canibal imediatamente se espalhou entre diversas agências e veículos do planeta. O inglês The Guardian, a espanhola Efe, a italiana Ansa, a alemã Der Spiegel e o português Expresso estão entre as publicações que caíram no engodo. Também comprou gato por lebre a brasileira Folha.com. A reportagem de Opera Mundi provou que não há canibalismo nem restaurante algum.

Aparentemente nenhuma das redações enroladas pelo conto dos portugueses se deu ao trabalho de apurar história tão escabrosa. O restaurante não foi checado. Não se analisou com rigor a gravação que circulou no You Tube. A página web que anunciava as estranhas iguarias tampouco recebeu o devido escrutínio.

Não é a primeira vez que importantes meios de comunicação metem o pé na jaca. A revista Veja, em abril de 1983, publicou matéria anunciando a fusão da carne de boi com o tomate, depois de cair em uma brincadeira da revista inglesa New Science, preparada para celebrar o dia da mentira. O caso Boimate, como é conhecido, entrou para a mitologia jornalística como a maior “barriga” (notícia inverídica) de todos os tempos. O affair Flimé tem grandes chances de roubar-lhe o lugar no pódio.

O problema não é apenas a preguiça dos jornalistas que deram ares de verdade à denúncia fajuta. A substituição da informação pelo espetáculo, de fato, tem poder tóxico sobre a inteligência da imprensa e contamina sua disposição de pegar no batente. Mas, é evidente, nesta situação também jogou peso decisivo a arrogância colonial dos brancos de olhos azuis. Canibalismo no Brasil? Terceiro Mundo? Terra de índios, negros e mulatos? Pau na máquina, que se não for verdadeiro, ao menos está bem contado.

A barrigada, que deveria provocar indignação da mídia brasileira e resposta à altura do governo, porque difama a imagem internacional do país, diz muito a respeito de como funcionam os monopólios mundiais da comunicação. Seus donos e operadores, de tão imbuídos do papel de vanguarda cultural do colonialismo, não perdem sequer uma história da carochinha para demonstrar a suposta primazia civilizatória das nações ricas sobre os povos do sul.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O contrabando ideológico da mídia golpista

Reproduzo artigo de Washington Araújo, publicado no Observatório da Imprensa:

Se existe um assunto que absolutamente não me apetece é essa conversa de que no Brasil se encontram ameaçadas a liberdade de expressão, liberdade de opinião e liberdade de imprensa. Primeiro porque a confusão é grande e nem o editorialista nem o comentarista designado para o mister faz o menor esforço para separar uma de outra, é tudo jogado no mesmo saco das intenções veladas.

Para aproveitar o bordão presidencial, tomo a liberdade de, solene como sói acontecer, declarar que nunca antes na história deste país se usufruiu de tanta liberdade – opinião, expressão, imprensa – como nos dias atuais. E nem se precisa ir muito longe para autenticar essa minha percepção já que se trata de algo facilmente verificável.

Se o leitor desejar fazer uma amostragem na seara das revistas semanais de informação, basta acessar o acervo digital de Veja ou de Época e, em rápido cotejo, verificará diversas matérias de capa ora condenando o presidente, ora o seu governo, ora o seu partido, ora a sua coligação. Algumas das recentes edições do carro-chefe da Editora Abril trouxeram na capa, sempre carregando na cor vermelho-escarlate, chamadas como “Lula, o mito, a fita e os fatos” (edição 2140), “O monstro do radicalismo” (edição 2173), “Ele cobra 12% de comissão para o PT” (edição 2156) ou “Caiu a casa do tesoureiro do PT” (edição 2155).

E até o mensalão candango, que engolfou a última cidadela governamental do Democratas em fins de 2009, mereceu capa que longe de trazer à mente o partido demista fazia nada sutil remissão ao partido do presidente. Oportuno recolher a desfaçatez com que vistoso colunista da revista Veja (26/11/2009) se referiu à candidata governista. Seu texto abria assim: “A fraude que virou candidata à presidência anda propondo que o país compare Fernando Henrique a Lula…”

Ficção e realidade

O mesmo poderá ser feito com os jornais de maior tiragem diária do país, como O Globo, a Folha de S.Paulo e o Estado de S.Paulo. São mais de oito anos de luta cerrada, quando não agredido em editoriais sob medida para criticar essa ou aquela frase do presidente, sempre ânimo redobrado para fustigar essa ou aquela política pública.

