quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Nos tempos do engavetador-geral: Refrescando Henrique Cardoso


Deu no site SocialistaMorena

 

(Geraldo Brindeiro, o engavetador, ops, procurador-geral da era FHC)

O que é mais vergonhoso para um presidente da República? Ter as ações de seu governo investigadas e os responsáveis, punidos, ou varrer tudo para debaixo do tapete? Eis a diferença entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva: durante o governo do primeiro, nenhuma denúncia –e foram muitas– foi investigada; ninguém foi punido. O segundo está tendo que cortar agora na própria carne por seus erros e de seu governo simplesmente porque deu autonomia aos órgãos de investigação, como a Polícia Federal e o Ministério Público. O que é mais republicano? Descobrir malfeitos ou encobri-los?

FHC, durante os oito anos de mandato, foi beneficiado, sim, ao contrário de Lula, pelo olhar condescendente dos órgãos públicos investigadores. Seu procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, era conhecido pela alcunha vexaminosa de “engavetador-geral da República”. O caso mais gritante de corrupção do governo FHC, em tudo similar ao “mensalão”, a compra de votos para a emenda da reeleição, nunca chegou ao Supremo Tribunal Federal nem seus responsáveis foram punidos porque o procurador-geral simplesmente arquivou o caso. Arquivou! Um escândalo.

Durante a sabatina de recondução de Brindeiro ao cargo, em 2001, vários parlamentares questionaram as atitudes do envagetador, ops, procurador. A senadora Heloísa Helena, ainda no PT, citou um levantamento do próprio MP segundo o qual havia mais de 4 mil processos parados no gabinete do procurador-geral. Brindeiro foi questionado sobre o fato de ter sido preterido pelos colegas numa eleição feita para indicar ao presidente FHC quem deveria ser o procurador-geral da República.

Lula, não. Atendeu ao pedido dos procuradores de nomear Claudio Fonteles, primeiro colocado na lista tríplice feita pela classe, em 2003, e em 2005, ao escolher Antonio Fernando de Souza, autor da denúncia do mensalão. Detalhe: em 2007, mesmo após o procurador-geral fazer a denúncia, Lula reconduziu-o ao cargo. Na época, o presidente lembrou que escolheu procuradores nomeados por seus pares, e garantiu a Antonio Fernando: “Você pode ser chamado por mim para tomar café, mas nunca será procurado pelo presidente da República para pedir que engavete um processo contra quem quer que seja neste país.” E assim foi.

Privatizações, Proer, Sivam… Pesquisem na internet. Nada, nenhum escândalo do governo FHC foi investigado. Nenhum. O pior: após o seu governo, o ex-presidente passou a ser tratado pela imprensa com condescendência tal que nenhum jornalista lhe faz perguntas sobre a impunidade em seu governo. Novamente, pesquisem na internet: encontrem alguma entrevista em que FHC foi confrontado com o fato de a compra de votos à reeleição ter sido engavetada por seu procurador-geral. Depois pesquisem quantas vezes Lula teve de ouvir perguntas sobre o “mensalão”. FHC, exatamente como Lula, disse que “não sabia” da compra de votos para a reeleição. Alguém questiona o príncipe?

Esta semana, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência, colocou o dedo na ferida: “Os órgãos todos de vigilância e fiscalização estão autorizados e com toda liberdade garantida pelo governo. Eu quero insistir nisso, não é uma autonomia que nasceu do nada, porque antes não havia essa autonomia, nos governos Fernando Henrique não havia autonomia, agora há autonomia, inclusive quando cortam na nossa própria carne”, disse Carvalho. É verdade.

Imediatamente FHC foi acionado pelos jornais para rebater o ministro. “Tenho 81 anos, mas tenho memória”, disse o ex-presidente. Nenhum jornalista foi capaz de refrescar suas lembranças seletivas e falar do “engavetador-geral” e da compra de votos à reeleição. Pois eu refresco: nunca antes neste País se investigou tanto e com tanta independência. A ponto de o ministro da Justiça ser “acusado” de não ter sido informado da operação da PF que revirou a vida de uma mulher íntima do ex-presidente Lula. Imagina se isso iria acontecer na época de FHC e do seu engavetador-geral.
O erro do PT foi, fazendo diferente, agir igual.


terça-feira, 30 de outubro de 2012

Até o Estadão denuncia as baixarias da campanha de José Serra, o Dick Vigarista da política brasileira



Saiu no Blog do Mello


A coisa em São Paulo está mais feia para Serra que ele mesmo. Até o tradicionalíssimo jornalão Estadão denuncia que o núcleo da baixaria na campanha para a prefeitura de São Paulo vem de José Serra, o Dick Vigarista da política brasileira.


Site falso:

Site falso de Haddad foi criado em empresa da campanha de Serra

A provedora de internet GVT informou nesta sexta-feira, 26, que o site apócrifo "Propostas Haddad 13", que imitava a linguagem visual usada pela campanha do candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, mas desferia críticas ao petista, foi criado na sede da Soda Virtual, empresa contratada pela campanha do candidato tucano, José Serra, por R$ 250 mil reais, para prestar serviços de "criação e inclusão de páginas na internet". [confira íntegra aqui] 

Criminosa comunicação de que Enem deste ano estaria cancelado (o que não é verdade):

O Ministério da Educação (MEC) pediu ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que a Polícia Federal abra investigação sobre boatos que circularam nas redes sociais de que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano teria sido cancelado. Fontes do MEC disseram ter "convicção" de que a informação falsa partiu de Eden Wiedemann, integrante da equipe de mídias sociais da campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura. [Essa informação de autoria do boato está confirmada]

Numa situação normal, a candidatura José Serra seria cassada. Mas nem quero que isso aconteça. Aguardo a resposta das urnas no domigo, para que ele tome uma surra democrática e leve seu bafo nojento e golpista para os tribunais onde ainda terá que responder aos vários crimes (além desses dois) cometidos contra o povo brasileiro.

Que esta eleição seja o início do fim de José Serra, o Dick Vigarista da política brasileira. 

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A infração que compensa


Por Érico Firmo, no Jornal O POVO

É a lógica de faturar o que é bom e descredenciar o que é ruim para o candidato

A coluna tem abordado o absurdo que são as infrações cometidas justamente por aqueles que se candidatam a representar o povo de Fortaleza e zelar pelo cumprimento das leis. É o fim da picada que aqueles que pretendem ser prefeito ou vereador comandem o processo de subversão das leis urbanas durante o período eleitoral. Ao invés de dar o exemplo, são os primeiros a degradar o espaço público. No O POVO de ontem, a repórter Ranne Almeida informou que já foram aplicados R$ 86 mil em multas por campanha irregular no Ceará. Nesse ranking inglório, quanto mais dinheiro o concorrente tem para gastar, mais desvios comete.

