sábado, 31 de dezembro de 2011

Belo Monte Não é a Única


Por Elaine Tavares, em seu blog Palavras Insurgentes

Apesar de toda a mobilização dos indígenas, ribeirinhos e lutadores sociais, segue a construção da barragem de Belo Monte, que deve inundar 668 quilômetros de mata e de vida. O consórcio Norte, vencedor da licitação, envolve uma série de empresas que vai desde a Eletronorte, construtoras como a Queiróz Galvão e Mendes Junior, o grupo espanhol Iberdrola, até fundos de pensão da Petrobrás e do Banco do Brasil. O que significa que é também o dinheiro dos trabalhadores que está financiando o monstro. Pelo menos nove povos indígenas serão afetados diretamente pela barragem assim como 210 sítios arqueológicos.

Mas, apesar de toda a carga de destruição desta mega usina que pretende ser a terceira maior do mundo, ela não deve ser a única a ser construída na região amazônica. Pelos menos 140 outros empreendimentos deste tipo estão planejados para o espaço geográfico que hoje concentra 60% de todas as florestas do mundo e que é responsável pelas variações climáticas de todo o planeta. Destes 140 empreendimentos mais de 60 estão em solo brasileiro, especificamente na floresta. As demais se espalham pelo Equador, Peru, Colômbia e Bolívia. Isso se considerarmos só a América do Sul. Porque também estão sendo construídas barragens nos países da América Central. Uma delas, a de Diquis, na Costa Rica, que deve inundar mais de 12 mil hectares, também tem sido palco de muita luta, já que deverá destruir pelo menos cinco etnias.

Segundo Jeffery Lopez, da Organização Dtsö, o projeto da Diquis é antigo, mas, no passado, estava conectado com a expansão do sistema elétrico nacional. Só que agora, a proposta já não é gerar energia para os costarriquenhos, e sim para exportação. “Essa proposta tomou corpo nos anos 90, quando os países da América Central entraram num processo de abertura de suas economias. Foi o famigerado Plano Puebla/Panamá, inventado pelos Estados Unidos para garantir a livre circulação de mercadorias”. Dentro desse plano, que foi alavancado pelo preposto dos EUA na América baixa, o presidente Vicente Fox, do México, sob o comando do Banco Mundial, estava contido a proposta da construção de uma série de obras destinadas ao “desenvolvimento” da região, tais como estradas, oleodutos, gasodutos, portos, aeroportos e hidrelétricas. Também foi embutido o “amistoso” plano da construção de um sistema de integração energética. Na verdade, os Estados Unidos estavam cimentando a base de um corredor que poderá sugar a energia das águas da região amazônica, o petróleo mexicano, além do petróleo venezuelano e o gás boliviano. É um gigantesco projeto, iniciado em 2002 e que segue seu curso, sem que as gentes se dêem conta do tamanho do estrago. Como as lutas dos povos acontecem de forma fragmentada, conforme vão sendo implementadas as obras, fica bem difícil enxergar o todo. Mas, com um pouco de paciência se pode ir montando o mosaico.

Hoje, está em andamento da América Central, com a participação de várias multinacionais europeias, a construção de uma linha de mais de 1800 quilômetros que atravessa todos os países até o México e dali outra linha segue para os Estados Unidos. Assim, além das barragens, também as torres de transmissão devem desalojar milhares de pessoas e provocar um verdadeiro desastre ambiental. Dessa interconexão elétrica também deverá fazer parte Belo Monte e todas as demais usinas que estão sendo construídas na Amazônia. Ou seja, o caminho está feito para que a energia gerada seja exportada para quem dela precisa: os Estados Unidos, seja no seu próprio território ou nos territórios onde vicejam suas grandes empresas (as sugadoras de energia).

No Brasil, esse processo começou praticamente no mesmo momento que o Plano Puebla Panamá (esse firmado em 2002). Foi durante o governo de Luís Inácio, que assumiu em 2003, e nominou de Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC, o ambicioso projeto de desenvolvimento baseado na construção de obras de infra-estrutura. Naqueles dias, a proposta do PAC apareceu para as gentes brasileiras como um esperado sonho de crescimento e fartura, mas com o andar da carruagem o que se viu foi o desenvolvimento da riqueza dos “de sempre”, sobrando para a maioria a fatura dos enormes custos sociais e ambientais. Como o dinheiro jorrou rápido, as obras foram sendo feitas às pressas, sem diálogo com as comunidades e muito menos sem o planejamento adequado.

As barragens estão nesse contexto do PAC, que é a versão brasileira da Iniciativa para a Integração da Infra-estrutura Regional Sul-americana (IIRSA), e o governo não pensa, nem por um segundo, estancar essa loucura de obras a qualquer custo. E aí é importante perceber que não se trata só de um desejo de crescimento do país, como afirmam Luís Inácio e Dilma, mas sim um plano meticulosamente traçado nas mesas do Banco Mundial, sob o olhar atendo do governo estadunidense. Basta observar que a IIRSA – que reúne 12 países da América do Sul num plano de “desenvolvimento” - é uma proposta nascida nos EUA, e financiada pelo Bando Interamericano de Desenvolvimento. Também vale destacar que a proposta de desenvolvimento embutida nesses projetos não gera nem nunca gerou melhorias reais para a vida das gentes.


Além da usina de Belo Monte (capaz de gerar 11 mil megawatts), que atualmente tem provocado bastante discussão, outro projeto grandioso é o das duas grandes barragens nas corredeiras de Santo Antônio e do Jirau, no Rio Madeira (6 mil megawatts), dentro do estado de Rondônia, Amazônia, que vai alagar 271 quilômetros e que está sob o controle da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, entre outras. Isso sem contar as outras barragens médias e pequenas (gerando de 3 mil a 200 megawatts cada uma), também planejadas para a região. São tantas que até um olhar ingênuo, de alguém não especialista em energia, pode suspeitar.

O argumento usado por aqueles que defendem as barragens é que esses megawatts todos são necessários para que não aconteça outro apagão como os dos anos de 2001 e 2002. Por isso acusam os que são contra de estarem impedindo o desenvolvimento do país. Mas, como precaução e caldo de galinha não prejudicam ninguém, é bom ficar de olho nesses argumentos e exigir a verdade. Quanto dessa energia será realmente usado no Brasil? Quanto será exportado? Quem é que verdadeiramente suga a energia? Essa pergunta precisa de uma resposta urgente e correta, pois é mais do que certo de que não é o consumo doméstico. Não seriam as grandes indústrias, que inclusive tem seus preços subsidiados? É o que diz o Movimento dos Atingidos pelas Barragens, tendo já provado isso nos estudos que realizou o ano passado para levar em frente uma campanha pela redução do custo da energia. Quanto maior o empreendimento, menor é o custo da energia. Os pobres são os que pagam mais. E quanto mais empobrecida a região, também mais cara a energia. Agora imaginem o que pode acontecer com todo o sistema privatizado? O certo é que lutar por justiça na distribuição e uso da energia não é ser contra o desenvolvimento, e sim contra o roubo.

Não bastasse todo o prejuízo que essas obras causarão ao meio ambiente, as comunidades indígenas estão sendo obrigadas a aceitar dinheiro como compensação pela perda dos territórios, mesmo dizendo não aos projetos. Isso vai contra a própria Constituição do país que determina a consulta aos povos sobre qualquer intervenção nas suas terras. Mas, nada detém os tratores nem os governantes. Ao que parece, nem o governo nem as empreiteiras estão preocupadas com as gentes ou os impactos ambientais até porque consultores pagos pelo Banco Mundial divulgam “estudos” alegando que não haverá qualquer problema. Ou seja, conluio total.

Por outro lado estudos feitos fora do âmbito oficial são pródigos em identificar problemas com relação ao processo migratório dos animais, extinção de peixes, impactos nas comunidades indígenas, escassez alimentaria, desestruturação comunitária, perda de identidade dos povos, perda da biodiversidade. Isso sem contar o desarranjo climático que todas essas intervenções poderão promover e que já se fazem sentir.

Boa parte dos especialistas em energia no Brasil insiste na defesa das obras, e considera ingênuas as propostas que já existem, de modernização do sistema existente, de ajuste nas perdas de transmissão ou da construção de alternativas ambiental e humanamente equilibradas. Na verdade, corroboram a sangria de bilhões de dólares que serão entregues aos conglomerados da indústria da construção e o endividamento acelerado do país em nome de um “desenvolvimento” altamente duvidoso.

O fato é que as obras estão em andamento, a Amazônia está sendo recortada, devastada, inundada artificialmente e tudo isso para gerar riqueza bem longe daqui. O grito de luta que se ouve contra Belo Monte deve ecoar também nas demais localidades onde estão sendo construídas ou planejadas novas usinas e barragens. São muitas e fazem parte de um plano só. É hora de as gentes lutadoras, dos sindicatos, dos movimentos sociais, acordarem. Um pouco mais e será tarde. Essa não é uma luta só dos que serão atingidos territorialmente. Como o que acontece na Amazônia se reflete no resto do planeta, essa é uma luta de todos.