Vejamos o que escreve o principal comentarista de política do jornal O Globo, Merval Pereira. Em apenas dois meses não deixou de vociferar o que crê seja digno de nota e remissões: a alcunha que criou para Dilma Rousseff, a laranja eleitoral. Destaco os seguintes excertos de sua coluna em que o tema é temperado e retemperado pelo maduro articulista:

* “Os discursos nas convenções do PT e do PSDB, no fim de semana passado, revelam com clareza qual será o tom da campanha presidencial daqui para a frente, quando já temos candidatos oficiais e não simples pré-candidatos, como a esdrúxula legislação eleitoral definia até então. De um lado, a candidata oficial, Dilma Rousseff, transformada pelo próprio Lula em sua ‘laranja’ eleitoral; de outro, o tucano José Serra atacando o PT, a falta de experiência da adversária, mas só se referindo a Lula de maneira indireta.” (“Meu nome é Dilma”, 15/6/2010)

* “A verdade, porém, é que mesmo que a candidata oficial Dilma Rousseff alegue que não compartilha essas propostas, elas fazem parte de uma espécie de código genético da ala mais radical do petismo, da qual ela já era figura proeminente antes mesmo de surgir do bolso do colete de Lula para ser impingida ao eleitorado como sua ‘laranja eleitoral’.” (“Contradições”, 06/7/2010)

* “A candidata petista, por seu turno, tem alguns desafios importantes pela frente, o principal deles o de convencer o eleitorado de que o seu eventual primeiro mandato será o terceiro de Lula, o que pode transformá-la em uma mera ‘laranja eleitoral’ do seu mentor. O que pode agradar a certo eleitorado, e afastar outro.” (“O predomínio eleitoral”, 16/7/2010)

* “Serra está à procura de temas que sirvam para atacar o governo Lula sem atacar o próprio, enquanto Dilma a cada dia valoriza mais o papel de ‘laranja eleitoral’ de Lula, recusando-se a aprofundar o debate de políticas governamentais, passando apenas a única mensagem que interessa, a da continuidade do governo Lula.” (“Quem é quem”, 11/8/2010)

* “É também importante frisar que, àquela altura, ainda com sequelas do mensalão, Lula tinha 55% de avaliação de ‘bom e ótimo’ nas pesquisas, e hoje tem 77%. Mas, como não é ele que concorre, e sim uma sua ‘laranja eleitoral’, a transferência de votos ainda não é total, e possivelmente não será.” (“Zona de conforto”, 17/8/2010)

E para defender sua ideologia liberal, vale tudo. Destaco o seguinte diálogo (que me foi enviado pelo leitor D.M.S.) de recente capítulo na novela Paraíso, da TV Globo. Observem como personagens de ficção avançam para além de qualquer trama para tratar do que consideram ser a realpolitik. E como vem sendo cada vez mais corriqueiro contrabandear ideologia e crítica política através de personagens que, bem ou mal, caem nas graças do povo:

Atriz: “Vamos perfurar um poço de petróleo aqui na cidade”

Ator: “Você não é candidata a presidente da república. Nem presidente da Petrobras”

Atriz: “Quanto custa pra perfurar um poço de petróleo?”

Ator: “Muito…”

Atriz: “Mais de mil escolas?”

Ator: “Bota mil nisso…”

Atriz: “Mais de mil hospitais?”

Ator: “Bota mil nisso… Em vez de gastar dinheiro perfurando poço de petróleo, a gente poderia encher de escolas, hospitais…”

(Pausa para os comerciais).

Irônico que a primeira empresa que surge fazendo seu comercial é a própria Petrobras, Coisas do Brasil?

Argumento anêmico

A revista Época também segue à risca o script que deseja cumprir. Para ilustrar cito recente edição (nº 639, de 14/8/2010) em que a capa é a foto da jovem Dilma Rousseff, em princípios dos anos 1960. A manchete é lúgubre: “O passado de Dilma”, com a explicação que mais ameaça que esclarece qualquer coisa: “Documentos inéditos revelam uma história que ela não gosta de lembrar: seu papel na luta armada contra o regime militar” (ver, neste Observatório, “Revista ignora a anistia“).