Roberto Cláudio (PSB), assim, está bem na frente. Ele é alvo de mais de 150 representações. Já fora condenado por dez no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-CE). O valor acumulado é de R$ 20 mil. Nessa média, mesmo que seja punido por todas, terá de pagar algo em torno de R$ 300 mil. Ora, só nos primeiros dois meses, a campanha arrecadou declarados R$ 5,23 milhões. Elmano de Freitas (PT), pelo pouco já julgado das mais de 70 representações movidas contra ele, recebeu R$ 4 mil em multas. E, só no segundo mês de campanha, ele arrecadou R$ 3,1 milhões. Ou seja, infringir a lei é excelente negócio, sobretudo para as candidaturas endinheiradas.

Na campanha presidencial de 2010, José Serra (PSDB) recebeu R$ 70 mil em multas. Dilma Rousseff (PT) foi multada em R$ 58 mil. Mesmo sem ser candidato, o ex-presidente Lula recebeu R$ 47,5 mil em multas. Convenhamos, uma brincadeira para processo que envolve centenas de milhões de reais.

No dia das eleições de 2010, Fortaleza amanheceu tomada pela sujeira como em poucos dias em sua história. Resultado da ação de candidatos e de seus cabos eleitorais. O triste, do ponto de vista de nossa consciência cidadã, é que a sujeira, a poluição visual, a sonora e as carreatas que deixam o trânsito ainda mais caótico ainda sejam instrumentos eficientes para angariar votos.

Acima, o fac-símile da matéria do O POVO do dia seguinte ao primeiro turno de 2010. Com a esperança – e apelo – de que tal absurdo não se repita no próximo domingo, nem nunca mais.

AS PESQUISAS E O CASUÍSMO

Por vezes, as pesquisas são tratadas quase como se fossem substitutas do voto em campanhas eleitorais. Não o são, evidentemente. Mas podem ser instrumentos muito interessantes de informação e ajudam a compreender o cenário. Só não devem ser tomadas como verdades absolutas. É importante dar às pesquisas o tamanho que elas têm: o de uma parte do processo, um diagnóstico passível de erro, não o centro em torno do qual a política orbita. Se o pé atrás é até saudável, chega a ser hilário o comportamento de alguns militantes que comemoram as pesquisas a seu favor – aí nada de anormal –, mas desqualificam números desfavoráveis. É a lógica de faturar o que é bom e descredenciar o que é ruim. Os mesmos eleitores de Heitor Férrer (PDT) e Renato Roseno (Psol) que festejaram os índices que mostravam crescimento se irritam com os resultados mais recentes e atacam os institutos. O próprio Roseno, nas primeiras semanas de campanha, chegou a estranhar a ausência de pesquisas, insinuando suposto interesse de não prejudicar os candidatos oficiais. Agora, reclama da forma como são feitas e da influência da divulgação dos resultados. O mesmo com os adeptos de Moroni, que alardearam a liderança no começo e agora desmerecem as mesmas instituições. E os apoiadores de Elmano, que antes defendiam o Ibope que lhes mostrava na frente na rodada anterior e agora se apegam ao Datafolha. E com os que votam em Roberto Cláudio dá-se justo o inverso.
Não que cause surpresa qualquer tipo de infantilidade vinda daqueles que travam a disputa pelo poder. Mas as reações são simplesmente risíveis.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

José Gil, pensador fala sobre arte contemporânea e contemporaneidade na Vila das Artes


A reflexão sobre arte contemporânea e contemporaneidade é tema de palestra com o filósofo e ensaísta português, José Gil, que acontece nesta segunda-feira (29), às 10h, na Vila das Artes (rua 24 de Maio, 1221, Centro).  O encontro é aberto ao público.

Esta é a segunda vez que o pensador vem a Vila das Artes. A primeira foi em setembro de 2007, para participar de seminário que marcou o início das aulas do curso Dança e Pensamento.
José Gil é um dos pensadores mais importantes da contemporaneidade. Natural de Moçambique é licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras de Paris, Universidade de Sorbonne. Coordenou o departamento de Psicanálise e Filosofia da Universidade de Paris VIII em 1973. Lecionou Estética e Filosofia contemporânea na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, bem como no Colégio Internacional de Filosofia de Paris e na Universidade de São Paulo. Em 2004, publicou Portugal, Hoje. O Medo de Existir, a sua primeira obra escrita em português. No Brasil publicou: “Diferença e Negação na Poesia de Fernando Pessoa” (Relume Dumará) e “Movimento Total: o corpo e a dança” (Iluminuras).José Gil foi considerado pelo semanário francês Le Nouvel Observateur, um dos 25 grandes pensadores do mundo.
A palestra é realizada pela Vila das Artes com apoio da Bienal Internacional de Dança do Ceará
Palestra com José Gil (Portugal) -  Arte Contemporânea e Contemporaneidade 
Dia 29 de outubro de 2012, ás 10h.

Na Vila das Artes ( Rua 24 de Maio, 1221, Centro)
+ Informações pelo 3252-1444.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O KIT-GAY DO CERRA. LEMBRA DO ABORTO ?


Saiu no Blog do Nassif
A lógica da cidade divida 
São Paulo quase não enxerga suas periferias e favelas, que chegam à opinião pública filtradas pela geografia e as más notícias, ecoadas de um batustão remoto.
O jornalismo sobre esses lugares –com raras exceções– alterna episódios de execuções e massacres; mais recentemente, incêndios. É o vínculo que ressalta em relação ao poder público. Sangue, repressão e desamparo.
Trinta e três favelas arderam este ano em SP. Transparências superpostas desenham semelhanças suspeitas entre o rastro das chamas e o da cobiça imobiliária.

As labaredas iluminam também o descaso. O consórcio Serra/Kassab não liberou nenhum centavo do programa de prevenção de incêndios em favelas em 2012 — ano que SP viveu a segunda maior seca da sua história. Passemos.

A narrativa da tragédia reiterada criou um analgésico em relação a esse mundo desautorizando qualquer expectativa de inovação.Nada. Exceto alguma melhoria incremental, impulsionada não por uma mudança intrínseca aos seus fundamentos, mas pela lenta aproximação do algoz, ‘o progresso’, que um dia se apossará do limbo, capitaneado pelas betoneiras do interesse imobiliário.