Veja nesse mapa interativo onde estão as obras de barragens, quem são as empresas que cuidam da destruição e os impactos humanos e ambientais que elas causarão. www.dams-info.org

O site foi desenvolvido pela Fundação Proteger, da Argentina e pela International Rivers, dos Estados Unidos, contando com o apoio financeiro da ECOA, Brasil

Marinha corrige PiG sobre férias de Dilma


Saiu no Conversa Afiada esclarecimento sobre a tentativa do PIG de transformar as férias de Dilma numa CPI do Alvaro Dias:

Marinha corrige informações equivocadas sobre atividades em Aratu (BA)

A Marinha do Brasil esclareceu na noite de ontem (30) que não vetou o tráfego noturno de embarcações regularizadas na região da base naval de Aratu. O esclarecimento, o segundo da semana, foi enviado por mensagem a jornais que divulgaram informação equivocada de que teria sido suspenso o transporte noturno de passageiros, o que estaria acarretando transtorno a moradores da região. Segundo a nota, “não há nenhuma restrição ao tráfego noturno de embarcações destinadas ao tráfego de passageiros na área mencionada, desde que as mesmas estejam classificadas para este tipo de operação e regularizadas junto à Capitania dos Portos do Estado da Bahia.”

Restauração de casa da Base foi iniciada há mais de um ano

Outro esclarecimento da Marinha enviado esta semana a jornais, e divulgado em informe do Ministério da Defesa, corrigiu informação, também errada, segundo a Força, de que a Marinha teria reformado uma residência oficial da Base de Aratu, a Casa da Boca do Rio, especialmente para receber a Presidenta da República. Na nota, a Marinha explica que a obra começou há mais de um ano, em outubro de 2010, e não tem vínculo com a agenda presidencial.

Veja abaixo a íntegra das duas notas da Marinha do Brasil:

NOTA I – TRAVESSIA DE EMBARCAÇÕES DE PASSAGEIROS ENTRE PARIPE/MARÉ

MARINHA DO BRASIL

COMANDO DO SEGUNDO DISTRITO NAVAL

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Salvador,BA.

Em 30 de dezembro de 2011

TRAVESSIA DE EMBARCAÇÕES DE PASSAGEIROS ENTRE PARIPE/MARÉ

Com relação à matéria publicada nesse jornal, na edição de hoje, na qual foi noticiado que o tráfego noturno de embarcações foi proibido entre o Terminal de Passageiros de São Tomé de Paripe e a Ilha de Maré, o Comando do Segundo Distrito Naval esclarece que as operações naquele terminal, envolvendo embarcações autorizadas para o transporte de passageiros, ocorrem rotineiramente no período diurno, entre as 06:00 e 19:00 horas, quando há intenso movimento de passageiros, principalmente de estudantes e pessoas que trabalham em Salvador.

O Comando do 2º Distrito Naval esclarece ainda que não há nenhuma restrição ao tráfego noturno de embarcações destinadas ao tráfego de passageiros na área mencionada, desde que as mesmas estejam classificadas para este tipo de operação e regularizadas junto à Capitania dos Portos do Estado da Bahia.

Comando do Segundo Distrito Naval

Assessoria de Comunicação Social

NOTA II – REFORMA DA CASA DA BOCA DO RIO, NA BASE NAVAL DE ARATU

“Em atenção à sua solicitação, a Marinha do Brasil (MB) informa que a restauração da Casa da Boca do Rio, na Base Naval de Aratu, na Bahia, foi iniciada em outubro de 2010, não tendo, portanto, relação com a recente agenda da Presidenta da República no estado.

A decisão de reformar a residência ocorreu antes, portanto, num contexto em que foi verificada a necessidade de restauração de diversos Próprios Nacionais Residenciais (PNR) que fazem parte do 2º Distrito Naval da Marinha.

Como previsto no contrato, as obras de melhoria da casa foram concluídas este ano, no final de novembro. Antiga residência funcional da MB, a construção estava degradada, com redes de água, esgoto e energia elétrica que não mais ofereciam condições adequadas para operação e manutenção.

O projeto de restauração incluiu a substituição de materiais deteriorados e a troca de eletrodomésticos antigos por outros de baixo consumo de energia. O processo de aquisição desses equipamentos e de mobiliário iniciou-se após o encerramento das obras de engenharia civil. Parte desses equipamentos já foi entregue pela contratada e o restante deverá ser entregue até o prazo final estabelecido em contrato, que é de 60 dias.

Atenciosamente,

Centro de Comunicação Social da Marinha

As fontes do JN. Yoani sánchez, a Blogueira Cubana Mercenário de Milhões de Dólares


no site O pensador da aldeia, por Hideyo Saito, em 29/05/2010

Yoani Sánchez (ou como promover uma dissidente cubana)

A blogueira é a bola da vez da estratégia de Washington de forjar uma oposição interna em Cuba. Seu multimilionário blog não é resultado de iniciativa espontânea de uma cidadã que resolveu abrir o coração, como a mídia hegemônica costuma apresentá-lo. A execução do programa que financia essa política intervencionista foi provisoriamente suspensa pelo Senado estadunidense, sobretudo por causa da prisão, em Cuba, de um enviado de Washington que tinha a tarefa de tratar da distribuição do dinheiro. O artigo é de Hideyo Saito.


A blogueira Yoani Sánchez é hoje a figura mais cortejada pela coalizão de forças que combate a revolução cubana, liderada por Washington e composta por outros governos, por partidos políticos, por órgãos da mídia e por ONGs do mundo inteiro. Trata-se de uma poderosa tropa de choque que exige ampla liberdade política, respeito aos direitos humanos e democracia, mas apenas em Cuba. Aparentemente nenhuma outra nação no mundo inspira seus cuidados em relação a esses direitos políticos e humanos. Da mesma forma, denuncia também a escassez de bens de consumo em Cuba, mas jamais menciona o estrangulamento econômico praticado por Washington (que, aliás, é condenado por todos os países-membros da ONU, com as únicas exceções dos próprios Estados Unidos e de Israel).

O objetivo central dessa coalizão passou a ser, desde os anos 90, organizar e financiar uma oposição interna em Cuba. O congresso dos Estados Unidos aprovou leis especiais para respaldar essa política: a Torricelli, de 1992, e a Helms-Burton, de 1996. O intervencionismo teve seu auge no período de George W. Bush, que criou a Comissão de Apoio a uma Cuba Livre, presidida pela secretária de Estado, Condoleezza Rice, e indicou Caleb McCarry (um dos artífices do golpe contra o presidente Jean-Bertrand Aristide no Haiti), como responsável pela transição à democracia naquele país.

Os recursos oficiais estadunidenses destinados a essa finalidade foram, em 2009, de US$ 45 milhões, sem considerar o orçamento da Rádio e TV Martí e verbas paralelas não declaradas (1). No atual exercício, haviam sido liberados US$ 20 milhões, com a orientação de que fossem distribuídos diretamente aos destinatários em Cuba. O programa, entretanto, foi provisoriamente suspenso em abril último pelo presidente do Comitê Exterior do Senado, John Kerry (ex-candidato presidencial), provavelmente por causa da prisão em flagrante, em Cuba, de Alan P. Gross, quando fazia a distribuição de dinheiro e de equipamentos de comunicação (2).

O advogado José Pertierra, que atua em Washington, relacionou de forma exaustiva os diversos itens da ajuda provisoriamente suspensa, com base em informe oficial do Senado dos EUA. Destacamos apenas alguns, a título de exemplo: US$ 750 mil para os defensores de direitos humanos e da democracia; US$ 750 mil para parentes de presos políticos, como as “Damas de Branco”, e para ativistas que lutam para libertar aqueles presos; US$ 3,8 milhões para promover a liberdade de expressão, especialmente entre artistas, músicos, escritores, jornalistas e blogueiros (com ênfase nos afrocubanos); US$ 1,15 milhão para capacitar os ativistas mencionados no uso das novas tecnologias de comunicação.

A corrida pelo dinheiro de Washington

Essas informações tornam insustentável negar o financiamento estadunidense aos chamados dissidentes, de maneira geral. Não custa recordar ainda que aqueles que a mídia dominante insiste em chamar de presos políticos (cuja libertação está sendo reclamada pelo grevista de fome Guillermo Fariñas Hernández) foram julgados em 2003 justamente sob a acusação de receber dinheiro de Washington para combater a revolução. Em relatório de 2006, a Anistia Internacional registrou a realização, no ano anterior, de um congresso de dissidentes com a participação de mais de 350 organizações (a ata do encontro, porém, menciona a presença de 171 pessoas) nos arredores de Havana. Essa proliferação, porém, longe de mostrar a força da oposição, esconde a corrida de seus idealizadores para arrancar dinheiro de Washington.