A “matéria” lista perguntas que, segundo a revista, a candidata se recusa a responder. Tudo no elevado estilo “intimidação sempre rende resultados”. Ao leitor imparcial fica evidente e enorme forma de marginalização que a mídia tenta aplicar à figura da candidata. Até a ditadura brasileira é assumida pela revista, mesmo que indiretamente, como tendo ocorrido. As questões que a revista trata de cobrir – com o véu de suspeição em estado bruto – representam torpe tentativa de criminalizar a candidata e, para tanto, não hesitam em minimizar o contexto dando conta que o país vivia tenebroso período ditatorial. Escamoteou-se que Dilma desceu do muro e teve a coragem de decidir em que lado estava: a luta contra o arbítrio.

O colunista da Folha de S.Paulo Fernando Barros e Silva, na edição de 1/6/2010 do jornal, escreveu texto com o título “O Bolsa-Mídia de Lula”. Profissional talentoso, Fernando não é só um articulista, mas também editor. E, por ele passam as mais relevantes decisões editoriais do jornal paulista. Pois bem: no texto, Fernando repercute matéria da própria Folha, que demonstra como Lula pulverizou a verba publicitária do governo: em 2003, 179 jornais receberam verbas federais; em 2008, foram 1.273. Lula fez o mesmo com rádios e com a internet. Com esse raciocínio inicial era de se esperar qualquer coisa menos um petardo como o que ele arremessou a seguir:

“(…) a língua oficial chama [a tal pulverização de verbas] de regionalização da publicidade estatal e vende como sinal de ‘democratização’. Na prática, significa que o governo promove um arrastão e vai comprando a mídia de segundo e terceiro escalões como nunca antes nesse país.”

É daqueles casos em que o texto não faz jus ao talento do autor. Argumento tão raquítico, anêmico faria qualquer um de nós, Jecas Tatus do Brasil profundo, pensar com seus botões: “Ué, quer dizer que quando a verba ia só para o ‘primeiro escalão’ (onde, suponho, Fernando inclui a Folha, onde ganha o sustento diário) os governos anteriores a 2003 estavam simplesmente ‘comprando a mídia’? É isso mesmo? Tal pensamento não carrega em seu cerne a idéia de desejar ser comprado sozinho sem se expor às agruras de um capitalismo com concorrência?”

Contra e a favor

Dia sim e dia não também, incluindo telejornais noturnos e madrugadeiros, somos bombardeados aos longos das semanas, meses e anos com a mais ampla liberdade de expressão. É sob a égide dessa preciosa liberdade que proliferam os insultos de baixo e alto calados. Termina sendo também a inconfessável defesa de seus valores antípodas. Como o destempero verbal (e escrito), o ataque infamante – quando não apenas calunioso – busca a cabal sujeição de suas vítimas à mais completa impotência ante o formidável aparato de comunicação com suas sentenças formadas antes mesmo de o crime haver sido pensado. Sentença que será repercutida por seus pares à exaustão, dando assim ares de legitimidade ao que não passa de mera luta para manter seu poder nas auriverdes esferas da política e da economia.

Infelizmente tenho que reconhecer que nossos meios de comunicação de massa não revelam a realidade, mascaram-na; eles não ajudam a gerar mudança, transformações e, ao contrário, ajudam a evitá-la. Pior ainda, nossos meios estão bem longe de incentivar a participação democrática. São muito mais afeitos a nos levar à passividade, à resignação e ao egoísmo. Apropriam-se das bandeiras mais caras ao espírito humano – justiça, liberdade – para torná-las reles mercadorias de troca em sua incessante luta pelo poder, cada vez mais inconstante, cada vez mais fugidio.

Em 2002, em almoço nas dependências do jornal Folha de S.Paulo, seu diretor Otavio Frias Filho sapecou a questão para Lula: “Como é que o senhor vai governar o Brasil se não fala inglês?” Passados oito anos chegamos à conclusão que no caso talvez falar inglês pesasse contra, e não a favor, do então candidato à presidência do Brasil. É possível que, ainda nos próximos 40 dias, atendendo a convite para hipotético almoço no mesmo jornal, seu diretor de Redação sinta-se à vontade para perguntar a Dilma Roussef:

“Como é que a senhora vai governar o Brasil se não fala a nossa língua?”

