quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Oban cabocla nos rincões dos Mendes

Poe Leandro Fortes, no sítio Brasília, eu vi


Esse fascitóide de quinta categoria se chama Márcio Mendes. É um técnico rural que a família do ministro Gilmar Mendes, do STF, mantém como cão raivoso na emissora de TV do clã para atacar adversários e inimigos políticos. A TV Diamante, retransmissora do SBT, é, acreditem, uma concessão de TV educativa apropriada por uma universidade da família do ministro. Mendes, vcs sabem, é o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para o exercício de jornalistas. Vejam esse vídeo e vocês vão entender, finalmente, a razão. Esse cretino que apresenta esse programa propõe a criação de um grupo de extermínimo para matar meninos de rua. Pede ajuda de empresários e comerciantes para montar um “sindicato do crime”, uma espécie de Operação Bandeirante cabocla, para “do nada” desaparecer com esses meninos. E preconiza: “Faz um limpa, derrete tudo e faz sabão”.

Repito: trata-se de transmissão em concessionária educativa na TV da família de um ministro do Supremo Tribunal Federal. Eu denunciei isso, faz dois anos, na CartaCapital, em uma das matérias sobre os repetidos golpes que o clã dos Mendes dá para derrubar o prefeito eleito da cidade de Diamantino, que ousou vencer a família do ministro nas urnas. Vamos ver o que diz o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal, a respeito. Seria bom saber qual a posição do SBT, também.

FHC apunhala Serra, o “revitalizado”


Por Altamiro Borges, em seu blog


A entrevista de FHC no Estadão de terça-feira (28) deveria servir de alerta para os eleitores paulistanos e, principalmente, para o senador Aécio Neves, que parece viver embriagado. Nela o ex-presidente diz que a disputa para a prefeitura da capital “revitaliza” Serra e o incentiva para as eleições de 2014. A manchete do Estadão tira qualquer ressaca: “Serra ainda pode disputar a Presidência, indica FHC”.

De Nova Iorque, onde concedeu a entrevista para o jornalista Gustavo Chacra, FHC pode ter bagunçado as dissimulações do ex-governador e de seus fiéis capachos – como Gilberto Kassab. Um dia antes, o pragmático prefeito da capital paulista havia jurado de pé junto que José Serra “abandonará” seu projeto de ser novamente candidato a presidente da República.

Ex-presidente bagunçou a camuflagem


O objetivo de Kassab era convencer os eleitores de que Serra não trairia novamente os paulistanos, abandonando a prefeitura na metade da gestão, e também acalmar o rival tucano Aécio Neves. Mas FHC bagunçou a camuflagem. Segundo ele, Serra ganha força ao disputar a eleição de outubro próximo e, mais do que nunca, está novamente no páreo para a sucessão presidencial. Veja alguns trechos:


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O senhor mencionou que o senador Aécio Neves (MG) é o candidato óbvio do PSDB para 2014.

Foi uma pergunta feita pela revista The Economist: quem é o candidato óbvio? Eu respondi que o Serra vai sair candidato, não vai desistir. E eles perguntaram quem seria o outro. É o Aécio. É uma coisa que todo o mundo sabe. São os dois que estão despontando com mais força.

Mas com o Serra se candidatando a prefeito...

Abre espaço para outra candidatura a presidente. Agora, sempre tem que colocar aquela cláusula de prudência. A política é muito dinâmica. O Serra pode ganhar ou pode perder. Nos dois casos, o fato dele ser candidato agora reforça a presença dele como um líder. Todo líder político, enquanto quiser se manter ativo na política, tem de ter a expectativa de poder. Tem que ser candidato.

O Serra, ao tomar a decisão de se candidatar (para a Prefeitura), volta à cena política com força. Onde ele é necessitado neste momento? Onde o partido o vê com bons olhos neste momento? É aí (na Prefeitura). Isso significa que amanhã ele não pode ser outra coisa? Não.


Mas não pega mal para o Serra, que já foi prefeito uma vez e saiu para se candidatar (o tucano deixou a Prefeitura em 2006, para disputar a Presidência, e o governo do Estado, em 2010, para mais uma vez entrar na disputa presidencial)?

Ele vai tomar as precauções devidas porque ele tem de ganhar a eleição. Provavelmente ele vai reafirmar a disposição dele (de permanecer na Prefeitura). Mas não vi, não falei com ele. Política não é uma coisa em que o horizonte se fecha. De repente, o que estava fechado se abre. Acho que a decisão do Serra foi a mais adequada neste momento para ele e para o partido. Dá a chance para o partido ganhar e dá a ele uma revitalização política.


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"Precauções para ganhar a eleição"

Com escancara o "sincero" ideólogo tucano, Serra, Kassab e outros direitistas vão "tomar as precauções devidas para ganhar a eleição". Ou seja: vou mentir novamente para os eleitores. Além disso, vão tentar abrandar, temporariamente, a disputa interna no PSDB entre Serra e Aécio. Depois, afirma o teórico FHC, "o horizonte não se fecha" e Serra pode retornar sua eterna briga pela presidência da República.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Otan deixou imigrantes africanos à deriva no Mediterrâneo, denuncia jornal


Por Marina Terra, do Opera Mundi

Sessenta e um imigrantes africanos morreram no Mar Mediterrâneo a bordo da embarcação em que viajavam em direção à Itália, após militares europeus e unidades da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) terem ignorado pedidos de ajuda, denunciou nesta segunda-feira (09/05) em sua edição on-line o jornal britânico The Guardian.