Os mais pobres entre os pobres serão catapultados então a um novo ponto cego, alhures.

A última vez que São Paulo quebrou o paradigma incremental em relação ao seus pobres foi na gestão da prefeita Marta Suplicy (2000-2004). Ela cometeu a heresia de criar CEUS, centros educacionais unificados,reunindo educação, lazer e cultura em estruturas com cara de primeiro mundo, espetadas no quintal escuro da metrópole.

O primeiro CEU foi inaugurado em agosto de 2003. Teve ácida recepção por parte da elite, mimetizada por um pedaço da esquerda.

O custo seis vezes superior ao de uma escola ‘normal’ ( R$ 30 milhões X R$ 5 milhões em valores atualizados) alimentou ressalvas: não seria melhor massificar a solução convencional em periferias pobres desprovidas de tudo?

Marta resistiu. Afrontou a idéia incremental de que reservar aos pobres poções adicionais da mesma gororoba que os fez pobres, possa levar a algum lugar que não a reprodução da mesma pobreza.

Marta fez 21 CEUS em quatro anos nas periferias distantes de SP.
A teimosia explica em parte a popularidade paradoxal da ‘madame’ rica e chique junto aos pobres, em contraste com o ódio que lhe dispensam a classe média, as elites e seus jornalistas de lavar, passar e engomar.
A teimosia da prefeita obrigou o consórcio Serra/Kassab a manter o projeto a contragosto. Em oito anos, a dupla fez mais 24 CEUs.

Apenas 10% dos alunos matriculados na rede municipal estudam nesses centros, que dispõem de creche, pré-escola e ensino fundamental, ademais de atividades extras propiciadas pela existência de teatro/cinema, oficinas, área verde, quadras e piscina.

A elite conservadora -e parte da esquerda– olha com má vontade o custo de manutenção do que classifica como ‘luxo’. Cada unidade custa R$ 6 milhões por ano.

O mesmo olhar de má vontade fuzila o custo do Bolsa Família, da reforma agrária, do SUS, da aposentadoria rural etc; enfim, tudo o que possa sugerir uma ruptura -ainda que modesta– com a lógica incremental, e o deslocamento extra de uma fatia dos fundos públicos aos pobres.

O congelamento das proporções é crucial para sustentar o principal argumento conservador, sancionado ingenuamente por parte da esquerda: “Se você fizer projetos caros para alguns pobres, faltará recurso para outros; vai aumentar a desigualdade”.

No limite significa o seguinte: se uma criança pobre comer o que deve para alcançar seu pleno desenvolvimento, pode causar a fome do colega ao lado.
É da essência do batustão que cada qual deve se virar com o que tem, sem cobiçar o do próximo.

Desenha-se a partir daí a dinâmica de reprodução de uma cidade dividida, que calcifica o seu futuro nas rédeas do passado.

Manter isso requer, às vezes, alguma truculência explícita.Um ícone desse esforço de circunscrição da pobreza nos seus limites foi o despejo recente da ocupação de Pinherinho, em São José dos Campos, SP.

Na maior ocupação urbana da América Latina viviam duas mil famílias, cerca de 9 mil pessoas. Foram cercadas e escoraçadas de volta para a rua por dois mil policiais militares do governo de São Paulo, em janeiro deste ano.

Bombas de gás, disparos de balas de borracha, cães e muita violência foram necessários para recuar os moradores aos limites do desabrigo e, desse modo, devolver a gleba ao labirinto das negociatas de um especulador endinheirado.

Não é preciso sancionar integralmente uma receita que encerra elementos polêmicos para reconhecer que o oposto disso tem uma referência de ousadia acontecendo nas favelas do Rio de Janeiro.

Na madrugada deste domingo, policiais do Rio, com apoio federal, ocuparam quatro das mais violentas favelas da cidade.

A chamada ‘Pacificação do Complexo de Manguinho’, um dos principais polos de distribuição de droga do país, começou às cinco horas da manhã.
Demorou dez minutos; não exigiu um único tiro.

Motivo: o amplo apoio da população animada com os desdobramentos sociais, urbanísticos e econômicos de ocupações semelhantes em outros morros da cidade.

Desde 2008, cerca de R$ 2 bilhões estão sendo investidos em obras de urbanização e infraestrutura em cinco grandes aglomerados de favelas cariocas.

As melhorias em geral são antecedidas da instalação de UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, presentes em 28 pontos. Até 2014, serão 48.
O Complexo do Alemão, por exemplo, com mais de 100 mil habitantes, foi tomado dos traficantes que tinham ali seu quartel general, no final de 2010.

Em junho de 2011 os moradores passaram a dispor de um sistema de transporte moderno e subsidiado; um desses luxos que atrai o olhar de má vontade das elites e de uma parte da esquerda.

O teleférico do Alemão tem 3,4 km de extensão, 30 bondinhos, 6 estações; atende 30 mil pessoas por dia. Interliga um dos maiores conjuntos de favelas do país à estação de trem e ao asfalto.

Objetivamente: reduz de mais de uma hora para apenas 20 minutos o tempo gasto pelo morador para sair de sua casa, agora em segurança, e tomar o trem em direção ao trabalho.

Os habitantes do Alemão tem direito a duas passagens gratuitas por dia. A partir da terceira pagam R$ 1 real pelo transporte subsidiado.

É uma pequeno exemplo de ruptura com a lógica incremental, mas um passo enorme na vida dessas pessoas.

Mereceu as críticas habituais, semelhantes em sua essência às disparadas contra os CEUs em São Paulo. ‘Obras de cunho espetacular que não alteram os bolsões de miséria no seu entorno’, diz o bordão conservador.

Não parece ser a opinião dos principais beneficiados. Os moradores das favelas urbanizadas no Rio deram a Dilma Rousseff uma votação inequívoca nas eleições de 2010 contra José Serra. O mesmo ocorreu em grande parte da periferia de São Paulo em relação a Haddad, no primeiro turno do pleito municipal deste ano.

A candidatura do PT em São Paulo deveria refletir sobre esses dados.E extrair daí as consequências propositivas que afrontem a lógica dos interesses que calcificam o batustão paulistano com políticas ‘incrementais’,e se arrancham em torno da candidatura Serra.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

É preciso vomitar o "sapo barbudo"


Por Roberto Amaral, na CartaCapital:

Quem quiser, no que resta de esquerda brasileira, que construa castelos de areia sobre a ilusão do fim da luta de classes, ou da conciliação dos interesses populares com a burguesia reacionária, rentista, quatrocentona, de nariz arrebitado e cartórios na Avenida Paulista. Nossas ‘elites’ conservadoras têm consciência de classe, mais aguda e mais profundamente que os dirigentes da Força Sindical. A classe dominante (vai a expressão em desuso como homenagem ao sempre saudoso Florestan Fernandes) conhece seus objetivos e sabe escolher os adversários segundo a ‘periculosidade’ que atribui a cada um. Uns são adversários passageiros, ocasionais, outros são inimigos históricos, que cumpre o quanto antes eliminar.