Mídia: Esfera pública X esfera mercantil

Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado no blog Viomundo:

O neoliberalismo é a realização máxima do capitalismo: transformar tudo em mercadoria. Foi assim que o capitalismo nasceu: transformando a força de trabalho (com o fim da escravidão) e as terras em mercadorias. Sua história foi a crescente mercantilização do mundo.

A crise de 1929 – de que o liberalismo foi unanimemente considerado o responsável – gerou contratendências, todas antineoliberais: o fascismo (com forte capitalismo de Estado), o modelo soviético (com eliminação da propriedade privada dos meios de produção) e o keynesianismo (com o Estado assumindo responsabilidades fundamentais na economia e nos direitos sociais).

O capitalismo viveu seu ciclo longo mais importante do segundo posguerra até os anos 70. Quando foi menos liberal, foi menos injusto. Vários países – europeus, mas também a Argentina – tiveram pleno emprego, os direitos sociais foram gradualmente estendidos no que se convencionou chamar de Estado de bem-estar-social.

Esgotado esse ciclo, o diagnóstico neoliberal triunfou, voltando de longo refluxo: dizia que o que tinha levado a economia à recessão era a excessiva regulamentação. O neoliberalismo se propôs a desregulamentar, isto é, a deixar circular livremente o capital. Privatizações, abertura de mercados, “flexibilização laboral” – tudo se resume a desregulamentações.

Promoveu-se o maior processo de mercantilização que a história conheceu. Zonas do mundo não atingidas ainda pela economia de mercado (como o ex-campo socialista e a China) e objetos de que ainda usávamos como exemplos de coisas com valor de uso e sem valor de troca (como a água, agora tornada mercadoria) – foram incorporadas à economia de mercado.

A hegemonia neoliberal se traduziu, no campo teórico, na imposição da polarização estatal/privado como o eixo das alternativas. Como se sabe, quem parte e reparte fica com a melhor parte – privado – e esconde o que lhe interessa abolir – a esfera pública. Porque o eixo real que preside o período neoliberal se articula em torno de outro eixo: esfera pública/esfera mercantil.

Porque a esfera do neoliberalismo não é a privada. A esfera privada é a esfera da vida individual, da família, das opções de cada um – clube de futebol, música, religião, casa, família, etc.. Quando se privatiza uma empresa, não se colocam as ações nas mãos dos indivíduos – os trabalhadores da empresa, por exemplo -, se jogam no mercado, para quem possa comprar. Se mercantiliza o que era um patrimônio público.

O ideal neoliberal é construir uma sociedade em que tudo se vende, tudo se compra, tudo sem preço. Ao estilo shopping center. Ou do modo de vida norteamericano, em que a ambição de todos seria ascender como consumidor, competindo no mercado, uns contra os outros.

O neoliberalismo mercantilizou e concentrou renda, excluiu de direitos a milhões de pessoas – a começar os trabalhadores, a maioria dos quais deixou de ter carteira de trabalho, de ser cidadão, sujeito de direitos -, promoveu a educação privada em detrimento da publica, a saúde privada em detrimento da pública, a imprensa privada em detrimento da pública.

O próprio Estado se deixou mercantilizar. Passou a arrecadar para, prioritariamente, pagar suas dívidas, transferindo recursos do setor produtivo ao especulativo. O capital especulativo, com a desregulamentação, passou a ser o hegemônico na sociedade. Sem regras, o capital – que não é feito para produzir, mas para acumular – se transferiu maciçamente do setor produtivo ao financeiro, sob a forma especulativa, isto é, não para financiar a produção, a pesquisa, o consumo, mas para viver de vender e comprar papéis – de Estados endividados ou de grandes empresas -, sem produzir nem bens, nem empregos. É o pior tipo de capital. O próprio Estado se financeirizou.

O neoliberalismo destruiu as funções sociais do Estado e depois nos jogou como alternativa ao mercado: se quiserem, defendam o Estado que eu destruí, tornando-o indefensável; ou venham somar-se à esfera privada, na verdade o mercado disfarçado.

Mas se a esfera neoliberal é a esfera mercantil, a esfera alternativa não é a estatal. Porque há Estados privatizados, isto é, mercantilizados, financeirizados; e há Estados centrados na esfera pública. A esfera pública é centrada na universalização dos direitos. Democratizar, diante da obra neoliberal, é desmercantilizar, colocar na esfera dos direitos o que o neoliberalismo colocou na esfera do mercado. Uma sociedade democrática, posneoliberal, é uma sociedade fundada nos direitos, na igualdade dos cidadãos. Um cidadão é sujeito de direitos. O mercado não reconhece direitos, só poder de comprar, é composta por consumidores.