Praticamente todas são organizações artificiais, criadas para que suas lideranças possam apresentar-se no escritório de representação dos EUA em Havana para receber a sua parte na cobiçada "ajuda em prol da democracia". Não há notícias sobre discussões políticas ou doutrinárias nessas entidades e muito menos de ações públicas sérias de sua iniciativa. Mas há fartos registros, isto sim, de brigas e denúncias recíprocas envolvendo a repartição e o uso da dinheirama. É por isso que, neste momento, a maioria dos dissidentes não vê com bons olhos a ascensão de Yoani Sánchez.

Lech Walesa de saias

O sonho dourado dos ideólogos de Washington é forjar em Cuba um novo Lech Walesa, o líder do sindicato Solidariedade e depois presidente da Polônia, apontado pelo National Endowment for Democracy (NED), do Departamento de Estado, como o maior triunfo de sua política. No caso de Cuba, isso foi tentado, entre 2000 e 2002, com um dissidente chamado Osvaldo Payá Sardiñas, organizador de um projeto de lei de iniciativa popular, que teve pouco mais de 11 mil assinaturas. O projeto foi recebido oficialmente, mas rejeitado pelo parlamento cubano.

Ele pretendia estabelecer nada menos que a liberdade para a criação de empresas privadas, inclusive órgãos de imprensa, a instituição do pluripartidarismo e outras medidas que implicavam eliminar o socialismo cubano de uma penada, baseado no suporte daquelas assinaturas (o número de eleitores no país é de 8,5 milhões). Equivale a um projeto de lei de iniciativa popular que fosse apresentado ao Congresso brasileiro, prevendo o fim da propriedade privada dos meios de produção, a convocação de eleições com candidatos indicados exclusivamente em assembleias de bairro e o fechamento dos oligopólios da comunicação. Seria cômico se o conteúdo da iniciativa não coincidisse com o do “programa de transição” divulgado em 2006 pela Comissão de Apoio a uma Cuba Livre, do governo Bush.

Em todo caso, com base nesse projeto Osvaldo Payá foi transformado em herói pela mídia dominante. Como acontece atualmente com a blogueira Sánchez, foi alvo de prêmios e honrarias mundo afora, além de merecer espaços enormes na mídia dominante. Recebeu, entre tantos outros, o Prêmio Andrei Sakharov da União Européia, quando estava sob a presidência do ex-premiê espanhol, José Maria Aznar, e foi recepcionado em audiência especial pelo Papa João Paulo II. Como o esforço não produziu os resultados esperados, a mesma mídia que o glorificava o esqueceu (como havia feito antes com Armando Valladares).

Agora, chegou a vez de Yoani Sánchez. Após ter resolvido subitamente voltar a Cuba de seu exílio na Suíça, colocou o blog no ar em abril de 2007. Pouco mais de meio ano mais tarde, ela já se transformava em personalidade mundial, com o acionamento da engrenagem publicitária da coalizão anticubana. Começaram a aparecer entrevistas de página inteira com a blogueira, não raro com chamadas de capa, em grandes publicações como The Wall Street Journal, The New York Times, The Washington Post, Die Zeit e El País, sem falar nos jornalões brasileiros e na indefectível Veja.

Ao mesmo tempo, sempre de forma significativamente sincronizada, surgiram os prêmios, os convites para viagens e outras iniciativas de cunho promocional. Em 2008 a blogueira foi premiada em vários países da Europa e nos Estados Unidos, além de ter sido incluída, pela revista Time, na relação das 100 personalidades mais influentes do mundo e pelo diário espanhol El País, entre os 100 hispano-americanos mais influentes. No mesmo ano, a revista estadunidense Foreign Policy a considerou um dos 10 intelectuais mais importantes do ano, assim como a revista mexicana Gato Pardo. Mais recentemente, lançou um livro em grande estilo, com edições quase simultâneas em diversos países, e adiantamento por conta de direito autoral (como os € 50 mil pagos pela editora italiana Rizzoli). Digno de registro também é que Yoani Sánchez enviou um questionário dirigido ao presidente Barack Obama e ele o respondeu prontamente. Ela explicou candidamente a atenção que Obama lhe dedicou: “talvez eu tenha sorte”.

Um blog multimilionário

A verdade é que o blog que a fez famosa desfruta de sorte não menos fantástica. Ele foi registrado por intermédio de um serviço chamado GoDaddy, uma companhia que costuma ser contratada pelo Pentágono para compra de domínios de forma anônima e segura para suas guerras no cyberespaço, conforme denunciou a jornalista espanhola Norelys Morales Aguilera (3). “Não há em toda Cuba uma só página de internet, nem privada, nem pública, com o potencial tecnológico e de design da que ela exibe em seu blog”, sustenta.

O blog é atualmente hospedado em servidor espanhol, que não lhe cobra nada ("por 18 meses", diz ela), embora processe 14 milhões de visitas mensais e ofereça suporte técnico praticamente exclusivo. No mercado, custaria milhares de dólares por mês. É traduzido para nada menos que 18 idiomas, luxo que nem os portais dos mais importantes organismos multilaterais, como a ONU, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional ou a OCDE, exibem. Sánchez diz que são amigos que fazem as traduções. Segundo o jornalista Pascual Serrano, ela usa recursos da web 2.0 a que muito poucos cubanos têm acesso, como o Twitter, os foros sociais e outros (4). Em 2009, segundo o jornalista francês Salim Lamrani, o Departamento do Tesouro dos EUA, baseando-se na lei do bloqueio, fechou mais de 80 sítios de internet relacionados a Cuba, alegando que eles promoviam comércio. A única exceção foi justamente o blog de Sánchez, embora lá também haja venda de livros. Aliás, o sistema de pagamento utilizado por ele, o Paypal, e o de “copyright” que protege os textos da blogueira estão igualmente vedados a qualquer outro cidadão cubano, pelas mesmas razões (5).

Em recente entrevista a Lamrani, feita em Havana, Sánchez disse que seu blog não pode ser acessado de Cuba, como costuma “denunciar” aos dóceis jornalistas da mídia dominante. Só que desta vez foi desmentida no ato pelo entrevistador, que havia acabado de entrar na página sem qualquer restrição. Então, espertamente se corrigiu: “com freqüência ele fica bloqueado” (6). A verdade é que o blog – assim como qualquer outro sítio – jamais foi objeto de medida repressiva do governo cubano. Isso é comprovado pela Alexa - The Web Information Company, que mede o volume de acesso de páginas de internet do mundo inteiro: segundo seus dados, o portal Desde Cuba, que abriga o blog de Sánchez, tinha 7,1% do seu tráfego originário de equipamentos cubanos, no final de 2009 (7).

O blog de Sánchez também foi distinguido em 2008 como um dos 25 melhores do mundo pela TV CNN, além de ter sido premiado pela revista Time e pela TV Deutsche Welle. As justificativas das premiações e honrarias alegam a coragem cívica de sua idealizadora e exaltam a qualidade de suas crônicas, embora elas se caracterizem, na verdade, por uma descrição pouco sutil da situação cubana, num tom catastrofista, sem qualquer nuance. Em sua prosa simplista, Cuba não passa de uma “imensa prisão com muros ideológicos”, onde se ouvem os “gritos do déspota” e as pessoas vivem entre “o desencanto e a asfixia econômica”, por culpa exclusiva do governo. Não há programas sociais bem-sucedidos, mesmo que eles sejam reconhecidos até pelo Banco Mundial, assim como não há fatores externos que agravam as dificuldades do país – exatamente como no diagnóstico maniqueísta da extrema-direita de Miami.

Apesar de tudo, após se casar com um alemão e se estabelecer na Suíça entre 2002 e 2004, Yoani Sánchez não só decidiu voltar espontaneamente a esse inferno que descreve com tintas carregadas, como implorou ao governo cubano que anulasse a sua condição de emigrada (8). Definitivamente, não estamos diante de uma amadora que resolveu despretensiosamente escrever sobre sua rotina e a de seu país, como ela é descrita pela mídia dominante.

NOTAS

(1) Diversas auditorias pedidas por congressistas concluíram que havia desvio e corrupção envolvendo esse dinheiro, mas a "ajuda" continuou, a pedido dos próprios dissidentes, como Elizárdo Sánchez e Martha Beatriz Roque.

(2) José Pertierra. La guerra contra Cuba: Nuevos presupuestos y la misma premisa. CubaDebate, 02/04/2010. http://www.cubadebate.cu/opinion/2010/04/02/guerra-eeuu-contra-cuba-nuevos-presupuestos-misma-premisa/.

(3) Norelys Morales Aguilera. Si los blogs son terapéuticos ¿Quién paga la terapia de Yoani Sánchez?. La República , 13/08/2009. http://larepublica.es/firmas/blogs/index.php/norelys/main-32/?paged=3.