O episódio teria acontecido em março. Na ocasião, o barco — que levava 72 pessoas, incluindo mulheres e crianças –, sofreu uma avaria após deixar o porto de Trípoli, na Líbia, com destino à ilha italiana de Lampedusa, ponto mais setentrional da Itália.

Apesar dos repetidos pedidos de socorro enviados à guarda costeira italiana e de um contato feito com um helicóptero e um navio de guerra da Otan, ninguém ajudou os imigrantes, segundo o jornal britânico. Eles ficaram à deriva por 16 dias.

“Cada manhã, ao acordarmos, encontrávamos mais mortos, que deixavamos a bordo 24 horas antes de jogá-los no mar”, relatou ao Guardian Abu Kurke, um dos sobreviventes. Após dias de esforço, os refugiados conseguiram voltar para a cidade de Misrata, na Líbia, no último dia 10 de abril.

O direito marítimo internacional obriga todos os barcos, incluindo os militares, a atender chamados de socorro dos barcos que se encontram nas proximidades e prestar auxílio.

Por meio de um porta-voz, a Otan negou ter sido acionada pelos imigrantes. A organização disse ainda que seus navios estão prontos para atender qualquer pedido de ajuda e prometeu investigar as acusações feitas pelo Guardian.

Reação
Organizações de direitos humanos e de apoio a refugiados exigem que o caso seja investigado. A porta-voz do Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), Laura Boldrini, pediu maior cooperação entre militares e embarcações comerciais no Mediterrâneo para ajudar a salvar outras vidas.

“O Mediterrâneo não pode se tornar um ‘velho oeste’. Aqueles que não ajudam pessoas em perigo em alto mar não podem continuar impunes”, afirmou.

O diretor da organização de apoio a refugiados Habeshia, Moses Zerai, um padre natural da Eritreia (país do leste africano), que vive em Roma, chamou o incidente de “crime” e deu a entender que houve preconceito. Segundo o The Guardian, ele foi um dos últimos a manter contato com a embarcação antes do telefone por satélite dos migrantes ficar sem bateria.

“Houve uma falta de responsabilidade que acabou deixando mais de 60 mortos, incluindo crianças. Isso constitui um crime, e é um crime que não pode sair impune só por que as vítimas eram de origem africana e não turistas em um cruzeiro”.

A Itália não pode devolver refugiados


No sítio Carta Capital por Gabriel Bonis

Segundo a Corte, a Itália violou o artigo terceiro da Convenção Europeia de Direitos Humanos, que proíbe o tratamento desumano ou degradante, e o artigo quarto do Protocolo Quatro, contra a expulsão coletiva.

Rodrigues, coordenador da Cátedra Sergio Vieira de Mello em parceria com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), aponta que o caráter da decisão é significativo. “Os países europeus têm condições de receber essas pessoas, embora a crise econômica crie resistência a estrangeiros. Mas a decisão é importante por mostrar que mesmo na crise não se pode abdicar de diretos fundamentais.”

Tatyana Scheila Friedrich, doutora em direito e professora de Direito Internacional da Universidade Federal do Paraná, afirma que a condenação é um título executivo, pois a Itália integra o sistema europeu de direitos humanos. “A decisão vai intimidar e pode levar o país a repensar sua politica externa para imigração, mas não haverá uma mudança automática de postura.”

De acordo com a analista, o direito internacional permite que um país tenha imunidade de jurisdição e soberania, que inclui a delimitação de fronteiras ou a definição de seus nacionais e estrangeiros. “O direito internacional tenta regulamentar os Estados, mas não mexe nos atos de império (de soberania) dos países, que podem se sentir autônomos para estabelecer as regras de sua politica externa. A mudança de ideologia deve ser do governo.”

Scheila Friedrich aponta também que a sentença tem poder de embaraçar e constranger moralmente outros países, mas vale juridicamente apenas para a Itália. “Seria idealista pensar que os valores humanos vão se sobrepor. A sentença resolve os problemas de um grupo e não da política externa.”

O Acnur, que havia defendido na Corte de Strasbourg a obrigação dos Estados em não retornar forçadamente indivíduos aos países onde sofrem perseguição, considerou a decisão “um ponto de inflexão” sobre as responsabilidades dos países nos fluxos migratórios.

A Corte Europeia de Direitos Humanos considerou, na quinta-feira 23, a Itália culpada por violar os direitos de 11 imigrantes somalis e 13 eritreus que tentaram entrar no país ilegalmente. Eles faziam parte de um grupo de 200 pessoas que partiu em três barcos da Líbia e foi enviado de volta ao país africano em 2009.

A Itália foi condenada a pagar a cada um dos imigrantes no caso 15 mil euros pelos danos, pois a Corte entendeu que os indivíduos foram expostos ao risco de maus-tratos na Líbia e repatriação aos seus países de origem.

Gilberto Marcos Antonio Rodrigues, pós-doutor pelo Centro para Direitos Civis e Humanos da Universidade Notre Dame (EUA) e especialista em direito dos refugiados, explica que há um princípio de não devolução desta população. “Isso vale até mesmo para países que não assinaram a Convenção da ONU de 1951. É uma obrigação a ser cumprida mesmo sem a ratificação de um acordo internacional.

Até o início do ano passado, a Itália mantinha um acordo bilateral com a Líbia para devolver imigrantes que tentassem chegar ao país. O tratado, assinado em 2008 pelo ex-premier Silvio Berlusconi e pelo coronel Muammar Kaddafi, incluía 5 bilhões de dólares em reparação pela colonização italiana em troca de uma maior cooperação do regime líbio para conter a imigração ilegal.