Na esfera da informação, houve até aqui predomínio absoluto da esfera mercantil. Para emitir noticias era necessário dispor de recursos suficientes para instalar condições de ter um jornal, um rádio, uma TV. A internet abriu espaços inéditos para a democratização da informação.

A democratização da mídia, isto é, sua desmercantilização, a afirmação do direito a expressar e receber informações pluralistas, tem que combinar diferentes formas de expressão e de mídia. A velha mídia é uma mídia mercantil, composta de empresas financiadas pela publicidade, hoje aderida ao pensamento único. Uma mídia composta por empresas dirigidas por oligarquias familiares, sem democracia nem sequer nas redações e nas pautas dos meios que a compõem.

A nova mídia, por sua vez, é uma mídia barata nos seus custos, pluralista, crítica. O novo espaço criado pelos blogueiros progressistas faz parte da esfera pública, promove os direitos de todos, a democracia econômica, política, social e cultural. A esfera pública tem expressões estatais, não-estatais, comunitárias. Todas comprometidas com os direitos de todos e não com a seletividade e a exclusão mercantil.

São definições a ser discutidas, precisadas, de forma democrática, aberta, pluralista, de um fenômeno novo, que prenuncia uma sociedade justa, solidária, soberana. A possibilidade com que estão comprometidos Dilma e Lula de uma Constituinte autônoma permite que se possa discutir e levar adiante processos de democratização do Estado, de sua reforma em torno das distintas formas de esfera pública, desmercantilizando e desfinanceirizando o Estado brasileiro.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Qual seria a política externa de Serra?

Reproduzo artigo de Breno Altman, publicado no sítio Opera Mundi:

O biombo mercadológico das campanhas eleitorais esconde, por diversas vezes, discussões importantes. Não é comum, afinal, que temas de pouco apelo popular sejam tratados com desenvoltura no horário eleitoral e nos debates entre candidatos. Um desses assuntos condenados ao desterro é a política internacional, apesar de sua relevância estratégica.

Essa agenda, até agora, não foi efetivamente abordada por nenhuma das duas candidaturas que polarizam a sucessão presidencial. Obviamente são mais fáceis de identificar opiniões da postulante governista, Dilma Rousseff, pois prega abertamente a continuidade do que foi feito nos últimos oito anos. Mas o silêncio do candidato oposicionista, José Serra, obriga que se mexa nas gavetas para conhecermos seu ponto de vista.

A bem da verdade, deu declarações acidamente críticas contra o Mercosul, insinuou o comprometimento do governo boliviano com o narcotráfico e entrou na onda de relacionar o PT com a guerrilha colombiana. Não há nessas diatribes, porém, idéias consistentes. Talvez o melhor caminho para encontrá-las seja realizar o diagnóstico da política internacional seguida por Fernando Henrique Cardoso, da qual Serra é herdeiro natural.

A coluna vertebral da orientação cumprida pelo Itamaraty entre 1995-2002 está em antigo raciocínio do então presidente. Para ele, o desenvolvimento da economia brasileira somente poderia ocorrer sob a égide da dependência, através da associação com os grandes centros capitalistas. Sem essa aliança subalterna, escreveu o renomado sociólogo, não seria possível obter os fluxos de investimento e comércio necessários à modernização nacional.

Trata-se de profunda injustiça acusar o ex-mandatário de ter rasgado o que, no passado, havia escrito, pois executou sua concepção ao pé da letra. Não aderiu às chamadas práticas neoliberais pela via conservadora, mas como conseqüência de suas próprias pesquisas. O pensamento de FHC levou ao amálgama entre o partido dos tucanos e setores da direita tradicional, cujos reflexos se manifestaram tanto na economia quanto na política externa.

A atração de investimentos externos, nesse modelo, pressupunha ousado programa de desregulamentações, privatizações e desnacionalizações. Os ativos brasileiros, estatais e privados, além das taxas de juros oferecidas pelos títulos públicos, deveriam ser os instrumentos fundamentais de sedução ao capital estrangeiro. O Estado deveria, por fim, se resumir ao papel de comitê gestor desses negócios, nos quais aos empresários brasileiros seria oferecida a perspectiva de progredir como sócios minoritários da globalização.