Lula, considere-se ele intimimamente de esquerda ou não, socialista ou não, é, independentemente de sua vontade, esse inimigo fundamental: de extração operária (daí, contrário senso, a boa vontade da classe média com Dilma, pois não vem do andar de baixo) está, no campo da esquerda, no campo popular e no campo das lutas sociais. Para além, portanto, das reivindicações econômicas do sindicalismo, quando chegou a encantar certos setores da burguesia que nele viam então apenas uma alternativa sindical aos cartéis do “peleguismo”, dóceis, e do que restava de varguismo e comunismo. 

Hoje, queira ou não, continua a ser o “sapo barbudo” que a direita foi obrigada a engolir, mas está sempre tentando regurgitar. A direita — impressa ou partidária (esta sob o comando daquela, ambas mercantis, desligadas do interesse nacional) –, ao contrário de certos setores pueris de nossa esquerda, age em função de seus objetivos estratégicos e em torno deles se unifica. Recua, quando necessário, em pontos secundários em face de dificuldades conjunturais para avançar no fundamental, exercitando a lição leninista do “um passo atrás, dois à frente”. Muitos de nós operam na inversão da frase.

No governo, cingido à realidade fática da “correlação de forças”, nosso governo (o de coalisão liderado pelo presidente Lula, que abarcou todos os partidos de esquerda e mais os apêndices que foram do centro à direita assistencialista) não realizou as reformas políticas, da estrutura estatal, que poderiam, passo a passo, abrir caminho para uma efetiva, ainda que a médio e longo prazos, alternância de poder.

Neste ponto, conciliou com mais competência que Vargas e Jango (pois se manteve no poder e o conservou ao fazer sua sucessora), para realizar o que não conseguiram esses seus antecessores, atingidos que foram por golpes de Estado, do que Lula se livrou em 2005. O governo Lula realizou, porém, o inaceitável: transferir o centro ideológico dos interesses do Estado para as maiorias marginalizadas pelo capitalismo predador, o que o tornou inimigo estratégico da nossa carcomida direira. E, audacioso – rompendo com o complexo de vira-latas das ‘elites’ econômicas alienadas ao forâneo–, construiu (salvas a Amorim-Samuel-Marco Aurélio) uma inserção soberana no cenário internacional, rompendo com décadas de submissão aos interesses externos, cujo exemplo maior é oferecido pelas administrações dos dois Fernandos. Ao contrário de Jânio, que acenava no plano externo com uma política independente para no campo interno realizar uma política recessiva e anti-popular, Lula, que encontrou falido o país de FHC, rompe com a submissão recessivista para colocar o Brasil na rota do desenvolvimento com distribuição de renda, incorporando à cidadania milhões de brasileiros até então marginalizados.

Para a burguesia reacionária essa política soou como um rompimento com a “Carta aos brasileiros”, e era o sinal para a tentativa de desestabilização do governo.

Tudo o que se segue é história recente, daí decorrente.

Nada de novo, portanto.

A direita brasileira foi sempre, é, e sempre será golpista. Não podendo derrotar Vargas, impos-lhe o golpe-de-Estado de agosto de 1954, consumado com a posse de Café Filho e o governo reacionário – leia-se anti-nacional - de Eugênio Gudin-Eduardo Gomes-Juarez Távora. Derrotada pelo povo na tentativa de impedir a posse de Jango, impôs-lhe o golpe de Estado de 1964, abrindo as portas para a ditadura militar. O grande legado histórico da UDN e da “grande imprensa”. Antes, por cinco anos, tentara, inclusive com insurreições militares e seguidos pedidos de impeachment (e a oposição dos jornalões de sempre) desestabilizar o governo JK. Ora, se o presidente era um quadro do pessedismo conservador, tinha como vice-presidente o inaceitavel Jango e sua administração apoiada pelos comunistas. Em 1954, para fazer face ao nacionalismo de Vargas, a direita inventou um “mar de lama”, que, como as armas de Saddam Hussein, jamais existiu. Em1964 a aleivosia foi uma “conspiração comunista” que a simples fragilidade do governo, derrubado sem resistência, revelou fantasiosa. Agora, e como sempre, os herdeiros do golpismo, aprendizes medíocres do lacerdismo anacrônico, investem na injúria e na mentira para tentar denegrir a honra do mais importante líder popular contemporâneo.

Eis um inimigo que precisa ser destruído, como a era Vargas que FHC prometeu apagar da história.

Uma notória revista de questionável padrão ético, alimentada por “segundo consta” e “segundo teria dito” um réu da ação penal 470, procura, uma vez mais e não pela última vez, politizar o julgamento do “mensalão”, tentando aproximá-lo do ex-Presidente. Este objetivo é perseguido, incansavelmente, mediante, intrigas e futricas, desde 2005.

A imprensa levanta a tese, e, como respondendo a um reflexo condicionado, como o cão de Pavlov, os Partidos de direita assumem a acusação leviana como bandeira de lutas.

Estranha história: são as atuais forças da reação – PSDB e DEM (e o penduricalho do PPS) — as fundadoras, no primeiro governo FHC, da grande fraude que foi a compra de votos para assegurar a imoral aprovação da emenda permissiva da reeleição. Foi o PSDB que, no governo de Eduardo Azeredo, com os personagens de hoje, fundou o “mensalão”. Foi o DEM do “mosqueteiro” Demóstenes quem deu sustentação à quadrilha de Cachoeira e foi o DEM de Arruda quem instalou o “mensalão”, no Distrito Federal. São essas as forças que apontam o dedo sujo na direção do presidente Lula.

A história não se repete, sabemos (a não ser como tragédia ou farsa) mas no Brasil ela é recorrente: direita impressa, meramente mercantil ou partidária, ou seja, a direita em quaisquer de suas representações, reiteradamente derrotada nas urnas, está sempre em busca de uma crise política salvadora, que a leve ao poder, pelo golpe inclusive, já que pelo voto não o consegue. A infâmia, a mentira, a calúnia, são, no caso, preços moralmente irrelevantes que a reação brasileira está disposta a pagar para “varrer a era Lula”.