O acordo, no entanto, é uma espécie de “massa cinzenta”, pois é preciso separar o migrante econômico do refugiado, que enfrenta o temor da perseguição, explica Rodrigues. “O último governo italiano sequer fazia essa diferença, não queria mais estrangeiros.”

“A medida também é questionável porque era importante para Kaddafi aprisionar os que incomodavam o regime (e possivelmente tentariam deixar o país devido a perseguições).”

Para o estudioso, apenas o fato de o governo da Líbia ter adotado uma postura ditatorial seria o suficiente para as autoridades de imigração italianas analisarem com mais atenção a situação dos imigrantes. “O regime líbio era rico e tinha alta demanda de mão-de-obra da Somália e Eritreia. Logo, migrantes econômicos querendo fugir do país seria estranho.”

De acordo com a Corte de Direitos Humanos, apenas em 2009, a Itália conduziu nove operações no mar para interceptar barcos com imigrantes por meio do acordo com a Líbia.

Essas incursões não são, contudo, as primeiras medidas radicais da Itália em relação a imigrantes ilegais.

Durante as revoltas populares contra os ditadores no norte da África, o país sofreu com um grande fluxo de imigrantes vindos de Egito, Líbia e Tunísia. A ilha de Lampedusa, com apenas cinco mil habitantes, chegou a receber mais de 20 imigrantes ilegais, principalmente tunisianos.

Neste cenário, o OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a guarda costeira italiana deixaram à deriva por 15 dias uma embarcação com 72 imigrantes africanos, incluindo mulheres e crianças, que tentavam chegar a Lampedusa. Quando o resgate foi realizado – somente depois de o barco conseguir retornar à costa da Líbia -, 61 tripulantes haviam morrido.

Em abril de 2011, a França bloqueou a passagem de trens com milhares de imigrantes tunisianos e militantes de direitos humanos vindos da Itália, que havia concedido permissões temporárias de residência a cerca de 26 mil imigrantes daquele país africano.

A Itália criticou a postura da França alegando violação das regras de livre circulação da União Europeia. Mas o governo do país vizinho já havia manifestado insatisfação com os vistos, uma vez que muitos dos imigrantes demostravam intenção de seguir para o território francês. Logo, a atitude italiana seria uma maneira de “despachar” o problema para outra nação europeia.

Refugiados na África

O assentamento de Dadaab no leste do Quênia, completou 20 anos de criação na terça-feira 21 como o maior campo de refugiados do mundo. Segundo informações do ACNUR, o local foi estabelecido para receber 90 mil somalis após o colapso do governo em 1991.

No último ano, devido a conflitos internos na Somália e a mais intensa seca dos últimos 60 anos no Chifre da África, a população no local atingiu 463 mil pessoas com um fluxo diário de mais de mil indivíduos.

O Capitalismo de Estado venceu. E melhorou a vida do pobre


Saiu no Conversa Afiada

Um artigo de Delfim Netto na Carta Capital que está nas bancas trata de importante estudo da revista inglesa Economist, um dos bastiões do Neolibelismo (*), sobre o Capitalismo de Estado.

Nada que se compare à obra da Urubóloga, a única, de fato, herdeira do pensamento de Milton Friedman no Hemisfério Sul.

A própria Economist é obrigada a reconhecer que as multinacionais dos países emergentes, como a Petrobras e a Vale, são a prova da ascensão vertiginosa do Capitalismo de Estado, em prejuízo do sistema Neolibelês que nasceu com Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

(Aqui no Brasil, o mensageiro da boa nova foi o Farol de Alexandria, que, com seu Planejador Maximo, Padim Pade Cerra, naufragou na Privataria Tucana.)

O neolibelismo levou um tiro no peito com a quebra do banco americano Lehman, em 2008, e “agora sufoca boa parte do mundo rico”, diz a revista.

Ela se concentra, sobretudo, na associação indistinguível entre Estado, Partido Comunista e Empresas na China.

O Capitalismo de Estado tenta reunir o poder do Capitalismo com o poder do Estado.

A China de Deng se inspirou em Cingapura, que praticava o Capitalismo de Estado, em oposição ao liberalismo da vizinha Hong Kong, ainda inglesa.

A China engoliu o mestre.

Nos últimos 30 anos, o PIB chinês cresceu a 9,5 ao ano e nos últimos dez anos o PNB mais do que triplicou para chegar a US$ 11 trilhões (o do Brasil é de $3 trilhões).

Das 13 maiores empresas de petróleo, com mais de 3/4 das reservas mundiais, todas são de alguma forma estatais – inclusive as do Oriente Médio.

As empresas estatais são 80% dos negócios da Bolsa chinesa e 62% da russa.

No Brasil, representam 38%.

A maior empresa de gás do mundo , a Gazprom, é russa e estatal.

A China Mobile tem 600 milhões de clientes.

O Estado é o maior acionista das 150 maiores empresas da China.

A Saudi Basic Industries é uma das mais rentáveis empresas químicas do mundo.

A Dubai Ports é a maior operadora de portos do mundo.

Capitalismo de Estado já houve antes.

No berço da hegemonia (liberal) inglesa está a Companhia das Índias.

A Alemanha da reunificação no século XIX foi Capitalista de Estado.

Como o Japão do pós Segunda Guerra.

Como Alexandre Hamilton, o primeiro Ministro da Fazenda dos Estados Unidos, que montou uma furiosa e impenetrável rede de proteção à nascente manufatura americana.

(Os neolibeles fazem de conta que Hamilton morreu num duelo antes de tomar posse. Foi muito depois …)

Só que, agora, diz a Economist, o desenvolvimento do Capitalismo de Estado se dá numa amplitude muito maior – e mais rápido !