Esse desenho econômico exigia ações correspondentes no plano internacional. A diplomacia deveria estar focada no estreitamento das relações com os chamados países desenvolvidos, especialmente Estados Unidos e União Européia, reduzindo ao máximo possível todas as arestas e conflitos que atrapalhassem a importação de capitais e a ampliação de crédito juntos às principais instituições financeiras mundiais.

Tal concepção, que situava o motor do desenvolvimento fora das fronteiras nacionais, tampouco era amigável a políticas de integração regional ou de relação com o hemisfério sul. A América Latina e a África, por exemplo, eram vistas apenas como espaços comerciais que poderiam ser ocupados se os fluxos mundiais robustecessem as empresas brasileiras. No máximo, regiões para onde poderiam ser exportados capitais excedentes das grandes companhias.

O objeto do desejo de FHC era a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), idealizada pelo governo Clinton em 1994. Correspondia à arquitetura perfeita para sua doutrina: os setores mais frágeis da economia nacional seriam abertos ao capital norte-americano, incluindo os serviços públicos, para que os segmentos mais fortes (particularmente o agronegócio) pudessem ter acesso desimpedido ao ambicionado mercado dos Estados Unidos.

A busca pela simpatia das potências ao norte levou à renúncia de compromissos históricos. O Brasil passou a flertar com o sionismo no Oriente Médio. A aceitar a utilização do tema de direitos humanos para marginalizar países que confrontassem a Casa Branca. A ser omisso diante de agressões militares contra nações, como a antiga Iugoslávia e o Iraque, que se rebelassem contra a ordem mundial fixada após o colapso da União Soviética.

Essa política internacional foi interrompida com a eleição de Lula, cristalizando aquela que talvez seja a maior mudança que o novo governo promoveu em relação ao anterior. Trata-se de hipótese razoável imaginar que Serra, eleito, promoveria o retorno aos velhos preceitos. Claro que poderia efetivar algumas adaptações, já que não estamos no mesmo mundo dos anos noventa. O naufrágio da Alca, por exemplo, parece irrevogável: mais simples seria o eventual presidente tucano buscar um tratado direto com Washington.

Mas dificilmente a lógica de sua política externa escaparia de uma volta ao passado, com danos para a integração da América Latina e benefícios para a estratégia norte-americana na região. A trajetória histórica é suficiente para se afirmar que o Brasil dos planos de Serra possivelmente abdicaria de pretensões autonomistas, para se reinserir como sócio menor do campo hegemônico. Mesmo que, por ora, o candidato mantenha sua posição protegida pelo silêncio eleitoral.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Getúlio e Lula: o mesmo combate

Reproduzo artigo do sociólogo Emir Sader, publicado no sítio Carta Maior:

Há pouco mais de meio século – em 1954 -, em um dia 24 de agosto, morria Getúlio Vargas, o mais importante personagem da história brasileira no século passado. Ele havia sido antecedido na presidência do país por Washington Luis (como FHC, carioca recrutado pela elite paulista), que se notabilizou pela afirmação de que “A questão social é questão de polícia”, que erigiu como brasão de seu governo, produto da aliança “café com leite”, das elites paulista e mineira (essa que FHC queria reviver).

Getúlio liderou o processo popular mais importante do século passado no Brasil, dando inicio à construção do Estado nacional, rompendo com o Estado das oligarquias regionais primário-exportadoras, e começando a imprimir um caráter popular e nacional ao Estado brasileiro.

Um país que tinha tido escravidão até pouco mais de quatro décadas – o último a terminar com a escravidão nas Américas - , que significava que o trabalho era atividade reservada a “raças inferiores”, passava a ter um presidente que interpelava os brasileiros no seu discurso com “Trabalhadores do Brasil”. Fundou o Ministério do Trabalho, deu inicio à Previdência Social, fazendo com que a questão social passasse de “questão de policiai”, a responsabilidade do Estado.

Começou a aparelhar o Estado para ser instrumento fundamental na indução do crescimento econômico que, junto às políticas de industrialização substitutiva de importações, deu inicio ao mais longo ciclo de expansão da história do Brasil. Promoveu a expansão da classe operária, criou as carreiras públicas no Estado, impulsionou a construção de um projeto nacional, de uma ideologia da soberania nacional, organizou um bloco de forças que levou a cabo o processo de industrialização, de urbanização, de modernização do Brasil.