O mundo está menor. Semana passada chegou a temida notícia da morte de Carlos Nelson Coutinho, certamente o mais importante filósofo de minha geração. Só nos resta chorar nossa solidão crescente.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Brasil rechaça arrogância dos EUA


Editorial do sítioVermelho:

O Brasil respondeu à altura ao representante de Comércio Exterior do governo dos EUA, Ron Kirk, que enviou ao Itamarati uma carta impertinente e mal educada criticando as medidas tomadas pelo governo para proteger a economia nacional.

Na carta, os norte-americanos pedem ao Brasil que volte atrás nessa decisão, considerada por eles como "protecionista". Ron Kirk argumentou que as medidas "vão contra os esforços mútuos" de liberalizar o comércio no âmbito mundial, "erodem" as negociações comerciais multilaterais e prejudicariam "significativamente" as exportações dos EUA em áreas "cruciais" da sua pauta de exportações. "Os aumentos de tarifa significativamente restringem o comércio a partir dos níveis atuais e claramente representam medidas protecionistas", escreveu.

Além da crítica às medidas tomadas por um governo cioso da soberania nacional, a carta trouxe algumas ameaças muito claras, falando em “responder na mesma moeda”, e manifestando, “em termos fortes e claros”, a preocupação dos Estados Unidos em relação às medidas tomadas pelo Brasil (e também pelo Mercosul!).

A resposta brasileira foi uma clara e direta reafirmação da soberania brasileira e de repúdio contra a arrogância. Segundo o Itamaraty, a carta é "injustificável" e "inaceitável". "Não gostamos nem do conteúdo nem da forma. Consideramos injustificadas as críticas, não têm fundamento", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores. Trata-se, enfatizou, de uma forma de comunicação que “não é aceitável, não ajuda e não reflete” o “bom relacionamento" entre os dois países.

No passado, os governos brasileiros foram, quase sempre, submissos às pressões vindas de Washington, principalmente durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

Isso mudou, como a resposta do Itamaraty confirma e o Brasil não aceita mais a bisbilhotice estrangeira nos negócios nacionais. A tomada de decisões em defesa da economia brasileira não ultrapassou os parâmetros estabelecidos pela Organização Mundial do Comércio (OMC), uma vez que a nova alíquota média para taxar as importações, que passou dos 12% para 25% para produtos industrializados estrangeiros, está muito abaixo do limite de 35% estabelecido por aquela entidade. 

As novas alíquotas representam medidas de defesa contra medidas predatórias dos países ricos e dos EUA que, elas sim, ameaçam o desenvolvimento brasileiro. São medidas necessárias e soberanas, e o julgamento sobre sua conveniência cabe apenas às autoridades brasileiras. A reação dos EUA contra elas, considerada “absurda” pelo ministro da Economia Guido Mantega, revela uma pretensão de mando e submissão superada, que o Brasil não aceita, nem pode aceitar.

sábado, 22 de setembro de 2012

Arthur Virgílio contratou Noblat?


Por Altamiro Borges, em seu blog

O tucano Arthur Virgílio está desesperado. Depois da derrota nas eleições para o Senado em 2010, ele agora corre o risco de perder a disputa para a prefeitura de Manaus. Pesquisa Ibope divulgada ontem apontou que a candidata Vanessa Grazziotin (PCdoB) subiu dez pontos nas intenções de voto e empatou com o rival do PSDB. Já a projeção para o segundo turno indica a vitória da senadora – 43% a 39%. No desespero, o “valentão” partiu pra baixaria e já conta com a “assessoria de imprensa” de Ricardo Noblat, do jornal O Globo.

Nesta semana, o blogueiro da famiglia Marinho postou vários artigos para tentar evitar o novo fiasco de Arthur Virgílio. Até parece que ele foi contratado pelo tucano. Ele tenta estancar a sangria causada pela agressão à senadora promovida por um cabo eleitoral do PSDB na semana passada. O jagunço cuspiu no rosto de Vanessa, num gesto repugnante registrado em fotos e que resultou em um inquérito policial. Diante do desgaste, o tucano alegou que o episódio foi uma “farsa”.  E Noblat, numa atitude nada nobre, repete a sua versão.

O "espantoso cinismo" de Noblat

O seu artigo mais asqueroso foi publicado hoje (21), no final da tarde. Noblat, que fez tanto escarcéu no episódio da “bolinha de papel” que atingiu José Serra nas eleições de 2010, não condena a cusparada contra Vanessa. Pelo contrário. Ele critica o “espantoso cinismo da senadora”. Isto porque num primeiro momento a mídia do Amazonas divulgou que ela fora atingida por ovos. Para o jornalista, não foram ovos, mas cuspes! Daí a “farsa”. Na ótica partidarizada de Noblat, “o ovo não passara de cuspe”!

A assessoria da senadora já havia movido ação na Justiça contra Ricardo Noblat. Magoado, o “assessor de imprensa” de Arthur Virgílio postou um texto ainda mais agressivo, que pode até ser acusado por machismo e estímulo à violência. Na prática, esta atitude só revela que bateu o desespero no tucano e no seu blogueiro do jornal O Globo. A pesquisa Ibope confirma o favoritismo de Vanessa Grazziotin. E ela foi realizada antes do comício de Lula em Manaus, nesta quarta-feira, que reuniu mais de 30 mil pessoas.

A pesquisa não refletiu o impacto da visita, que agitou Manaus e animou ainda mais os apoiadores da senadora. Virgílio já estava empacado por duas razões. A primeira foi uma ação no STF do governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) contra a Zona Franca, que refrescou a memória dos eleitores de que o PSDB foi responsável pela destruição de fábricas e empregos na região. A segunda foi a agressão promovida pelo cabo eleitoral do tucano. O impacto da visita de Lula deverá irritar ainda mais a dupla Arthur-Noblat!

domingo, 16 de setembro de 2012

Tucanada Paulista gastou R$ 609 milhões com publicidade.Adivinha com que? Plim-Plim


Por Ricardo Mendonça, no Folha 

Em 5 anos, SP gastou R$ 609 milhões com publicidade
Total equivale a 30% do gasto da União; auge foi na 2ª metade do governo Serra, quando ele era candidato a presidente