Além disso, o Capitalismo de Estado hoje usa mecanismos muito mais sofisticados.

Por exemplo, a nova engenharia financeira das empresas do Capitalismo de Estado.

O Estado não é dono, mas um acionista do bloco de controle.

O que profissionaliza a gestão e dá mais flexibilidade.

As economias do Capitalismo de Estado criaram bancos de fomento – como o BNDES e a BNDESpar – que estabelecem as políticas industriais.

E criaram fundos soberanos para garantir recursos para a inovação e financiar os riscos das empresas estatais.

Progressivamente, as economias do Capitalismo de Estado – observa a Economist – fazem operações diretamente entre si e dispensam as casas de intermediação em Wall Street e na City de Londres.

A coisa pode ficar feia para os bancos das economias ricas, acredita a Economist.

O estudo dispensa a Índia – onde as empresas beneficiadas parecem ser, apenas e ainda, capitanias escolhidas pelo Raj.

E se concentra na ligação entre Capitalismo de Estado e autoritarismo na Rússia e na China.

Mas, ressalva, sempre, que o Brasil é uma democracia.

Talvez seja um exagero dizer que o “livre mercado chegou ao fim” – pondera a Economist.

Mas, é verdade que um número surpreendente de países, sobretudo entre os emergentes, aprendeu a usar o mercado para atingir objetivos políticos.

A mão invisível do mercado é substituída pela mão visível e muitas vezes autoritária do Estado, diz a Economist.

Não é o caso do Brasil – onde o Estado não rompe contratos nem confisca empresas, uma marca registrada de Putin.

E, no Brasil, a Presidenta foi vítima, sob tortura, da mão autoritária.

Autoritários e torturadores são os que se beneficiam de uma Lei de Anistia - e, não, ela.

A Economist diz que o Capitalismo de Estado é bom para a infra-estrutura (o PAC), mas fraco em bens de consumo.

(No Brasil, o problema são as empresas da privataria: o amigo navegante já ligou para reclamar de uma conta de telefone ?)

A Economist acredita que o Capitalismo de Estado encoraja a corrupção.

(O repórter inglês não teve o prazer de conhecer Mr Big, o Dr Escuta e o Itagiba …)

Acha também que a empresa do C de E é lenta para inovar.

A Petrobras e as pesquisas no pré- sal parecem não concordar …

Delfim Netto, que tem especial apreço pelos neolibelês brasileiros, se preocupa com a fome da China por energia e comida – e a disponibilidade de um e outro no mercado.

A Economist lembra que a China não tem nenhum compromisso com as regras de um jogo – o mercado de petróleo e comida – que, por muito tempo, a marginalizou.

E isso pode ser um perigo.

Como se chama Economist, a revista inglesa pouco se dá sobre a relação entre pobreza e desigualdade e neolibelismo e Capitalismo de Estado.

Enquanto a pobreza e a desigualdade crescem nos Estados Unidos, o Marcelo Neri,
ao analisar o Ano I da Dilma, observou que a pobreza e a desigualdade continuam a cair.

Que horror !


Paulo Henrique Amorim


(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

Estudo revela características culturais do Tea Party


Saiu no Operamundi

Pesquisa feita nos Estados Unidos revela importantes aspectos sociais e ideológicos desse movimento político, que vem crescendo nos últimos meses naquele país.

Estudo revela características culturais do Tea Party

Autoritarismo, liberalismo, medo de mudanças e rejeição à imigração. Segundo um estudo de sociologia divulgado nesta segunda-feira (22/08), essas são apenas as quatro características principais dos simpatizantes do movimento conservador norte-americano Tea Party.

A pesquisa, apresentada na reunião anual da Associação Americana de Sociologia realizada em Las Vegas, no estado de Nevada, indica que o Tea Party pode ser considerado uma expressão cultural do conservadorismo do final do século XX.

Assim resumiu o professor associado de sociologia na Universidade da Carolina do Norte, Andrew Perrin, autor do estudo "Cultures of the Tea Party".

As conclusões se baseiam em duas pesquisas feitas por telefone realizadas com mais de quatro mil eleitores registrados na Carolina do Norte e Tennessee, dois estados conservadores nos quais 46% dos consultados se mostraram a favor do Tea Party.

As entrevistas foram feitas entre 30 de maio e 3 de junho e entre 29 de setembro e 3 outubro de 2010, antes das eleições legislativas que aconteceram em novembro. Além disso, um conjunto de entrevistas foi realizado durante a manifestação que o grupo conservador realizou no mesmo ano em Washington.

Entre outras características, os pesquisadores descobriram que 81% dos entrevistados favoráveis ao Tea Party consideraram, em relação às crianças, o valor da obediência é mais importante do que a criatividade. E a autoridade é um valor fundamental. Entre os não simpatizantes, 65% concordaram com essas visões.

O medo da mudança foi outra das características manifestadas pelos entrevistados simpáticos ao movimento conservador, assim como as respostas negativas sobre os imigrantes e a imigração.
Entre os consultados, 51% dos que manifestaram estar "muito preocupados"

com as mudanças na sociedade norte-americana eram simpatizantes do movimento, contra 21% dos demais.

O autor do estudo explicou que o Tea Party foi descrito como uma rebelião da parte mais conservadora do país e inclusive como um grupo racista contra o presidente, Barack Obama, entre outros qualificativos, que levaram o grupo de pesquisadores a analisar as bases culturais do movimento.

Assim, o estudo apontou que o Tea Party conseguiu juntar diferentes correntes conservadoras apelando a aspectos culturais tirados da história e do uso "teatral" da linguagem e algumas imagens.