(4) Pascual Serrano. Yoani en el país de las paradojas. Blog Pessoal, 19/01/2010. http://blogs.publico.es/dominiopublico/1781/yoani-en-el-pais-de-las-paradojas/.

(5) Salim Lamrani. Cuba y la “ciberdisidencia”. Cubadebate, 26/11/2009. http://www.cubadebate.cu/opinion/2009/11/26/cuba-y-ciberdisidencia/.

(6) Repórter desmascara blogueira cubana Yoani Sánchez em entrevista. Portal Vermelho, 25/04/2010. http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=128182&id_secao=7.

(7) Ver http://www.alexa.com/siteinfo/desdecuba.com. O jornalista espanhol Pascual Serrano solicitou a amigos de Havana que tentassem acessar o blog de Yoani Sánchez no mesmo horário. De cinco diferentes computadores, alguns residenciais, outros públicos, usando diferentes provedores, quatro entraram na página sem problema. Pascual Serrano. El blog censurado en Cuba. Rebelión, 26/03/2008. http://www.rebelion.org/noticia.php?id=65134.

(8) Ela contou em seu blog que se surpreendeu com a existência, no serviço de imigração, de fila de pessoas que retornam a Cuba após terem pedido para sair.

(*) O autor é jornalista com passagem pela Rádio Havana. Tem prontos os originais de um livro sobre a atualidade cubana, produzido em colaboração com Antonio Gabriel Haddad, com o título provisório de “Cuba sem bloqueio: a revolução cubana sem as manipulações impostas pela mídia dominante”.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16645

Jornal Nacional Contra Cuba


por André Luiz Furtado, no portal Luis Nassif

A chamada para a última a reportagem já mostrou que se veriam horrores: "A luta da oposição por mais liberdade na ilha comunista é o tema da última reportagem da série sobre a vida em Cuba".

Faltou ao JN informar que essa "oposição", na verdade, luta pelos interesses dos Estados Unidos que, fato silenciado pelo JN, estabelece em sua legislação o financiamento da "oposição" cubana. Apesar do silêncio do JN, e da imprensa privada em geral, esse fato é de fácil comprovação e pode ser verificado a partir de uma rápida busca na internet.

Além de declarações públicas de presidentes e funcionários do alto escalão do governo estadunidense ao longo de cinco décadas, existem numerosas leis extraterritoriais e violadoras da soberania de Cuba, que estabelecem o financiamento do que o JN chamou "dissidencia" cubana.

Por exemplo, a seção 1705 da Lei Torricelli, diz: "Os Estados Unidos proporcionarão assistência às organizações não governamentais adequadas para apoiar indivíduos e organizações que promovam uma mudança democrática não violenta em Cuba".[1]

Outro exemplo é o informe da Comissão de Assistência a uma Cuba Livre, de 2006, sob responsabilidade da tristemente célebre Condoleezza Rice. Tal informe, cujo nome é mais do que suficiente para evidenciar o total desrespeito pela soberania de Cuba, estabelece um "sólido programa de apoio que favoreça à sociedade civil cubana" e destina 36 milhões de dólares para "apoio à oposição democrática e ao fortalecimento da sociedade civil emergente".[2]

Um terceiro exemplo é a seção 109 da Lei Helms-Burtom, que afirma: "O presidente [dos Estados Unidos] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes para unir os esforços com vistas a construir uma democracia em Cuba".[3]

E apesar da atual crise econômica, a ingerência "democrática" e "libertadora" dos vizinhos do norte segue firme: para 2012, o governo de Obama destinará 62 milhões de dólares para financiar a chamada "dissidência" cubana. O valor é 34% maior do que o do ano passado.[4]

Porque o JN não disse uma única palavra sobre isso? Não deu tempo? Não falou sobre isso pela simples razão de que não convém manchar a imagem dos "dissidentes" com a verdade.

Os que o JN qualificaram como "opositores" e "dissidentes", são, no sentido técnico e exato da palavra, mercenários. Como afirmou recentemente o ex-chefe da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, de 1979 a 1982, e que está muito longe de ser um amigo da Revolução cubana:

"É ilegal e imprudente mandar dinheiro aos dissidentes cubanos [...] ninguém deveria dar dinheiro aos dissidentes e menos ainda com o objetivo de derrotar o governo cubano [...] quando os Estados Unidos declaram que seu objetivo é derrotar o governo cubano e depois afirma que um dos meios para lográ-lo é proporcionar fundos aos dissidentes cubanos, estes se encontram de fato na posição de agentes pagos por uma potência estrangeira para derrotar a seu próprio governo."

Outro tema abordado na lamentável reportagem foi o acesso à internet em Cuba. Segundo a repórter, "a internet em casa é privilégio para poucos: estrangeiros, agências de turismo e alguns funcionários especiais do estado. Quem não está entre os privilegiados pode usar a rede em alguns cafés. A conexão é muito lenta – feita por telefone – e cara".

Se existe grande dificuldade de acesso à internet em Cuba, não é porque o governo é malvado e quer manter a população na ignorância. Isso não se coaduna com um governo que erradicou o analfabetismo já em 1961 (o país seguinte a eliminar o analfabetismo na América Latina foi a Venezuela, somente nos anos 200, com a revolução bolivariana) e que proporciona à sua juventude uma educação que a coloca em posição de destaque em rendimento escolar a nível internacional.[5][6]

A "conexão é muito lenta – feita por telefone – e cara" porque o bloqueio contra Cuba, imposto pelos Estados Unidos, impede que o país se conecte aos cabos de fibra ótica que passam a 12 km da costa cubana, já que a tecnologia da internet de banda larga é estadunidense.

Como a internet discada é muito mais cara e Cuba é um país economicamente pobre que sofre um terrível bloqueio, então a prioridade quanto ao acesso à internet é para hospitais, universidades, forças armadas, centros de pesquisas científicas, etc.

Por fim, segundo a reportagem, "os revolucionários envelheceram". Sim, claro, todos envelhecemos. Mas se tem uma coisa que não falta em Cuba são revolucionários de todas as idades.

Fonte: http://blogln.ning.com/profiles/blogs/jornal-nacional-contra-cuba

E Seguem as Mentiras Contra Cuba no Jornal Nacional


por André Luiz Furtado, no portal Luis Nassif

Ontem a repórter nos brindou com a seguinte pérola: "com um salário mínimo equivalente a R$ 17 por mês...". Das muitas mentiras da Globo nessa série de reportagens, essa foi uma das mais toscas. E o problema não está nos "17 reais" e sim no "equivalente". É manipulação informativa, tergiversação e omissão de fatos relevantes, ou seja, é mentira mal intencionada.

Não, Rede Globo, 17 reais convertidos em pesos cubanos em Cuba não é equivalente a 17 reais no Brasil.

Em primeiro lugar, lá, ao contrário daqui, não é necessário nenhum centavo desses 17 reais para ter acesso a educação de excelente qualidade, desde o maternal até o doutorado.

Lá, ao contrário daqui, não é preciso gastar nenhum centavo desses 17 reais para fazer tratamento contra câncer, transplante de órgãos, partos, nem as mais delicadas e complexas cirurgias.

Lá, ao contrário do que ocorre aqui, são necessários apenas alguns centavos desses 17 reais para desfrutar de shows e apresentações dos mais renomados artistas do país.

Os 15% da população cubana que não tem casa própria só precisam desembolsar cerca de 2 daqueles 17 reais para pagar o aluguel mensal. Aqui dá pra pagar aluguel com R$ 2,00?

A necessidade da imprensa privada cumprir sua agenda de desinformação sobre o projeto econômico e social cubano, faz com que ela desrespeite a inteligência do telespectador/leitor, a ponto de criar coisas absurdas como a "equivalência" da reportagem de ontem.

Essa imperiosa necessidade de manter viva a campanha de descrédito contra Cuba faz com que os responsáveis por tal campanha percam a noção do ridículo. Exemplo disso, foi a repórter do JN, que é visto por milhões de brasileiros dependentes do nosso caótico sistema de transporte publico, dizer ontem, com ar de crítica, pena e superioridade, que o transporte público cubano é "sofrível".

O Constrangimento de Serra e Aécio ao falar sobre o livro A Privataria Tucana

"A história secreta da Rede Globo", de Daniel Herz, outro livro esgotado, silenciado pela oligarquia midiática brasileira


por Paulo Jonas de Lima Piva, no blog o Pensador da Aldeia

O livro é uma dissertação de mestrado apresentada na Universidade de Brasília em 1983. A história secreta da Rede Globo, de Daniel Herz, já foi publicada por duas editoras e rapidamente esgotada nas duas ocasiões (A imagem acima refere-se à sua segunda publicação pela gaúcha Dom Quixote). Ele descreve a incursão da empresa jornalística de Roberto Marinho pelo mundo da televisão numa associação suspeita com o capital estrangeiro (o grupo Time Life), sua ligação visceral com a ditadura militar, sua onipotência avassaladora, a ponto de interferir em resultados eleitorais, eleger presidentes da república, em manipular o resultado da Bolsa de Valores, em determinar os rumos de investigações policiais e até de impor o resultado de certas CPIs.