Entre 2007 e 2011, o governo do Estado de São Paulo gastou R$ 608,9 milhões com publicidade. O valor equivale a cerca de 30% do total gasto pela União no período. Ou seis vezes o investimento da Secretaria da Cultura em 2011.
Os dados foram obtidos pela Folha com base na Lei de Acesso à Informação. Um conjunto de planilhas mostra, ano a ano, o quanto foi investido em cada veículo de comunicação. Os valores, corrigidos pela inflação pela reportagem, tratam apenas das secretarias. Não computam a publicidade de fundações, autarquias e estatais, como o Metrô e a Sabesp.
O auge dos foi em 2009 e 2010, quando o então governador José Serra (PSDB), que hoje disputa a prefeitura, era candidato a presidente. Em 2009, foram R$ 173 milhões em anúncios, quase o triplo de 2007, início de sua gestão.
Em 2010, o desembolso total recuou 9%. Mas considerando a norma que proíbe publicidade estatal nos três meses que antecedem a eleição, a média dos nove meses permitidos de 2010 acabou sendo o recorde dos cinco anos: R$ 17,6 milhões por mês.
No primeiro ano do atual mandato de Geraldo Alckmin (2011), o gasto anual caiu 55% em relação a 2010. Ainda assim, foi 17% maior que 2007.
Dos R$ 608,9 milhões gastos em cinco anos, quase 70% pagou anúncios para TVs. Rádios de mais de 200 municípios levaram 17,1%. Em seguida aparecem os jornais (7,7%) e as revistas (2%). Outros tipos de mídia captaram 3,5%.

As emissoras com sinal aberto da Globo (capital e afiliadas) foram destinatárias de R$ 210 milhões, 49,5% de total em TVs. Pelo Ibope, porém, elas tiveram audiência sempre abaixo disso. A proporção de aparelhos ligados na Globo caiu de 41%, em 2007, para 38%, em 2011.
Entre os jornais, a Folha aparece como o segundo veículo em destinação de anúncios, com R$ 4,4 milhões. O "Estado de S. Paulo" está associado a valores que totalizam R$ 4,7 milhões. As revistas da Folha ("sãopaulo" e "Serafina") somam R$ 172 mil.
A assessoria do governo disse que não considera 2010 como ano de maior gasto, pois não reconhece a aferição da média mensal, já que o Orçamento do Estado é anual.
Afirmou que a publicidade "se justifica pela necessidade informar a população sobre programas e serviços, como campanhas de vacinação, prevenção [...] entre outros".
Sobre a Globo, sugeriu que a emissora recebeu mais que seu padrão de audiência porque teria veiculado uma proporção maior de anúncios em horários em que sua audiência é maior que sua média.

AGÊNCIAS

Nem todo o dinheiro do governo gasto com publicidade remunera os veículos. Conforme as regras do setor, 20% do valor de cada anúncio fica com a agência contratada pelo anunciante.
No caso paulista, a principal agência responsável por anúncios do governo é a Lua Propaganda, vencedora de uma licitação de 2007. As outras são a Adag e a Contexto.
Titular de um contrato estimado em R$ 34,6 milhões por ano (a remuneração é variável pois depende de quanto é anunciado), a Lua está registrada no nome do publicitário Rodrigo Gonzalez e três sócios. Rodrigo é filho de Luiz Gonzalez, o marqueteiro das campanhas eleitorais de Serra e Alckmin.
Além da conta principal do governo, a Lua ainda responde pela publicidade da Dersa (empresa rodoviária do Estado) e do Nota Fiscal Paulista, programa vitrine do governo.

sábado, 15 de setembro de 2012

Globo concentra verba publicitária


Da revista CartaCapital:

CartaCapital tem sido sistematicamente acusada de receber enormes quantias em publicidade do governo federal para defendê-lo. A revista seria “chapa-branca”, como gostam de repetir alguns. Aos que costumam se fiar neste argumento para nos atacar, recomendamos a leitura dos dados de investimentos publicitários da União publicados pela Folha de S. Paulo nesta quinta-feira 13. A lista, disponibilizada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e compilada pelo jornal, mostra quem é quem entre os beneficiários de recursos oficiais de publicidade. Primeira constatação: dez veículos de comunicação concentram 70% do dinheiro. CartaCapital não está neste grupo. Cerca de 3 mil veículos recebem anúncios federais.


De um total de 161 milhões de reais repassados a emissoras de tevê, rádios, jornais, revistas e sites desde o início do governo Dilma Rousseff, 50 milhões foram direcionados apenas à tevê Globo. Ainda entre as emissoras, a Globo Comunicação e Participações LTDA. recebeu 833,8 mil reais e a Globosat Programadora, 810,3 mil. Isso soma cerca de um terço de toda a verba publicitária do governo federal. A família Marinho recebe ainda por: Rádio Globo (730 mil), Infoglobo, que edita O Globo e o Extra, 927,4 mil, Globo Participações, que cuida das operações na internet, 952,9 mil. O jornal Valor Econômico, do qual o grupo detém 50%, embolsou 164 mil. E a Editora Globo, responsável pela revista Época, 479 mil.

Os dados se referem aos investimentos da administração direta federal. Não entram na lista empresas públicas como a Petrobras e a Caixa Econômica Federal.

A Editora Confiança, que edita CartaCapital, recebeu no período 118 mil reais, quase dez vezes menos do que a Editora Abril (1,3 milhão).

O Grupo Folha aparece na lista com 585 mil reais aplicados na Folha de S. Paulo e 892 mil no UOL.