Getúlio pagou com sua vida a audácia da fundação da Petrobrás, no seu segundo mandato. Foi vítima dos tucanos da época, com o corvo mor Carlos Lacerda como golpista de plantão. Tal como agora, detestavam tudo o que tivesse que ver com o povo, com nação, com Estado. Resistiram à campanha “O petróleo é nosso”, como entreguistas e representantes do império norteamericano aqui. A direita nunca perdoou Getúlio.

Os corvos daquela época – tal como os de hoje – desapareceram na poeira do tempo. Seu continuador, FHC, afirmou que ia “virar a página do getulismo”, porque sabia que o neoliberalismo seria incompatível com o Estado herdado do Getúlio. Fracassou seu governo e o projeto de Estado mínimo dos tucanos.

A figura de Getúlio permanece como referência central do povo brasileiro e se revigora com o governo Lula. Com a consolidação da Petrobrás, com a retomada do papel do Estado indutor do desenvolvimento econômico, da afirmação dos direitos sociais dos trabalhadores e da massa da população.

São Paulo, que promoveu uma tentativa de derrubada do Getúlio em 1932 – movimento caracterizado por Lula como uma tentativa de golpe -, promove Washington Luis e o 9 de Julho (de 1932), com nomes de avenidas, estradas e ruas, mas não tem nenhum espaço público importante com o nome do Getúlio. Não por acaso São Paulo representa hoje o ultimo grande bastião da direita, das forças e do pensamento conservador, no Brasil.

Getúlio foi um divisor de águas na história brasileira, como hoje é Lula. Diga-me o que pensa de Getúlio e de Lula e eu te direi quem você é politicamente. O dia 24 de agosto encontra o Brasil reencontrado com o Estado nacional, democrático e popular, com a soberania na política externa, com o regaste do mundo do trabalho, com mais uma derrota da direita. O fio condutor da história brasileira passa pelos caminhos abertos e trilhados por Getúlio e por Lula.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Filosofia da Educação entre Nietzsche e Descartes

Essa dissertação terá como tema a Filosofia da Educação a partir da ótica de dois pensadores, sendo eles: Nietzsche e Descartes. Será feita uma síntese das influências ou críticas desses pensadores ao modelo educacional moderno e que nos atinge até hoje, a fim de compreender um pouco melhor a estrutura e as bases do nosso modelo educacional.
Bem, começando por Nietzsche, que tem mais críticas a esse modelo educacional do que propriamente influência sobre a sua formação, o pensador ataca com muita paixão e razão esse modelo de educação baseado no utilitarismo e no pragmatismo, preocupado basicamente com a formação especifica do estudante para satisfazer as necessidades do mercado de trabalho. Um verdadeiro adestramento educacional que despotencializa o homem e o afasta de suas capacidades humanas mais essenciais e de suas reais necessidades.
A implantação desse modelo educacional, que prioriza a razão e a coloca como a única área do conhecimento capaz de dar conta da realidade e das verdades que se apresentam a nós, oriundas desse mundo tão diverso, são as bases para a manutenção desse “status quo” da sociedade moderna. Sociedade essa que se propaga através da alienação de seu povo, no caso, as pessoa que recebem essa educação massificada e utilitária.
Para Nietzsche, o modelo educacional ideal é aquele que além de explorar e desenvolver as potencialidades da razão, desenvolve também o caráter dionisíaco do estudante, valorizando as artes, como a música e o teatro, como também capazes de dizer e conhecer o mundo. Esse processo educacional deve prioritariamente se focar no desenvolvimento das capacidades individuais de cada estudante, permitindo que sua potencialidade central, como que um centro criativo, se desenvolva e aprimore.
Dessa forma teríamos não somente uma sociedade, mas também uma humanidade muito mais consciente de si e capaz de transformar não só a sua realidade como também de toda sociedade.
Já Descartes, diferentemente de Nietzsche, influenciou bastante, mesmo que sem querer, esse modelo educacional baseado no método, capaz de guiar a razão com precisão pelos ilusórios caminhos da busca pelo conhecimento.
Descartes não chegou a escrever nada especificamente sobre pedagogia e modelos ou padrões educacionais, mas sua proposta, de conhecer de forma segura a verdade das coisas pela razão através de um método, tornando o conhecimento específico a uma de suas áreas, a racional, se implantou e tornou-se modelo para o nosso mundo moderno e nos influência até contemporaneidade.
O método cartesiano se baseia na premissa da dúvida, de duvidar de todas as coisas que não se apresentassem a mente de forma clara e distinta e que assim, poderiam ser ilusórias, na medida em que conhecemos certas coisas pelos sentidos e esses são suscetíveis de erros. Dessa forma, “bastava” desenvolver um método que fosse capaz de bem guiar a razão para driblar esses equívocos dos sentidos e determinar de forma segura o conhecimento sobre as coisas.
Na busca desse conhecimento, Descartes também levava em consideração aspectos culturais de cada região e povos, entendendo assim que uma mesma coisa se apresentava com verdades distintas em regiões e povos diferentes. Descartes pensava conseguir através do método uma forma segura de eliminar esses conhecimentos dúbios fundados em hábitos e costumes.
Com Descartes se inicia um novo conceito ou paradigma para a ciência e o conhecimento e conseqüentemente, também para a educação. Agora a educação passa a ser tratada como um método capaz de produzir um conhecimento objetivo da realidade.
Dessa forma acabou influenciado uma linha pedagógica e uma formação do homem moderno baseado na super valorização da razão.