O download da primeira edição do livro pode ser feito no link abaixo

http://www.megaupload.com/?d=0F2WDREG

A dor de cotovelo de Miriam Leitão


Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:


A coluna de Miriam Leitão hoje, em O Globo, não é, certamente, nada que deva entrar no cardápio da ceia de Ano Novo. Porque é fel puro, algo tão evidentemente odioso que entra nas raias da irracionalidade e do ridículo.

Ela desdenha da situação de solidez das contas públicas brasileiras – Brasil, vocês sabem, é aquele país que há nove anos pedia seguidos perdões (waivers) ao FMI e onde o presidente submetia os candidatos à eleição presidencial a concordarem publicamente com uma nova estendida de pires financeiro – como se vivêssemos no paraíso e, de lá para cá, governantes irresponsáveis nos tenham atirado na caótica situação de sermos a sexta economia do mundo.

Diz, por exemplo, que o superávit primário – aquele mesmo, que ela cantou em prosa e verso por anos a fio – não é nada, o problema é o déficit nominal, que é o resultado depois do pagamento de juros. De fato, os juros altíssimos pagos pelo nosso país – embora sejam a metade do que eram sob o genial (para ela) governo Fernando Henrique – são nosso maior problema macroeconômico, mas não foi ela própria quem vociferou contra a “precipitação” do Banco Central em começar a cortar estes juros, em agosto?

A não ser para quem aposta na “roda-presa”, quando o mundo desenvolvido ostenta dívidas públicas próximo aos 100% dos PIBs nacionais achar que o Brasil, que não tem a metade deste endividamento, deva se submeter a arrochos mais severos, cortar gastos sociais e sacrificar mais seu povo. Aliás, é no mínimo desmemoriado quem critica um déficit nominal de 2,36% do PIB enquanto não se recorda que este já chegou a inacreditáveis 14% do PIB, em 1999, quando a tucanagem imperava.

E “esquece” de citar que estes juros são pagos por uma dívida que, desde FHC, o Iluminado, caiu de mais de 56% para 37% do PIB. Ou seja, a família devia mais da metade de sua renda, agora deve pouco mais de um terço. E está pior?

Fala também da carga tributária, que era de 29% em 1995 e hoje anda pelos 35% do PIB. Esquece que este crescimento se deu justamente sob Fernando Henrique, que disse, aliás, que “essa coisa” de reclamar da carga tributária era “choradeira”:

- Como vai ter um Estado moderno, em um país pobre, sem tributo? – disse ele em 2007.

A musa do Milênium diz ainda que são absurdos os financiamentos do BNDES, que custam ao Tesouro mais do que rendem, mas não foi capaz de uma palavra quando estes financiamentos foram turbinados para financiar a compra – quase doada – do patrimônio público.

Textos como o de hoje é que explicam aquela frase de José Serra na campanha eleitoral. Pode não ter sido gentil, mas foi precisa:



- Mas que bobagem, Miriam…

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Nakano na Carta dá uma aula à Urubóloga


Por Paulo Henrique Amorim, no Conversar Afiada.

Em entrevista à Carta Capital, o respeitado economista Yoshiaki Nakano desmonta a lógica colonial do pensamento Neolibelês (*) da Urubóloga e explica por que o Brasil vai dar certo.

Não perca !É uma aula !

(Nakano, aqui, trata das “metas de inflação” e desmonta pauzinho por pauzinho a “lógica” neolibeles (*) da Urubóloga, que reproduz com fidelidade os neolibelês que entrevista.)

Yoshiaki Nakano: Precisa olhar para a inflação do ano que vem, olhar lá para frente. Se você pegar a inflação mais contemporânea, vai ver que está dentro da meta, mas todo mundo continua gritando. Esse é um grande erro conceitual. Você vai perguntar por que se manteve esse sistema. Por uma razão muito simples. Se você olha para 12 meses, a inércia da taxa acumulada é muito maior do que a de cada mês. E o que acontece? Se a inércia é grande, precisa manter os juros altos por um período maior. E há ainda outra razão. Para os juros altos terem uma inércia muito grande no Brasil é que existe esse sistema de metas, que eu espero que o BC tenha realmente resolvido mudar. Particularmente porque o Tombini não é banqueiro, ele é economista. Se é economista, tem de minimamente entender o que é meta de inflação. Se você está olhando para frente, a sua reação não é atrasada. No Brasil, sistematicamente, quando a inflação de 12 meses sobe, a reação já está muito atrasada, porque você tinha de estar olhando lá para frente. E se você tem uma reação atrasada lá para trás, na hora de abaixar você também se atrasa. Acho que o BC, em 31 de agosto, rompeu com esse paradigma errado, incorreto, absurdo que tinhamos. E está se tornando mais prospectivo e mais ágil. E a inflação nos próximos meses acumulada vai cair porque está saindo (do índice acumulado de inflação) um outubro (de 2010) de 0,77% e entrando um outubro de 0,40%. Então vai cair nos 12 meses (acumulados). E isso, por razões erradas, acalmou o mercado também. O BC para mim agora está ganhando independência e autonomia. Porque a autonomia do BC não é só em relação à classe política, é em relação também ao mercado. Por isso é que o mercado chiou, um monte de artigos e gente dando entrevista dizendo que o BC tinha quebrado um protocolo. O que é o protocolo? Os economistas de banco projetam “tá, tá, tá”, o tesoureiro de banco toma uma decisão e aí o jornal publica uma pesquisa das instituições financeiras mais importantes. Um aposta que (o corte dos juros) vai ser de 0,25%, outro de 0,50%. Qual a maioria? (Digamos) 0,50%. O BC ia e abaixava 0,50%. Só depois de agosto, pela primeira vez, pegou quase todo mundo de surpresa. Porque aquele sistema em que o mercado impunha uma sistemática ao BC foi rompido.


CC: Acabou a moleza?

YN: Não, não, o mercado se adapta rapidamente. Começa a olhar para frente também.


CC: O senhor está otimista com 2012?

YN: Estou, mas lógico que para ficar otimista é preciso fazer aquelas mudanças que eu disse (desindexar a economia, melhorar a gestão pública, reduzir o Custo Brasil). Se fizermos essas mudanças, o Brasil poderia entrar em uma situação parecida com todas as crises internacionais anteriores. É muito interessante observar o seguinte na história do Brasil. O Brasil de certa forma deslanchou nas últimas décadas do século XIX. Criou-se então um projeto para construir uma sociedade moderna, urbana. Foi a crise dos anos 1880 que gerou migração, resolvendo os problemas que permitiram o início da industrialização. Durante a Primeira Guerra, expandimos; durante a Segunda Guerra, expandimos. Com a crise de 1930, finalmente mudamos o polo de crescimento, do dinamismo de fora de uma economia exportadora, e nos industrializamos. Então o Brasil foi bem nos momentos de crise. A lógica disso é complexa, mas muito evidente e clara.


CC: Qual é essa lógica?

YN: O Brasil ainda tem uma mentalidade colonial, valorizamos aquilo que é do exterior, do Primeiro Mundo. Nós não pensamos com a nossa cabeça, importamos as coisas etc. e particularmente as ideias. Quando o mundo entra em crise, entra em crise todo um modelo, todo um pensamento, todo um conjunto de ideias. A teoria econômica, ortodoxa, convencional, prevalecente entrou em declínio. Então, o que é preciso fazer nos momentos de crise? O Brasil precisa pensar com a própria cabeça e olhar para dentro. Aí você vai descobrir que tem potencial de crescimento, problemas que precisam ser resolvidos, e deixa de olhar para uma miragem. Aquilo em que eles acreditam e desenvolvem vale para eles, não para nós. Então você tem nesses momentos de crise internacional um momento de crise também do pensamento econômico, de um modelo econômico, da estratégia de crescimento daqueles países… Hoje ninguém está querendo copiar alguma coisa da Europa ou dos EUA, que estão em crise em termos de pensamento. Então você vai ter de pensar com a própria cabeça. Essa é a grande mudança que permitiu ao Brasil avançar. Você deixa de priorizar a globalização e passa a priorizar os problemas de interesse doméstico. E enfrentar os problemas domésticos mais para valer. Porque o dinamismo não vai mais vir de fora, tem de ser aqui de dentro. E aquelas coisas de Consenso de Washington… isso já foi lá pra baixo. Então, na verdade, essa crise está derrubando um tipo de hegemonia política e ideológica de um pensamento que existiu. Isso abre espaço para você pensar o País.


CC: E como o senhor avalia o pré-sal?

