quarta-feira, 18 de abril de 2012

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana


Por Alex Rodrigues, Repórter da Agência Brasil

Brasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.

"Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.

"De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.

A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.

Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.

"Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.

"Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina.

"Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina.

Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.

Edição: Lílian Beraldo

domingo, 15 de abril de 2012

Velha mídia tenta navegar na internet


Do sítio Outras Palavras:

Quando estourou a primeira bolha da Internet no começo da década passada, os editores dos grandes meios de comunicação sorriram com schadenfreude, felizes que, no fim, a Internet não era nada além de uma moda. Pouco depois, com a recuperação, a maioria esmagadora deles admitia que o digital era inevitável e que estavam determinados a apostar forte na nova mídia. Uma década depois do fim da bolha, as empresas que tiveram coragem de adotar uma política para as mídias digitais estão muito à frente, enquanto os tradicionalistas estão agarrados a uma âncora após o naufrágio.


Na lista dos meios de comunicação originados de empresas noticiosas de maior audiência, o único conglomerado que tem números de ponta entre os digital haters é a News Corporation, do zilionário australiano Rupert “Darth Vader” Murdoch, naturalmente sem levar em conta agregadores (i.e. Google e Yahoo) nem social-related sites (i.e. Reddit). Todas as outras companhias abriram departamentos específicos para “novas mídias” pouco depois do estouro da primeira bolha. A BBC tem um departamento de novas mídias desde 2003; o Guardian decidiu apostar no digital numa briga de foice em sua board ainda no mesmo ano; NYT e CNN demoraram mais para se jogar no online, mas mesmo antes, já tinham equipes cuidando disso.

Mesmo modelos que levantavam sérias dúvidas quanto à sua funcionalidade, como o paywall (ou seja, o esquema de acesso por pagamento mensal ou anual) começa a ter sucesso em alguns casos, como por exemplo no New York Times, que está perto de atingir meio milhão de assinantes e até no “digital hater” The Times, que já ultrapassou a marca dos 100 mil assinantes. Os casos diferem (o NYT experimentou uma explosão de assinaturas com a chegada do Newstand da Apple, onde baixou meio milhão de aplicativos por semana em celulares em cada uma das quatro primeiras semanas; o The Times explorou sua base de assinantes já existente e provavelmente tem um “teto” muito menor que o do NYT), mas o fato é que mesmo as empresas de cultura impressa mais incruada sacaram que o digital tem grandes possibilidades desde que haja uma alteração cultural dentro da empresa, com uma convergência nos focos das coberturas e não numa replicação tola de conteúdo para vender a mesma coisa duas vezes para usuários de perfis muito diferentes.

A “veterana” de departamento de novas mídias, BBC, hoje já dá um show na cobertura de eventos ao vivo como a tragédia do atirador de Toulouse. Forte do seu expertise de TV, a BBC dá um show de imagens auxiliando a cobertura vindo de uma série de outras fontes (como fotos, mapas e perfis de apoio). Ferramentas de mídias sociais para os jornalistas devem ser agregadas em breve e já estão sendo estudadas no departamento de digital de empresa.

A geração de receita digital para compensar a perda do impresso ainda é pífia. Para cada dólar ganho a mais em digital, perdem-se sete no impresso. A indústria de jornais é a que mais encolhe nos Estados Unidos e as redações ficam cada vez menores. A situação só piora exatamente porque as companhias querem adequar a realidade à sua situação e não o oposto.

Pensar em formatar meios para se cobrir notícias nos meios digitais com a estrutura montada para o agonizante impresso é suicídio puro e simples. Uma nota do 233grados mostra como o Google é visto como um simples parasita dos serviços de notícias, mas quase ninguém fora da elite digital está pensando em como capitalizar em cima da exposição absurdamente grande que o Google News dá aos produtores de conteúdo. Assim como a explosão da entrega através de digital nos aparelhos celulares, também o serviço de agregadores pode trazer novas receitas que diminuem o impacto da perda do impresso. Isso acaba por atender um dos mandamentos da sustentabilidade digital, que é a pulverização da receita em vários produtos. E ainda falando em celulares: em termos de audiência, o novo “Velho Oeste” a ser explorado está aí, e zilhões de dólares a serem ganhos estão à disposição de quem chegar primeiro.

Empresas como o Guardian, a BBC, o NYT e a CNN ganharam uma boa vantagem em cima dos concorrentes, mas os retardatários podem não se transformar em fósseis impregnados na pedra contado a história de como foi a cronologia do jornalismo. Várias empresas têm capital suficiente para arcar com as perdas que a migração do impresso para o digital exige e ainda assim poder atingir a sustentabilidade no futuro. mas o tempo está se esgotando. O modelo de revenda de conteúdo em vários meios e manutenção de uma das mídias como a “principal” da empresa está esgotado. Somente mercados que têm um player muito mais forte que os outros podem se dar a esse luxo e ainda assim, por ora. Os midiossauros que insistirem na “tradição” têm exposição garantida num futuro museu de história natural da mídia.

O jornalismo de resultados


Por Luiz Gonzaga Belluzzo, naCartaCapital:

Leio na coluna do ombudsman da Folha de S.Paulo que o Painel FC atribuiu ao dirigente do São Paulo, Carlos Eduardo Barros e Silva, o Leco, uma frase que não disse, pronunciada num lugar em que nunca esteve.