O Oscar e a infantilização do cinema


Por Andre Barcinski, no sítio grabois.or

Nenhuma grande surpresa no Oscar. Eu apostava numa divisão dos principais prêmios da noite, mas as vitórias de “o Artista” nas categorias filme, diretor e ator não podem ser consideradas zebras

Se 2011 não ficará marcado como uma grande safra de filmes, pelo menos será lembrado como o ano em que o abismo entre o Oscar e o público americano tornou-se intransponível. Nunca houve um descompasso tão grande entre o gosto da Academia e o gosto do público.

Quer prova? Dos 40 filmes de maior bilheteria nos Estados Unidos em 2011, apenas um – “Histórias Cruzadas” – foi indicado ao prêmio de melhor filme. Um em 40. Dos dez filmes de maior bilheteria em 2011, apenas um – “Thor” – não é uma continuação. E todos – repito, todos – são filmes que apelam ao público adolescente (veja a lista aqui). Ou seja: o cinema adulto não faz mais sucesso.

Compare isso à década de 60, quando todos os vencedores do Oscar foram sucesso de bilheteria, de “The Apartment” (1960) a “Perdidos na Noite” (1969). Dos campeões de bilheteria de cada ano entre 1960 e 1969, cinco foram indicados ao Oscar de melhor filme: “Lawrence da Arábia” (1962), “Cleópatra” (1963), “Mary Poppins” (1964), “A Noviça Rebelde” (1965) e “Funny Girl” (1968).

Os anos 70 não foram diferentes. Todos os vencedores de Oscar triunfaram na bilheteria: “Patton” (1970), “Operação França” (1971), “O Poderoso Chefão” (1972), “Golpe de Mestre” (1973), “O Poderoso Chefão – Parte 2” (1974), “O Estranho no Ninho” (1975), “Rocky” (1976), “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” (1977), “O Franco-Atirador” (1978) e “Kramver vs. Kramer” (1979). Com raríssimas exceções, só filmaços.

Agora, compare isso ao que ocorreu de 1980 para cá: nos últimos 32 anos, apenas três filmes que ganharam o Oscar também foram campeões de bilheteria de seus respectivos anos: “Rain Man” (1988), “Titanic” (1997) e “O Senhor dos Anéis” (2003). O que aconteceu nesse tempo? Como surgiu esse abismo entre o gosto da Academia e o gosto do público?

Uma palavra: “Tubarão”. Não é novidade que o filme de Spielberg mudou a história de Holllywood. Pela primeira vez, executivos perceberam que um filme poderia virar um “franchise”. “Tubarão” foi um dos primeiros filmes a estrear em uma quantidade absurda de salas, e rendeu fortunas com sequências e produtos (para quem quiser se aprofundar no assunto, sugiro ler “Como a Geração Sexo, Drogas e Rock’n’Roll Mudou Hollywood”, grande livro de Peter Biskind sobre o cinema americano dos anos 70).

O que estamos vendo hoje é o auge da infantilização do cinema americano, iniciada com “Tubarão” e impulsionada por George Lucas e “Guerra nas Estrelas”. Então a culpa é de Spielberg e Lucas? Não. Eles simplesmente foram os garotos-propaganda de uma revolução comercial inevitável.

É só ver como a indústria da música, a partir dos anos 80, também descobriu o valor do público juvenil, para perceber que essa busca por um consumidor jovem, extremamente suscetível a propaganda e extremamente fiel, que não se importa de ver duas ou três sequências de seus filmes prediletos, faz todo sentido, se você é executivo e só está interessado em fazer dinheiro.

Enquanto isso, o público adulto migra para as séries de TV e dá mesada para os filhotes se divertirem com a enésima parte de “Harry Potter”. Na prática, os adultos estão pagando para destruir o seu próprio prazer de ir ao cinema.

Tempos estranhos os nossos…

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Hóstia alucinógena faz beatas atacarem padre na Itália


Deu no Yahoo


Algumas fiéis da Santo Espírito de Campobasso, na região central da Itália, abraçaram o crucifixo, outras começaram a ter visões de santos. Outras, por sua vez, começaram a bater no padre e gritar: "Você é o demônio".

Toda essa confusão no último domingo (19) aconteceu porque as hóstias foram feitas com uma farinha alucinógena em vez da farinha comum. Trata-se de um caso de "ergotismo", uma intoxicação alimentar causada por farinhas de cereais contaminadas por esclerócios que atingem a safra do grão.

Esses organismos microscópicos contêm uma grande quantidade de fungos, perigosos para a saúde, entre os quais costumam encontrar-se muitos agentes psicotrópicos, parecidos com o ácido lisérgico, ou LSD.

Assustado, o padre da Igreja de Campobasso foi obrigado a se esconder na sacristia à espera da polícia. A retirada dos fiéis foi confusa, lembrando os protestos antiglobalização ocorridos na cúpula do G-8. (vi no @CorreiodoBrasil)

Ciro Gomes sobre união entre os marginais fardados e traficantes na greve da PM em Fortaleza

Previdência e Saúde ampliam proteção social no país


Por Jose Dirceu, em seu blog

Duas excelentes medidas despontam no horizonte do governo. Uma, na área da Previdência Social, visa atender 77% dos trabalhadores brasileiros até 2015. Outra, no Ministério da Saúde. A pasta enviará ao Congresso um projeto de lei conferindo à Agência Nacional de Saúde (ANS) poderes para regular o atendimento também em hospitais da rede privada.