YN: Neste contexto atual de crise, talvez seja muito importante. Agora tem outro fator, que é também muito importante e foi importante na transição de que falamos, do fim do século XIX e início do XX, para finalmente mudar o modelo em 1930. É que os países emergentes estão crescendo. Os países desenvolvidos é que vão declinar. E a estagnação, a crise dos países desenvolvidos, já está gerando imigração. A imigração não vai vir dos desempregados do mundo emergente, mas de gente qualificada do mundo desenvolvido, e isso já está acontecendo. Sei de empresas que estão trazendo engenheiros de Portugal, da Espanha. Então o nosso problema de qualificação vai ser resolvido pela vinda eventualmente de imigrantes, de gente qualificada. E isso vai obrigar os brasileiros a reagir. Se você demanda aprendizagem, as instituições que conseguem fazer o aluno aprender vão ser valorizadas. As que não fazem isso vão lá pra baixo. Esse pode ser um fator que dê impulso à produtividade e eficiência no Brasil. Essas coisas acontecem nesses momentos de crise, como aconteceu na década de 1870, em geral na Europa, a vinda maciça de imigrantes. E lógico que aí você precisa reduzir a burocracia de imigrantes no Ministério do Trabalho, que é um absurdo.


CC: o senhor acredita que a inclusão das classes emergentes tem fôlego para se manter nos próximos anos?

YN: Acho que tem. Na verdade, acho que o fundamental não foram os programas sociais. O que os programas fizeram foi importante, não estou desmerecendo. Mas o fundamental foi a mudança demográfica. Lá na década de 1970, a taxa de natalidade começou a cair. No inicio da década de 1980, já caiu. E a partir de 2004, a população jovem, de 18 a 24 anos, em termos absolutos começou a cair. Tinha 35 milhões, hoje deve ser de 33 milhões ou 32 milhões. A populacão está envelhecendo. Então é na base da pirâmide que o salário, está subindo. Acho que a imigração vai vir, mas não vai reduzir o salário porque vai vir gente de nível mais elevado e que tem salários melhores. Os emergentes também estão crescendo e têm essa imigração para disputar. Essa mudança demográfica mudou a dinâmica do mercado de trabalho. Em um conjunto enorme de setores, corno o custo de mão de obra era tão baixo, contratava-se gente muitas vezes de maneira informal. Agora teve não só de formalizar como pagar mais, então passa a ter a preocupação com produtividade. Basta ver o que acontece no mercado da construção. Se olhássemos uma obra, a ineficiência saltava aos olhos, viam-se trabalhadores tropeçando uns nos outros. As empresas agora têm de pagar mais, tem de ter menos gente, e vai ser necessário incorporar tecnologias com maior produtividade. E isso já está acontecendo. Prédios que levavam quatro anos para ser construídos agora são erguidos em 20 meses. Lá fora, constrói-se em seis meses. Esse tipo de avanço tecnológico está vindo e virá para todos os setores. Empresário que é empresário vai olhar e ver que existe um monte de oportunidades que ele pode fazer. O cara que estava despreocupado com inovação, que reclamava que o trabalhador custa caro, vai ver que não adianta, se ele não pagar mais não consegue.


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

2011: um ano infernal para o DEM


Por Altamiro Borges, em seu blog

2011 foi um ano desastroso para a oposição de direita no Brasil. Derrotada pela terceira vez seguida nas eleições presidenciais, ela não conseguiu se recuperar do trauma. Sevada historicamente no patrimonialismo e no fisiologismo, ela sofreu deserções e crises internas. Sem programa e sem rumo, ela hoje depende basicamente da mídia direitista para sobreviver em estado vegetativo.

O caso mais emblemático é o do DEM – ex-Arena durante a ditadura militar, ex-PDS no período da redemocratização e ex-PFL nos áureos tempos do tsunami neoliberal. A decadência da legenda ultraconservadora é acelerada. Em 1998, o PFL/DEM elegeu 105 deputados federais; no ano passado, foram apenas 43. Em 2000, ele elegeu 1.026 prefeitos; em 2008, foram somente 495.

O teste derradeiro de 2012

Quantos prefeitos o DEM elegerá em 2012? Muitos apostam que a queda será ainda mais violenta, principalmente após a saída de vários caciques conservadores, que rumaram para o PSD de Gilberto Kassab. Há quem afirme que o partido não resistirá ao teste das eleições municipais do próximo ano. Muitos abandonarão o navio à deriva e a sigla fechará as suas portas!

A própria Folha serrista reconhece que a situação da legenda é delicada: “Nos últimos dois anos, o DEM perdeu suas duas maiores estrelas: José Roberto Arruda caiu do governo do Distrito Federal acusado de corrupção e o prefeito Gilberto Kassab abandonou a sigla para criar o próprio partido. Ao sair, ele arrastou consigo um de cada cinco deputados federais da oposição”.

Demos rumam para o inferno

O Estadão confirma o péssimo diagnóstico em reportagem desta terça-feira (27). “Apenas em 2011, o DEM perdeu 17 deputados federais de um total de 43, um senador de um total de seis, e um governador de um total de dois, além de prefeitos, vereadores e deputados estaduais, a maioria para o PSD”. A piada que circula é que os demos caminham para o inferno, se o diabo deixar!

Diante deste cenário calamitoso, os demos apostam todas as fichas nas eleições do próximo ano. Uma aposta de vida ou morte! O partido ainda possui alguns oligarcas locais e certo tempo para propaganda partidária na rádio e televisão. Mas estes trunfos não aliviam a barra. Alguns caciques cotados para disputar prefeituras, como ACM Neto em Salvador, já vacilam. Temem o vexame!

Extinção, fusão ou nova sigla?

“Ficaram no DEM os que têm compromisso. E as próximas eleições nos dirão se isso ainda rende votos no Brasil”, filosofa Agripino Maio, presidente nacional da sigla. Mas ele mesmo sabe que a situação é difícil. No seu próprio estado, no Rio Grande do Norte, o senador assiste desesperado o calvário da única governadora que restou no DEM, Rosalba Ciarlini, que despenca nas pesquisas.

Para Raquel Ulhôa, do jornal Valor, “se o desempenho da legenda em 2012 for pífio, há quem aposte na extinção. A tendência, dizem, é que parte dos integrantes do DEM iria para o PSDB e outra, para o PMDB”. Há também que acredite na criação de uma nova sigla, com uma roupagem mais de direita, ou na fusão com o PSDB e o PPS, outros dois partidos em grave crise. A conferir!

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Editor estranha Cerra não processar Amaury


Saiu no Blog do Nassif:

“Estranho José Serra não entrar na justiça”, diz Emediato

Adriano S. Ribeiro


“Estranho José Serra não entrar na justiça”, diz proprietário de editora


Jornalista e Proprietário da Geração Editorial, responsável pela publicação do livro “A Privataria Tucana”, diz ver com estranheza o fato do PSDB ter prometido entrar na justiça contra o autor da publicação, Amaury Ribeiro Júnior.


“Os denunciados no livro são o senhor José Serra, a filha dele Verônica Serra, o genro dele, o primo dele e outras pessoas. Não é o PSDB. É muito estranho que um partido ingresse na justiça contra o livro e uma editora, sendo que o partido, em si não é citado”, argumentou. “Estranhamente, o senhor José Serra não está entrando na justiça”, complementou.


http://www.portal730.com.br/noticias/politica/24835-estranho-jose-serra-nao-entrar-na-justica-diz-proprietario-de-editora-que-publicou-livro.html

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Editais do Ministério da Cultura 2012

MinC lança editais 2012

Na última sexta-feira, 23 de dezembro, a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura publicou, no Diário oficial da União, cinco novos editais de fomento à produção audiovisual nacional. As inscrições vão de 28 de dezembro a 10 de fevereiro de 2012 e abrangem todas as regiões do país. Confira abaixo as informações sobre cada edital:

- Apoio à produção de obras audiovisuais cinematográficas, inéditas, de ficção, de baixo orçamento– apoio de até R$ 1,2 milhão para a produção de dez projetos. Confira o edital (
http://www.cultura.gov.br/site/2011/12/23/editais-sav-2011/edital-sav-obras-audiovisuais-cinematograficas-ineditas-de-ficcao-de-baixo-orcamento-2/ )

- Apoio à produção de obras audiovisuais inéditas de curta-metragem, do gênero ficção, documentário e animação – fomento à produção de até 25 projetos, destinando apoio individual no valor de até R$ 100 mil. Confira o edital
(http://www.cultura.gov.br/site/2011/12/23/editais-sav-2011/edital-sav-curta-metragem-de-ficcao-documentario-e-animacao/)

- Apoio ao desenvolvimento de roteiros cinematográficos, inéditos, de ficção para roteiristas profissionais – tem o objetivo de selecionar até 13 projetos, que terão apoio individual no valor de R$ 50 mil. Confira o edital
(
http://www.cultura.gov.br/site/2011/12/23/editais-sav-2011/edital-sav-roteiros-cinematograficos-ineditos-de-ficcao-roteiristas-profissionais/)