A seguir, a lista completa divulgada pela Secom

*****

TVs

Globo Comunicação e Participações S.A – 50.029.241,00

Rádio e Televisão Record – 23.390.960,00

TV SBT Canal 4 de São Paulo – 19.394.613,00

Rádio e Televisão Bandeirantes – 6.328.810,00

TV Ômega (RedeTV!) – 3.197.261,00

Turner Broadcasting System Latin América – 1.204.555,00

Associação de COM.ED. Roquette Pinto (TVE) – 1.027.887,00

Globo Comunicação e Participações L.T.D.A – 833.803,00

Globosat Programadora – 810.281,00

Fox Latin American Channels Brasil – 728.587,00

Rádios

Rádio Panamericana (Jovem Pan) – 1.396.541,00

Rádio Excelsior – 1.129.999,00

Rádio Globo de São Paulo – 730.475,00

Rádio 99 FM Stereo – 539.143,00

Rádio SP-Um – 498.990,00

Rádio e Televisão Bandeirantes – 498.301,00

Rádio Transamérica Brasília – 419.723,00

Kalua Comunicações e Serv. De Publicidade – 408.788,00

Rádio Eldorado – 379.773,00

Rede Católica de Radiodifusão – 349.394,00

Jornais

Infoglobo Comunicação e Participações – 927.474,00

Estado de S.Paulo – 656.394,00

Empresa Folha da Manhã – 585.051,00

SP Publimetro – 259.275,00

Sempre Editora – 249.444,00

Correio Braziliense – 192.822,00

Empresa Editora A Tarde – 182.985,00

Valor Econômico – 164.017,00

Editora Jornal do Commercio – 159.230,00

Estado de Minas – 152.874,00

Internet

Microsoft Informática – 1.285.962,00

Globo Comunicação e Participações – 952.950,00

Universo Online (UOL) – 892.553,00

Yahoo do Brasil Internet – 712.296,00

Terra Networks Brasil – 651.662,00

Fox Latin American Channels Brasil – 491.821,00

Internet Group do Brasil – 444.632,00

Editora Abril – 352.729,00

O Estado de S.Paulo – 337.686,00

Editora Globo – 137.448,00

Revistas

Editora Abril – 1.296.649,00

Editora Globo – 479.060,00

Três Editorial (Isto É) – 266.201,00

Editora Confiança (CartaCapital) – 118.794,00

Editora Escala – 99.444,00

Editora Brasil 21 – 70.889,00

Elifas Andreato Comunicação Visual – 66.666,00

AS Pedreira – Agência Jornalística – 66.528,00

Padrão Editorial – 55.575,00

Editora Alvinegra (Piauí) – 55.110,00 

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Fantástico ataca farmácias populares


Por Altamiro Borges, em seu blog

O programa Fantástico, da TV Globo, exibiu na noite de domingo uma longa reportagem sobre a corrupção nas farmácias privadas com dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS). As denúncias devem ser apuradas e os criminosos, que desviam recursos públicos e penalizam a sociedade, devem ser exemplarmente punidos. A matéria, porém, faz uma crítica generalizada as chamadas "farmácias populares", criadas no governo Lula para garantir acesso a medicamentos para a população mais carente.

Diante deste ataque, a Federação Nacional dos Farmacêuticos (Fenafar) divulgou hoje "nota de repúdio à reportagem do programa dominical da Rede Globo" e "em defesa do interesse público, da saúde e dos farmacêuticos". Ela é assinada pelo presidente da entidade, Ronald Ferreira dos Santos. Reproduzo-a na íntegra:

*****

A categoria farmacêutica, sabedoura de sua responsabilidade com a saúde do povo brasileiro, desde o início da década de 90 do século passado, colocou como sua prioridade máxima a luta pela transformação da Farmácia de comércio em um estabelecimento de saúde.

Em um país aonde o gasto das famílias (privados) com saúde representam 55% de toda a renda - e para as famílias que recebem até quatro salários mínimos os medicamentos representam mais de 60% dos gastos com saúde - medidas na direção de colocar o medicamento em uma posição estratégica na garantia do Direito à Saúde são fundamentais.

Dados de 2011 do SINDUSFARMA-SP demostram que 77% das aquisições de medicamentos se deram por desembolso direto do cidadão nas farmácias e drogarias brasileiras, e o volume de 62 bilhões de reais que circularam no comércio varejista de produtos farmacêuticos, que o IBGE conseguiu identificar, é o mesmo valor do total que o Governo Federal aplicou em ações e serviços de saúde em 2010.

Portanto, o papel do medicamento, dos Farmacêuticos e das Farmácias merecem das autoridades, da imprensa e das organizações da sociedade uma atenção maior e mais responsável. Ao abordarmos os desafios contratados em nossa Constituição Federal - particularmente no que diz respeito à Ordem Econômica, que se fundamenta na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, e que tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados diversos princípios, entre os quais a Função Social da propriedade - verificamos algumas contradições na atual conformação do setor farmacêutico nacional.

No Brasil, a diferença da natureza da atividade econômica Comércio com atividade econômica Saúde ganhou maior destaque a partir da Constituição de 1988 - que elevou a Saúde à categoria de Direito. Porém, infelizmente, o que ainda preside a lógica do acesso aos medicamentos, elemento essencial na garantia do direito à saúde, é o interesse comercial. Interesses que os números revelam serem muito poderosos.

Nós, farmacêuticos, desenvolvemos há mais de 15 anos a campanha “Farmácia Estabelecimento de Saúde. Sua vida não tem preço” . Por mais de três vezes já ocupamos a esplanda dos Ministérios, em Brasília, o Congresso Nacional, centenas de Praças, Universidades, espaços legislativos, e estivemos presentes em eventos diversos para afirmar que os Farmacêuticos Brasileiros, que a Farmácia Brasileira e que o medicamento devem estar inseridos nas ações e estratégias que garantam o direito à Saúde.

Com o advento da Farmácia Popular do Brasil e do Aqui tem Farmácia Popular, testemunhamos importantes avanços, entre eles o estabelecimento do compromisso desta atividade econômica com ações estratégicas de saúde em relação à Hipertensão, Diabetes e Asma. Milhões de brasileiros que antes não tinham acesso aos mediamentos passaram a ter, é claro que em uma atividade na qual predomina o interesse meramente mercantil os riscos de desvios estão sempre presentes.

Nós Farmacêuticos repudiamos e condenamos todo e qualquer malfeito com dinheiro público, mas também todo e qualquer malfeito com o dinheiro privado, particularmente aquele que foi conseguido com muito suor pelo trabalhador brasileiro e é deixado na Farmácia.

Nós farmacêuticos temos buscado nos preparar cada vez mais para as nossas reponsabilidades, temos dado uma grande contribuição para a melhoria da qualidade de vida do povo brasileiro, voltando a ocupar com maior destaque o espaço das Farmácias, resgatando nosso papel de profissional da saúde, e podemos hoje afirmar com convicção que a sociedade pode confiar em nosso trabalho. Agora, quanto aos comerciantes inescrupulosos que apenas carregam o título de farmacêutico, para eles defendemos o mesmo tratamento que qualquer criminoso merece, lembrando que 66% dos farmacêuticos são empregados.

Não só porque o “Saúde não tem preço” reforça o movimento dos farmacêuticos brasileiros, é que nos manifestamos favoravelmente ao Farmácia Popular, mas principalmente por se tratar de uma iniciativa que permite colocar a discussão sobre o acesso aos mediamentos sob uma ótica não presidida pelo interesse mercantil, e possibilita pautarmos entre outros temas de grande relevância a Farmácia Estabelecimento de Saúde e a tributação sobre medicamentos, o que ao nosso entender significa defender o Interesse Público, a Saúde e os Farmacêuticos.