Ao longo dos últimos anos a Previdência mudou e para melhor. Hoje, ela atende 67% dos trabalhadores. Agora, de acordo com as metas do Plano Estratégico da Previdência Social, esse índice aumentará para 70,5% de brasileiros até o fim deste ano; e 77% até o fim de 2015. Ao todo, mais 16 milhões de pessoas contarão com os seus benefícios. Um contigente que, hoje, convive com baixa cobertura, a exemplo dos trabalhadores rurais, dos beneficiários do Bolsa Família, de empreendedores individuais, das donas de casa, das trabalhadoras domésticas, entre outros.


Situações de emergência

Já, o projeto de lei que será encaminhado ao Congresso pelo Ministério da Saúde tem como foco garantir, em qualquer caso, que os hospitais privados atendam situações de emergência. Para tal, a proposta transfere à ANS o poder de fiscalizá-los. O projeto de lei, inclusive, reforça penalidades às instituições que exigirem cheque caução.

Com a nova regulamentação o governo quer acabar com a omissão dos hospitais privados e evitar mortes como a do secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva Ferreira que perdeu a vida em janeiro por conta da omissão de dois hospitais privados em Brasília, que não aceitaram seu plano de saúde e exigiram um cheque caução para interná-lo.

Como vocês podem ver, as duas medidas - nas áreas da previdência e saúde privada - provam como nossos governos vêm aumentado a rede de proteção social no país, assegurando uma maior regulação nos serviços públicos concessionados ou prestados por particulares. Os hospitais privados assim como as escolas privadas - cada vez mais fiscalizadas - passam a ser obrigados a seguir parâmetros mínimos na prestação dos serviços de saúde.

Dois “flanelinhas” desistem da prévia


Por Altamiro Borges, em seu blog

Em “primeira mão”, o blogueiro Ricardo Noblat, hóspede do jornal O Globo, informou hoje (26) pela manhã:

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SP: Secretários desistem de prévias para apoiar Serra

Andrea Matarazzo, secretário de Cultura do governo de São Paulo, anunciará no início da tarde de hoje que desistiu de concorrer às prévias do PSDB que indicarão o candidato a prefeito da capital.

Bruno Covas, secretário do Meio Ambiente, anunciará a mesma decisão amanhã durante reunião com o governador Geraldo Alckmin e parte dos demais secretários.

Nesta segunda-feira, José Serra enviará carta à direção municipal do PSDB formalizando seu desejo de participar das prévias marcadas para o próximo domingo, dia 4.

- O importante é derrotar o PT. Serra reúne melhores condições para isso - antecipou, ontem, Andrea em conversa com um amigo.


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Mais cauteloso, o blogueiro Josias de Souza, hospedado na Folha, escreveu nesta madrugada que a situação no ninho tucano não é assim tão tranqüila. Por motivos desconhecidos, o jornalista tem fustigado o processo interno do PSDB para a escolha do candidato à prefeitura de São Paulo. Já chegou a escrever que os “tucanos optam pela ‘autodestruição’ da espécie”. Hoje ele postou:

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Submetido ao noticiário que apresenta José Serra como virtual candidato do PSDB à prefeitura paulistana, José Anibal decidiu reagir. Pendurou na internet um vídeo. A peça foi gravada neste sábado (25).

Contrário à idéia de adiamento das prévias agendadas para 4 de março, Aníbal trata o encontro como fato consumado. “Hoje é 25 de fevereiro. Estamos a oito dias das prévias que vão eleger o candidato tucano a prefeito de São Paulo”, diz ele.

Embora Serra já admita participar da disputa interna, ele tenta adiar o embate por pelo menos 15 dias. Ajuda-o na empreitada o governador tucano Geraldo Alckmin, de cujo governo José Aníbal é secretário de Energia.

Aníbal é um dos quatro tucanos que se inscreveram para as prévias no prazo regulamentar. Além dele, há o deputado Ricardo Tripoli e outros dois secretários de Alckmin: Bruno Covas (Meio Ambiente) e Andrea Matarazzo (Cultura).

Bruno e Andrea são apresentados nos subterrâneos do tucanato como quase ex-postulantes. Estariam na bica de abdicar de suas pretensões em favor de Serra. Aníbal e Tripoli, ao contrário, freqüentam a cena como ossos duros de roer.

Há dois dias, em entrevista ao blog, Tripoli dissera que não cogita retirar-se da disputa nem mesmo na hipótese de sobrar apenas ele de um lado e Serra do outro. No vídeo veiculado neste sábado, Aníbal também ergue a lança.

(...)

Em nota veiculada o twitter, sem mencionar o nome de Kassab, Aníbal criticou o fato de Serra ter terceirizado o anúncio ao mandachuva do PSD. Escreveu: “Vamos intensificar a movimentação para vencer as prévias. Pelo PSDB fala o PSDB!”

Noutra nota, Aníbal cutucou os que operam para protelar as prévias: “A mobilização dos filiados do PSDB de Sampa incomoda os que ‘sabem tudo’. De um modo ou outro tentam ignorar a legítima vontade de participação.”

Como se vê, Alckmin terá mais dificuldades do que gostaria para ajeitar o palco de modo a facilitar a entrada tardia de Serra em cena. Com a peça pelo meio, parte do elenco parece relutar em assumir o papel de escada.


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Os "palhaços" do PSDB

Apesar da aparente resistência, tudo indica que José Serra, o eterno candidato, disputará a prefeitura paulistana e “unificará” o partido. Ou seja: quem manda no PSDB são os caciques. As prévias serviram para agitar os tucanos enquanto Serra ficou em cima do muro. Quando percebeu que não tinha como evitar o “enterro”, ele desmontou nos bastidores o circo “democrático”.