- Apoio ao desenvolvimento de roteiros cinematográficos, inéditos, de ficção para roteiristas estreantes – para a produção de até dez projetos, com o valor de R$ 25 mil para cada um. Confira o edital (
http://www.cultura.gov.br/site/2011/12/23/editais-sav-2011/edital-sav-roteiros-cinematograficos-ineditos-de-ficcao-para-roteiristas-estreantes/)

- Apoio à produção de obras audiovisuais cinematográficas do gênero documental inéditas – prevê a seleção de até cinco projetos, com até R$ 500 mil para casa. Confira o edital
(http://www.cultura.gov.br/site/2011/12/23/editais-sav-2011/edital-sav-obras-audiovisuais-cinematograficas-do-genero-documental/)

Ancine mantém mesma Cota de Tela

A Agência Nacional de Cinema (Ancine) publicou no Diário Oficial da União, no dia 22 de dezembro, a Cota de Tela para o cinema brasileiro em 2012. Segundo o decreto, os exibidores terão de cumprir cota mínima de 28 dias por sala ocupados por filmes brasileiros, a mesma desde 2007. A cota pode chegar a um máximo de 63 dias, dependendo do número de salas de cada complexo. Os números foram fixados a partir de estudos técnicos e de reunião com representantes dos setores de produção, distribuição e exibição da indústria cinematográfica. O texto completo está no site da Ancine.

Prêmio ABC abre inscrições

A Associação Brasileira de Cinematografia já está com inscrições abertas para o Prêmio ABC 2012. Até 29 de fevereiro, serão aceitos na competição programas de TV, filmes publicitários e longas e curtas-metragens, com um prêmio destinado a filmes estudantis. Nas categorias de longas - são quatro: melhor direção de fotografia, melhor som, melhor direção de arte e melhor montagem -, os filmes exibidos comercialmente em 2011 serão inscritos automaticamente. A premiação será no dia 12 de maio de 2012, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo. Os interessados podem consultar o regulamento e se inscrever em http://www.abcine.org.br/.

A Privataria Tucana - O Filme


Produção: Capitão Óbvio
Postado no blog Cloaca News.

Paulo Bernardo: o prazo acabou


Por Altamiro Borges, em seu blog

No final de abril, representantes de 20 entidades que lutam pela democratização da mídia tiveram uma audiência, de quase duas horas, com o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, em Brasília. Na ocasião, ele se comprometeu a apresentar um projeto sobre novo marco regulatório do setor para consulta pública. Mas quando? – perguntaram os presentes. “No segundo semestre”.

Quando? – insistiram. “O segundo semestre começa em 1º de julho e vai até 31 de dezembro”, respondeu o ministro, no seu jeito brusco de ser. Pois bem. O ano está terminando, vários ministros já estão em recesso e até agora o projeto não foi apresentado. O que houve? O ministro arquivou a promessa? Rendeu-se aos barões da mídia, que infernizaram o governo durante todo o ano?

Um diálogo frustrado

A audiência de abril foi a primeira reunião oficial de um ministro desta área estratégica com os movimentos do setor, fato inédito que sinalizava uma postura mais aberta ao diálogo. Com autonomia e unidade, as entidades criticaram a demora na apresentação do projeto do novo marco regulatório da comunicação e os sinais de “privatização” do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).

Paulo Bernardo, cortante nas respostas, ouviu atentamente, fez anotações e não fugiu às polêmicas. Quanto ao PNBL, ele relatou a reunião que acabara de fazer com a presidenta Dilma Rousseff, na qual “também levei uma bronca”. Ele prometeu melhorar o plano, o que não ocorreu nos meses posteriores. Muito pelo contrário. As poderosas teles é que venceram a queda de braço!

A ausência de convicções

Já no que se refere ao novo marco regulatório das comunicações, Paulo Bernardo informou que o projeto elaborado pela equipe do ex-ministro Franklin Martins estava na fase final de análise e garantiu que o governo Dilma colocaria o tema em discussão na sociedade “no segundo semestre”. Já na ocasião, o ministro não demonstrou muita convicção – daí a insistência dos presentes.

Paulo Bernardo colocou uma série de empecilhos para este debate estratégico. Argumentou que a regulação da mídia “será uma briga longa e difícil”, que os monopólios midiáticos tentarão rotular a iniciativa como “censura” e abordou as dificuldades para se conquistar “uma maioria no Congresso Nacional”. Mesmo assim, garantiu: “O governo está decidido a provocar este debate”.

Mesa de diálogo descartada

Na mesma audiência, o ministro manifestou apoio à idéia da constituição de uma mesa permanente de diálogo com as entidades que lutam pela democratização da mídia. O Ministério das Comunicações chegou até a marcar sua primeira reunião, mas desmarcou na última hora – quando as passagens inclusive já estavam compradas. Um baque, uma enorme frustração!

Especulou-se que o ministro não gostara das críticas que ouvira durante o II Encontro dos Blogueiros Progressistas, realizado em junho, em Brasília, e nem do ato público, organizado pela Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS), no bojo da campanha “A banda larga é um direito seu”. Para um ex-sindicalista, acostumado às duras negociações, ele se mostrou pouco flexível - para dizer o mínimo!

Intensificar a pressão das ruas

Agora, encerrado o ano e sem que a sua promessa sobre a consulta do marco regulatório tenha sido cumprida, observa-se que o ministro estava mais afeito às conversas com os empresários – sejam os “capitalistas” das teles ou os “latifundiários” da radiodifusão. Infelizmente, Paulo Bernardo frustrou as expectativas dos que acreditavam numa nova postura do governo nesta área estratégica.

Só mesmo com forte pressão, que ganhe as ruas de todo o país com grandes manifestações, será possível avançar na conquista da verdadeira liberdade de expressão e do direito à comunicação no Brasil. Do atual governo, do qual o ministro Paulo Bernardo segue as ordens, não haverá novo marco regulatório das comunicações. A ditadura da mídia manterá seu poder golpista!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Serra cumprira pena em sela comum


Deu nosite Cloaca News.

Se o ministro Gilmar Mendes não interferir no processo, o morto-vivo Zé Chirico, candidato à presidência da república derrotado por Lula e Dilma, deverá puxar a cana a que será condenado dividindo "espaço" com vários coleguinhas e correligionários.

Baseados nas bandalheiras apresentadas pelo livro A Privataria Tucana, renomados criminalistas consultados por este Cloaca News estimaram que Serra pode pegar uma condenação cumulativa superior a 50 anos de xilindró, em regime fechado. A privação da liberdade, nesse caso, não seria a pior notícia para o tucano. Por não possuir diploma de graduação em curso superior reconhecido no Brasil, Serra não poderá desfrutar o "benefício" da cela especial. Se tivesse concluído o curso de Engenharia na Escola Politécnica da USP, quem sabe. Mas, como ele mesmo já declarou, "não deu pra terminar". Serra não é engenheiro, apesar de já ter mentido a esse respeito em uma audiência no Senado. Serra também não é economista, uma vez que, até hoje, nenhum Corecon do país tenha encontrado sua ficha. A bem da verdade, alguns Conselhos Regionais de Economia já tentaram denunciá-lo por falsidade ideológica, contravenção que lhe renderia mais três meses tomando café de canequinha. O único alento para o ex-governador e ex-prefeito é que, em troca de alguns pacotes de cigarros, ele poderá gozar de visitas íntimas. Com direito a cortininha, claro.

Emediato: “Que venham os processos”


Por Conceição Lemes, no blogViomundo:

Deu ontem no blog do Noblat: PSDB decide processar autor do livro A Privataria Tucana.

Sérgio Guerra, presidente nacional do PSDB, disse há pouco a este blog que na próxima semana seu partido entrará com ações na Justiça contra o jornaista Amaury Ribeiro Jr., autor do livro “A Privataria Tucana”, e o editor Luiz Fernando Emediaro, dono da Geração Editorial e responsável pela publicação do ivro. “Vamos para cima deles. O livro está repleto de mentiras”, explica Sérgio.


*****

Acabei de conversar, por telefone, com o jornalista Luiz Fernando Emediato sobre o assunto.

“Vivemos num sistema democrático e nos processar é um direito do PSDB”, afirma Emediato “Consequentemente, que o exercite, se julgar conveniente.”

“Apenas advirto que o último a processar o jornalista Amaury Ribeiro Jr. se deu mal”, observa Emediato. “Além de ter resultado na inocência do jornalista, o processo fez com que ele tivesse acesso a documentos da CPI do Banestado, que embasam parte do livro A Privataria Tucana.”

Emediato refere-se a Ricardo Sérgio de Oliveira, ex- presidente da área internacional do Banco do Brasil na gestão FHC e tesoureiro de campanhas do PSDB, inclusive das de José Serra à presidência.