Ronald Ferreira dos Santos - Presidente da Fenafar - Federação Nacional dos Farmacêuticos

QUANDO O STF VAI JULGAR A PRIVATARIA ?


Por Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada

Até agora, a única relação da Privataria Tucana com a Justiça é o processo que movem o Padim Pade Cerra, Daniel Dantas e o PSDB contra o autor da denúncia, o jornalista Amaury Ribeiro Jr, cuja qualidade o Merval já exaltou.

Quando o Procurador Roberto Tênue Gurgel vai ler pelo menos um dos exemplares da Privataria que o Edu, gentilmente, lhe enviou ?

O PiG (*) saúda entusiasmado que o STF vai botar os (pobres, pretos, p… e) petistas na cadeia:

Segundo a Folha, “provas” obtidas em CPI – como por exemplo, provavelmente, a acusação do Thomas Jefferson ao José Dirceu, na CPI dos Correios – passam a valer para condenar (pobres, pretos, p… e) petistas.

Da mesma forma, a profilaxia do Supremo passou a dispensar o “ato de ofício”.

batom na cueca.

Basta “o conjunto da obra”.

Mesmo que aí se localizem apenas provas “tênues”, como recomenda o Roberto Tênue Gurgel.

Se for em nome da extinção da corrupção no sistema eleitoral brasileiro, que ótimo !

Alvíssaras !

Agóóóra a coisa vai !, dizia meu chefe Tarso de Castro, na Interpress.

Vamos ver como se comportarão o PiG (*) e o Supremo na Privataria, no mensalão tucano, na Lista de Furnas.

Vamos ver se sobrevive a nova jurisprudência anti-corrupção quando se sentarem (se, se sentarem) no banco dos reus brancos de olhos azuis.

Chega de corrupção !

Ninguém aguenta mais !

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Veja é acusada de inventar entrevista


Do sítio da CartaCapital:

O jornalista Renato Maurício Prado, do jornal O Globo, acusou a revista Veja de inventar uma entrevista com ele publicada na coluna “Beira-Mar”, da Veja Rio. A entrevista tratava da saída de Prado do canal SporTV, provocada por uma discussão, ao vivo, entre ele e o locutor Galvão Bueno. Depois da discussão, o canal decidiu não renovar o contrato de Prado.

“Não dei entrevista alguma à Veja Rio“, escreveu Prado em seu blog na terça-feira 28. O jornalista admitiu que conversou com uma repórter da publicação, mas que a conversa não era verídica. “Expressões a mim atribuídas, tais como ‘mundinho da TV’, ‘já deu’ e ‘o que passou, passou’, jamais saíram da minha boca”, afirmou. “O falso ‘pingue-pongue’ publicado na coluna ‘Beira-Mar’ me coloca dizendo até que continuarei fazendo ‘o meu programa na CBN’ — algo que nunca tive. Apenas participava do CBN Esporte Clube, comandado por Juca Kfouri, e extinto há mais de dois anos! Hoje em dia, faço comentários na Rádio Globo. Para finalizar, usaram, dando a impressão de que eu posara para a Veja, uma das fotos que fiz para a minha coluna no Globo. Em suma, um engodo…”, escreveu o jornalista.

Prado e Galvão Bueno brigaram durante uma mesa-redonda realizada durante os Jogos Olímpicos de Londres. O programa recebia Marcus Vinícius Freire, superintendente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e medalhista de prata no vôlei nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Prado, então, afirmou no ar que Galvão Bueno atribuía a conquista do Brasil ao boicote feito pelos países socialistas naquela edição dos Jogos. Galvão Bueno ficou indignado com o comentário e os dois discutiram no ar. Depois disso, Prado se recusou a voltar ao programa e rompeu com a SporTV. 

Pagot acusa a Veja. Silêncio na mídia!


Por Altamiro Borges, em seu blog

Em depoimento nesta semana na CPI do Cachoeira, Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit, afirmou com todas as letras que o mafioso bancou reportagem na revista Veja para tirá-lo do cargo. “O contraventor [Carlos Cachoeira] mais um representante da Delta [Claudio Abreu] se uniram a um jornalista [Policarpo Júnior] para me derrubar”, desabafou. No Reino Unido, denúncias similares levaram Rupert Murdoch, imperador da mídia, ao banco de réus. No Brasil, o depoimento sequer virou notícia nos jornalões e nas emissoras de tevê.

Pagot deixou o governo em julho de 2011 em decorrência de denúncias contra o Ministério dos Transportes. Uma matéria da Veja foi o estopim da crise e da exoneração. O ex-diretor do Dnit foi acusado de superfaturar obras e receber propinas. “Foi um episódio amargo na minha vida. Sentia-me um morto vivo, um fantasma. Quando começo a me reestabelecer, tive a brutal notícia que um contraventor e um agente de uma empresa seriam os responsáveis pela reportagem que gerou o afastamento e posteriormente a exoneração”.


"Enfiei tudo no r... do Pagot", diz Cachoeira 

Questionado pelo relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), sobre as razões desta trama, Pagot afirmou que ela ocorreu devido a sua postura diante da construtora Delta, braço da quadrilha de Cachoeira. “Era pela atuação que vinha tendo ao Dnit, não dava vida boa a nenhuma empreiteira e prestador de serviço. Era muito exigente. Penso que por isso eles patrocinaram essa matéria jornalística para me tirar do Dnit”. Ele garantiu que a sua queda foi fruto de um complô envolvendo a quadrilha de Cachoeira, a Delta e a Veja!

Gravações da Polícia Federal reforçam esta tese. Numa delas, Carlinhos Cachoeira confirma para o diretor da Delta, Claudio Abreu, que “plantou” informações na Veja para favorecer a construtora. “Enfiei tudo no r... do Pagot”, gaba-se o mafioso ao telefone. Apesar dos fortes indícios da ligação da revista com o crime organizado, nada é feito para apurar os fatos. O depoimento de Pagot sequer aparece no noticiário. Nenhuma linha, nenhuma palavra, nada nos jornalões, revistonas e emissoras de rádio e televisão.

O pacto mafioso da imprensa

De forma seletiva, a mídia pinça apenas o que interessa aos seus propósitos políticos – como a afirmação de Pagot de que participou do esquema de arrecadação de fundos para a campanha de Dilma Rousseff. Ele também disse que a Dersa, então dirigida por Paulo Preto, um dos “arrecadadores” de Serra, tentou desviar dinheiro do Dnit para a campanha tucana. Mas isto não virou manchete. Assim como as denúncias contra a revista Veja também sumiram. Desta forma, os barões da mídia mantêm o seu pacto mafioso!