sábado, 21 de agosto de 2010

Folha usa assessor do PSDB em debate

Folha usa assessor do PSDB em debate

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:

A notícia saiu no blog “Amigos do Presidente Lula”.

Um tal de Kleber Maciel Lage, identificado pela “Folha” e pelo “UOL” apenas como “internauta”, fez uma das perguntas no debate organizado pela família Frias. Perguntou para quem? Advinhem? Para o Serra. Perguntinha sob encomenda, “limpinha” como Serra gosta.

O Kleber é assessor do PSDB em Brasília. Só isso.

He, he…

Eles perderam a vergonha.

Os blogueiros “sujos” estão aqui para dizer que isso é tratar o leitor e o internauta como otários.

Não vejo problema em assessores legislativos fazerem perguntas, desde que o jornal os identifique. Mas aí ficaria ridículo, né? “Agora, o assessor do PSDB pergunta para Serra”. Aí, não teria graça.

E seria demais pedir esse grau de correção a um jornal que já publicou ficha falsa em primeira página, alegando depois de intensa investigação: “a veracidade da ficha não pode ser confirmada, mas também não pode ser descartada”.

O nome do assessor aparece na página da Câmara dos Deputados.

E agora, “Folha”? E agora, “UOL”?

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O "furo" do blog Amigos do Presidente Lula

Durante o debate Folha/UOL, duas perguntas "de internautas" dirigidas para Serra – uma sobre o loteamento de cargos, outra sobre impostos – chamaram atenção, por parecerem combinadas, sob encomenda para o demo-tucano.

“Foram vocês que mandaram as perguntas, né?”, ironizaram os assessores de Dilma e Marina, para os de Serra.

"Aí é moleza, Aith!", disse Antonio Palocci para Márcio Aith, assessor de Serra, ao ouvir a pergunta sobre loteamento de cargos, tema sempre usado pelo tucano. "Registra em ata", devolveu Aith. A ironia de Palocci se confirmou

O "internauta" Kleber Maciel Lage, "escolhido entre milhares", para fazer uma pergunta a Serra, é o "Assessor Técnico da Liderança do PSDB na Câmara dos Deputados", desde 2001.

Foi escolhido para fazer a singela pergunta contra o "atual governo":

"A sua candidatura faz críticas ao aparelhamento do Estado e ao uso de cargos por parte do atual governo. É público e notório que as alianças políticas no passado recente da, aspas, democracia, são feitas na base do “toma-lá dá-cá” de cargos, como mudar esse cenário?".

Ironia das ironias, a pergunta sobre “toma-lá dá-cá” de cargos foi feita justamente por alguém que ocupa cargo público na base do “toma-lá dá-cá”, na Câmara dos deputados, na liderança do PSDB.

E quanto à Folha/UOL, depois disso, ainda quer que a gente não ria quando falam que são "apartidários" e "isentos".

Para quem quiser mandar uma mensagem para o Kleber o email é esse: Liderança do PSDB na câmara: kleber.lage@camara.gov.br.