Ricardo Sérgio entrou com processo contra Amaury por danos morais em função de reportagens nas quais o denunciou. O jornalista recorreu então a um procedimento chamado exceção da verdade, que lhe permitiu ter acesso a todos os documentos da CPI do Banestado que envolviam o Ricardo Sérgio.

Em entrevista dada a esta repórter, Amaury Ribeiro Jr. já antecipou: “Com certeza, vou recorrer novamente à exceção da verdade para provar que tudo o que está em A Privataria Tucana é verdade. É só me questionarem”.

Quanto à possibilidade de o PSDB processar Geração Editorial e/ou o seu dono, Emediato retruca: “Eu trabalhei em várias campanhas do PSDB na década de 1990. Portanto, não me faltam documentos para me defender. Que venham os processos!”

sábado, 24 de dezembro de 2011

Veja publica e despublica Privataria


Do sítio Brasil 247:

“Ontem à noite vi uma senhorinha no metrô lendo A Privataria”, conta uma editora de 247 ao entrar hoje na redação. A cena é compreensível. O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., com denúncias documentadas sobre estripolias tucanas no processo de privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, é o maior sucesso editorial deste final de ano. Em menos de um mês nas livrarias, 60 mil exemplares foram vendidos em todo Brasil. Outros 60 mil livros já estão impressos para serem distribuídos a partir de janeiro, numa estratégia da Geração Editorial para fazer de A Privataria Tucana o grande best seller brasileiro do verão.

Há muito no livro, ao que parece, daquilo que o leitor gosta mas a mídia tem medo. Afinal, já se registrou o silêncio generalizado dos veículos tradicionais de comunicação – exceção feita a uma crítica tardia no jornal Folha de S. Paulo, em 15 de dezembro, a respeito do livro, mas agora este fenômeno já ganha características de medo. E tudo porque, com base nas denúncias documentadas do livro, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) conseguiu reunir 185 assinaturas para requerer a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre a Era das privatizações no governo Fernando Henrique Cardoso. Uma vez instalada, a CPI poderá se mostrar um longo martírio para os tucanos, expondo intimidades daquela fase de maneira constrangera, em público.

Em sua edição online do dia 21, a revista Veja, da Editora Abril, chegou a publicar uma notícia, produzida pela Agência Estado, sobre a obtenção, por Protógenes, e com base no livro de Amaury, das assinaturas para a CPI. Hoje, porém, a matéria não existe mais naquele mesmo espaço virtual. Foi mandada para o buraco negro.

Veja, que publica semanalmente uma lista dos livros mais vendidos e não costuma dar as costas para os sucessos populares, não apenas, desde o lançamento de A Privataria Tucana, não fez nenhuma resenha sobre a obra, como barrou até mesmo uma matéria sobre os reflexos políticos que ela está provocando. Ou seja, nem o fato, nem a repercussão podem ser informadas aos leitores da publicação da Editora Abril. Na certa, porque seu conteúdo incomoda a fontes influentes da revista, como o ex-governador José Serra, que classificou o livro como “lixo”. Se não é isso, por que tanto medo de A Privataria Tucana?

EUA criam regra para publicidade


Por Renata Mielli, no blog Janela sobre a palavra:

Estabelecer regras para a atuação dos concessionários de radiodifusão é algo comum nas chamadas democracias de inspiração liberal, leia-se Estados Unidos, Inglaterra, França, Canadá etc. Já, nos países ao sul do Equador, em particular no continente americano, o debate sobre regulação deste setor causa urticárias. Qualquer tentativa de discutir a questão no Brasil é divulgada pelos meios de comunicação com a advertência: regular faz mal à democracia e pode trazer censura à liberdade de imprensa.

Não é assim que pensam os Estados Unidos, sonho de consumo para uma vida avançada de toda a elite nacional colonizada – e dos veículos de comunicação brasileiros que vocalizam os seus desejos.

Como os Estados Unidos não têm os mesmos pudores que o Brasil para discutir regulação, o presidente Obama sancionou projeto que determina o volume de comerciais a serem veiculados nas emissoras de televisão. Até tú Tio Sam?

A medida mereceu silêncio da grande mídia brasileira. Mas, conforme notícia publicada no Telesíntese, "a FCC (Federal Communications Comission) aprovou semana passada novas regras para a veiculação de propagandas e intervalos comerciais nos canais de TV aberta e TV paga. A partir de dezembro de 2012, os intervalos comerciais terão que ter o mesmo volume que os programas".

A regulamentação foi criada com base na nova lei norte-americana, sancionada pelo presidente Obama em 2010 e conhecida como CALM Act (Commercial Advertisement Loudness Mitigation). A agência norte-americana levou pouco mais de um ano para regular o tema e concedeu outros 12 meses para que as emissoras de TV se adquem às normas.

Enquanto isso, no Brasil...

O excesso de comerciais e o avanço destes para a programação através do merchandising não obedece nenhum regramento – nem os que já existem desde o tempo do onça, como o CBT (Código Brasileiro de Telecomunicações), de 1962, que diz que o tempo destinado à publicidade não pode ultrapassar 25% do total diário da programação.

Isso para não falar da ocupação irregular do espectro por emissoras que tem 100% de sua programação destinada à venda de tudo – lingeries, panelas, carros, bois, joias, tapetes.

Imagine se a Dilma apresentasse qualquer proposta que visasse regular o tempo de publicidade na TV aberta. Já iriam dizer que ela quer controlar os meios de comunicação. Mas, como a Dilma aparentemente não pretende mexer neste vespeiro, a radiodifusão brasileira continua terra de ninguém, isto é, terra de pouquíssimos “alguéns”.

Globo e as barbas do vizinho


Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Embora não haja qualquer sinal de que possamos ter por aqui qualquer arremedo de legislação que regule democraticamente as concessões públicas na área de comunicação – as concessões, nada a ver com liberdade de imprensa ou de expressão – o jornal O Globo, hoje, age daquela forma descrita no popular ditado de “colocar as barbas de molho, porque as do vizinho estão em chamas”.

O vizinho, no caso, é o Clarín, um conglomerado semelhante ao que é aqui a Globo, com TV, rádios, jornal, internet, produtoras de filmes e agência de notícias. E que, como a Globo, vicejou à sombra da ditadura, como um cogumelo, para relembrar a expressão usada por Leonel Brizola.

Ano passado, o Congresso argentino aprovou e a presidenta Cristina Kirchner sancionou a Lei de Serviços de Comunicação Audiovisual, que estabelece regras para o concentradíssimo sistema de rádio e televisão no país. Para entende-lo, é preciso saber que a televisão argentina é, basicamente, a cabo. Só em sete cidades, além de Buenos Aires, onde há cinco canais de TV aberta, há emissoras de recepção livre.

A nova lei atacou de frente a concentração da propriedade nos meios de comunicação, estabeleceu parcelas mínimas de conteúdo nacional, de produção das próprias emissoras e de produtoras independentes, além de reservar um terço do espectro radioelétrico para organizações sem fins lucrativos.

É esse o fundo da ordem judicial que determinou a intervenção na Cablevisión, uma das empresas de TV a cabo - que é a TV de 70% dos argentinos. A reação do pessoal grupo obrigou a Justiça a requerer garantias policiais, que não partiram, portanto, do Executivo.

A batalha se dá agora em torno da Papel Prensa SA, uma empresa criada por uma associação entre grupos privados e o Estado argentino. Durante a ditadura, as ações da empresa que pertenciam ao grupo Graiver – logo após a morte de seu líder David Graiver, num mal-explicado acidente de aviação - o controle da empresa foi transferido, por preço irrisório e depois de seus integrantes serem detidos sob acusação de colaborar com os Montoneros – para o Clarín e o La Nacion, unha e carne com o regime militar.

Independente das obscuridades do passado, os dois jornais se beneficiavam hoje de duas vantagens que os demais não tinham. A primeira, compravam grandes quantidades antes de estabelecerem aumentos de preço; a segunda, recompravam seus encalhes quase ao preço de capa, revendendo-os para a empresa, com o fim de reciclagem.

Ontem o Senado argentino aprovou lei determinando que o comércio de papel de jornal é de interesse público. Isso não quis dizer estatiza-lo, desapropriando a empresa, mas que serão fixados preços únicos para a venda de papel a qualquer empresa pelo mesmo preço e o mesmo para a recompra para reciclagem.

É a isso que chamam de “atentado à liberdade de imprensa”.

Lá, como aqui, os privilégios obtidos com o convívio com o poder – especialmente com o poder autoritário – deixaram torta a boca da mídia. Não é novidade. Aqui, Samuel Wainer foi linchado pela imprensa por ter a Última Hora empréstimos no Banco do Brasil, embora todos – Globo, Diários Associados e até a Tribuna da Imprensa de Carlos Lacerda – os tivessem, e muito maiores.

É por isso que, mesmo com léguas a nos separar do que se passa na Argentina, o Clarín brasileiro reage com tanta violência.