Os quatro pré-candidatos que suaram a camisa para vencer as prévias tucanas fizeram o papel de “flanelinha”, guardando o lugar para o grão-tucano – conforme piada que circula entre os próprios militantes da sigla. Como desabafou em vídeo Catarina Rossi, dirigente do movimento de mulheres do PSDB, Serra agiu como “palhaço” e fez os filiados de palhaços.

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Em tempo: Será que Clóvis Rossi, o colunista da Folha que adora satanizar os "caudilhos" que governam a América Latina, não vai criticar a ditadura e o caudilhismo que imperam entre os tucanos? Ele não tem nada a comentar sobre o desabafo de Catarina... Rossi!

PSDB tenta salvar demos do inferno


Por Altamiro Borges, em seu blog

O Estadão publicou ontem uma curiosa reportagem. Com o título “Tucanos tentam salvar espólio do DEM em cinco capitais”, ela relata os esforços da cúpula do PSDB para evitar que os demos rumem para o inferno nas eleições de outubro próximo. A matéria poderia até ter um subtítulo: “O abraço dos afogados”. E uma chamada: “Diabo já avisou que não aceita os demos”.

Segundo a jornalista Christiane Samarco, o desespero da oposição neoliberal-conservadora explica a operação-salvamento que está em curso. “Ameaçado de perder o ‘espólio’ do DEM para o governo petista de Dilma Rousseff, caso o partido desaparecesse do mapa político do Brasil, o PSDB resolveu dar um reforço eleitoral ao velho aliado nas eleições municipais”.

Aécio comanda a operação-salvamento

Os tucanos já decidiram se unir aos demos em cinco capitais e negociam parcerias em São Paulo, Recife e Campo Grande. Um dos operadores do socorro é o Aécio Neves, que tenta viabilizar seu sonho presidencial em 2014. “Vamos apoiar o candidato do DEM onde o partido tiver candidato viável... O esforço da direção partidária é para reatar a relação de confiança com o DEM”.

Prova desta disposição, segundo a reportagem, foi dada em Sergipe. A direção nacional do PSDB interveio no diretório estadual para garantir apoio à candidatura do ex-governador João Alves (DEM) a prefeito de Aracaju e pagou o preço da desfiliação do ex-governador Albano Franco. “Nossas relações com os democratas são prioritárias", justificou Sérgio Guerra, presidente do PSDB.

O jogo pragmático em São Paulo

Na capital paulista, depois de muito jogo de cena pragmático, tucanos, demos e kassabista decidiram se unir no apoio a José Serra e agora tentam curar as feridas. Para compensar a aliança com os “traidores” do PSD do ex-demo Kassab, a direção do DEM exige mais espaço no governo estadual de Geraldo Alckmin. “As mágoas serão superadas", garante Demóstenes Torres (DEM-GO).

O senador goiano ainda tenta disfarçar a decadência dos demos. “É claro que não podemos ser um partido satélite do PSDB, mas temos que estar juntos”, teoriza. O fato é que o DEM caminha para a extinção e muitos já apostam numa debandada geral ou numa fusão com o PSDB e o PPS de Roberto Freire. As eleições de 2012 serão decisivas para determinar o “espólio” dos demos.

O diabo que se cuide

Em 2010, a sigla direitista elegeu 46 deputados, menos da metade do que fez no reinado de FHC. Com a criação do PSD, ela ainda perdeu 17 deputados, uma senadora, um governador e centenas de prefeitos e vereadores. Sua maior estrela, o ex-governador José Roberto Arruda, foi preso por corrupção; e a sua “promessa” eleitoral, Gilberto Kassab, liderou a migração para o PSD.

Realmente, os demos necessitam de uma “operação-salvamento”. Do contrário, o diabo vai ter muito trabalho com os novos hóspedes.

Religião, política e os Torquemadas


Por Maurício Dias, na CartaCapital:

As igrejas, sempre de costas para o futuro, continuam intolerantes às renovações. No tempo do domínio católico no Ocidente, os contestadores de falsas verdades eram atirados à fogueira, amaldiçoados pela Inquisição, que não dava trégua a supostas heresias.

Nos dias de hoje, impotentes para ditar condenações capitais, os inquisidores ordenam aos fiéis a punição de políticos que defendem propostas dissidentes à doutrina que pregam. O aborto e a defesa da homofobia são os exemplos mais gritantes. E irritantes. Em reação, eles promovem nas eleições a “queima” de votos dos hereges e, com isso, cerceiam a liberdade do eleitor e intimidam os candidatos.

Assim agem os pregadores das igrejas evangélicas. São os novos inquisidores.

Essa réplica tardia e infeliz do Tribunal de Inquisição materializou-se no Congresso, onde foi depor o ministro Gilberto Carvalho, na terça-feira 15 de fevereiro. Carvalho, secretário-geral da Presidência da República, viu-se forçado a expiar publicamente “pecados” cometidos aos olhos da poderosa bancada evangélica, transformada em braço executivo de diversas igrejas religiosas.


“O pedido de desculpas, de perdão, não foi pelas minhas palavras, e sim pelos sentimentos que provocaram”, disse o ministro.

Qual foi a heresia? Gilberto Carvalho, durante o Fórum Social Mundial, manifestou preocupação política com os evangélicos: “A oposição virou pó (…) a próxima batalha ideológica será com os conservadores evangélicos que têm uma visão de mundo controlada pelos pastores de televisão”.

Carvalho é católico fervoroso, mas também é militante político. Petista. Em razão do cargo, não foi cauteloso, embora tenha falado ingênuas obviedades. Não pregou o cerceamento de qualquer manifestação religiosa. Mas foi o suficiente para despertar a ferocidade adormecida da Frente Parlamentar Evangélica, na qual se destaca o senador capixaba Magno Malta, que, entre outras ofensas, chamou o ministro de “irresponsável”.

Um parlamentar ateu presente ao encontro fechado à imprensa descreve assim o ambiente naquele dia: “Os olhos dos senhores parlamentares disparavam chispas de fogo, ódio, raiva e intolerância diante daquele enviado do Maligno que se tornara ministro (…). O clima era pesado. Aquela reunião e a Inquisição têm tudo a ver. Tenho certeza que não exagero. O problema para eles era não poder acender a fogueira. Restavam-lhes as línguas de fogo, prontas a queimar o demônio pecador”.

Serelepe, o deputado Anthony Garotinho, ex-governador do Rio e evangélico atuante, também se destacou na ocasião. Sem sucesso, tentou forçar o ministro a assinar um documento desmentindo as declarações publicadas, mas diferentes do que falou, garantiu Gilberto Carvalho. O inquisidor fez, pelo menos, uma declaração expressiva e inteiramente adequada ao ambiente criado.

“O perdão está para a Igreja assim como a anistia está para a política”, comparou Garotinho.

Igreja e política. O desempenho de Garotinho aproximou ainda mais aquela reunião no Congresso do espírito obscurantista assumido pelos evangélicos. Nesse sentido, fazem uma repetição tardia do catolicismo primitivo.

Os votos dos evangélicos, arma que usam no processo político, talvez não sejam eleitoralmente decisivos. São muitos, é certo. O suficiente para acuar candidatos em busca de votos. Com eles acuaram Dilma e Serra, na eleição de 2010, e transformaram a competição em espetáculo para exibição de medíocres Torquemadas.

Farc anunciam fim dos sequestros


Do sítio Vermelho:


As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) anunciaram neste domingo (26) que libertarão unilateralmente 10 prisioneiros de guerra e que a partir de agora os sequestros estão proscritos.

"Queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder", assinala o grupo insurgente em comunicado divulgado neste domingo.

O comunicado destaca que muito se tem falado acerca das detenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil, que efetuam com fins financeiros para manter a luta.

"Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que a partir de agora proscrevemos a prática das detenções em nossa atuação revolucionária", sublinha a guerrilha.

Chegou a hora de começar a esclarecer quem e com que propósitos seqüestra hoje na Colômbia, agrega.

Em outra parte do comunicado, as Farc também solicitam que Marleny Orjuela, porta-voz do grupo da sociedade civil Colombianos e Colombianas pela Paz (CCP), receba os detidos que serão libertados.

Com esse efeito, expressa o texto, anunciamos ao grupo de mulheres do continente que trabalham ao lado do CCP, que estamos prontos para fazer o que seja necessário para agilizar este propósito.

Igualmente, a guerrilha agradece a disposição generosa do governo brasileiro, presidido por Dilma Rousseff, e assinala que aceita sem vacilação a participação brasileira no processo para as citadas libertações.

O grupo insurgente manifesta também sentimentos de admiração para com os familiares dos soldados e policiais em seu poder.

"Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam a liberdade, mesmo em meio ao desprezo e indiferença dos distintos governos e comandos militares e policiais", afirmam.

Comissão internacional

As Farc celebram ainda os passos que vêm sendo dados rumo à conformação de uma comissão internacional que verificará as denúncias sobre as condições subumanas de reclusão em que vivem os prisioneiros de guerra e sociais nos cárceres do país.

Esperamos que o governo colombiano não tema e não obstrua este legítimo trabalho impulsionado pela comissão de mulheres do continente.

A dirigente política e social brasileira Socorro Gomes, presidente do Conselho Mundial da Paz, integra a comissão e se encontra na Colômbia onde participa do fórum Colômbia entre grades, em busca de um caminho para a liberdade e a Paz, evento organizado pelo grupo humanitário Colombianos e Colombianas pela Paz.

Durante esta semana, a comissão inspecionará cárceres colombianos e verificará as condições carcerárias em que vivem os prisioneiros políticos e de guerra.

Socorro Gomes declarou ao Vermelho que “é importante abrir os caminhos para a paz, a liberdade e os direitos humanos na Colômbia”. A ativista brasileira assegurou que ela e demais mulheres dirigentes políticas e sociais latino-americanas “estão à inteira disposição para apoiar o chamamento à negociação e à paz feito pelo grupo Colombianos e Colombianas pela Paz”.

A presidente do Conselho Mundial da Paz diz “estar convencida de que é indispensável encontrar uma saída negociada para este longo conflito armado pelo qual atravessa o país. A humanidade anseia a liberdade, a justiça e a paz”.

Socorro Gomes também chamou a atenção para a interferência do imperialismo estadunidense na América Latina: “não aceitamos que o imperialismo estadunidense e seus aliados venham militarizar nossos territórios com o argumento de combate ao narcotráfico".

"Este é o pretexto que utilizam - diz Socorro - , assim como o combate às forças insurgentes, para ampliar sua presença militar em nosso continente através da instalação de bases militares e do famigerado Plano Colômbia. Reafirmamos uma vez mais que rechaçamos com veemência as bases militares estrangeiras em nosso continente”.

A militarização não traz segurança para nossos povos e nações, o que ela faz é desrespeitar a soberania de nossos países e os direitos humanos de nossos povos.

Governo colombiano

Por sua vez, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que valoriza o anúncio das Farc mas o considerou insuficiente.

"Valorizamos o anúncio das Farc de renunciar ao sequestro como um passo importante e necessário mas insuficiente na direção correta", escreveu Santos em sua coenta da rede social Twitter.