Não é um episódio isolado, uma anomalia, mas exprime uma tendência do jornalismo contemporâneo, imagino, à revelia dos Manuais de Redação. O jornalismo de resultados entrega-se à sanha de conquistar leitores ou arrebatar audiência a qualquer custo. Se a notícia é “quente” pouco importa a apuração do fato e muito menos avaliar suas circunstâncias. Ouvir o “outro lado”, nem pensar. Se, por descuido, isso ocorre, não passa de um ritual farsesco. Esse jornalismo de resultados e seu séquito de pretensos opositores na internet são agentes do novo totalitarismo, especialistas nas proezas da manipulação, da intimidação e da censura da opinião alheia.
No estágio atual da sociedade de massa, o controle social despótico dispensa a obviedade dos dólmãs, dos coturnos ou da cadeira do dragão. O totalitarismo do Terceiro Milênio não usa coturnos nem câmaras de gás. Usa a “informação” que não pensa em si mesma. O propósito da manipulação e da espetacularização da notícia é tornar os “pacientes” incapazes de compreender a natureza perversa da frenética guerra de fatos e versões “construídas” sob o acicate da concorrência para alcançar o “fundo do poço”.

Em 1947, a Comissão sobre a Liberdade de Imprensa nomeada pelo Congresso dos Estados Unidos advertia em seu relatório final: existe uma razão inversamente proporcional entre a vasta influência da imprensa na atualidade e os grupos sociais que podem utilizá-la para expressar suas opiniões. Enquanto a importância da imprensa para o povo aumentou enormemente com o seu desenvolvimento como meio de comunicação de massa, “diminuiu em grande escala a proporção de pessoas que podem expressar suas opiniões e ideias através da imprensa”.

O relatório procurou apontar “o que a sociedade tem direito de exigir de sua imprensa”. Definiu duas regras essenciais para o legítimo exercício da liberdade de informação e de opinião: 1. “Todos os pontos de vista importantes e todos os interesses da sociedade devem estar representados nos organismos de comunicação de massa”. 2. “É necessário que a imprensa dê uma ideia dos grupos que constituem a sociedade. Dizer a verdade a respeito de qualquer grupo social – sem excluir suas debilidades e vícios – inclui também reconhecer os seus valores, suas aspirações, seu caráter humano”.

As recomendações exaradas no relatório da Comissão sobre a Liberdade de Imprensa refletem o espírito do tempo nos Estados Unidos e na Europa Ocidental: a aposta no aperfeiçoamento dos processos de controle democrático sobre o Estado e o poder privado. O trauma das duas guerras mundiais e da Grande Depressão saturou o ambiente intelectual dos anos 40 do século XX da rejeição ao mercado descontrolado e ao totalitarismo.

O sociólogo Karl Mannheim, pensador representativo de sua época, escreveu em 1950 no livro Liberdade, Poder e Planejamento Democrático: “Não devemos restringir o nosso conceito de poder ao poder político. Trataremos do poder econômico e administrativo, assim como do poder de persuasão que se manifesta através da religião, da educação e dos meios de comunicação de massa, tais como a imprensa, o cinema e a radiodifusão”. Mannheim dizia temer menos os governos, que podemos controlar e substituir, e muito mais os poderes privados que exercem sua influência no “interior” das sociedades modernas. Não é preciso ter lido Michel Foucault para suspeitar de truculências que não dizem o seu nome, mas são impiedosamente exercidas nas “malhas do poder”, tecidas em silêncio no interior das sociedades.

Hannah Arendt abordou nas Origens do Totalitarismo as transformações sociais e políticas na era do capitalismo tardio e da sociedade de massa. A economia dos monopólios substituiu a empresa individual pela coletivização da propriedade privada, ao mesmo tempo que promovia a “individualização do trabalho”, engendrada pelas novas modalidades tecnológicas e organizacionais da grande empresa. A operação impessoal das forças econômicas produziu, em simultâneo, o declínio do homem público e a ascensão do homem massa, cuja principal característica não é (somente) a brutalidade e a rudeza, mas o seu isolamento e sua falta de relações sociais normais.

Trata-se da abolição do sentimento de pertinência, da descontrução dos laços familiares, afetivos e de companheirismo. “As massas surgiram dos fragmentos da sociedade atomizada, cuja estrutura competitiva e concomitante solidão do indivíduo eram controladas quando se pertencia a uma classe.” A escória, na visão de Arendt, não tem a ver com a situação econômica e educacional dos indivíduos, “pois até os indivíduos altamente cultos se sentem particularmente atraídos pelos movimentos da ralé”. O massacre capitalista das tradições liberais fomentou os desatinos que hoje contaminam o mundo da informação.

Demóstenes continua a editar a Veja


Do blog Conversa Afiada:

O Conversa Afiada reproduz comentário do amigo navegante Lenilton:

Veja: quem está alimentando o PIG

Nos últimos dias, o grande alimentador das matérias jornalísticas é o senador Demóstenes Torres. Ele, na condição de réu, passou a ter acesso às peças do inquérito Monte Carlo e, agora, vem vazando as informações que interessam a ele e a Cachoeira serem veiculadas pela imprensa amiga, do jeito que é conveniente a esta veicular.
Todo circo montado pela Globo em torno dos telefonemas de Protógenes e em torno da Delta visam unicamente a tirar Cachoeira, Demóstenes e Perillo do centro das discussões e chantagear os integrantes da CPI. Como na Itália, antes da operação Mãos Limpas, a imprensa brasileira tornou-se hoje um monstrengo em que o partidarismo político casou-se com a criminalidade.

Ajudou a sepultar a Operação Satiagraha e a operação Castelo de Areia; fez de conta que não viu o livro Privataria tucana e, agora, quer sepultar a Operação Monte Carlo. Assim, protege os seus aliados políticos e seus aliados criminosos, que, são ao mesmo tempo suas fontes e seus patrocinadores.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Dilma e as conversações na Casa Branca


Por Mauro Santayana, em seublog:

A primeira referência séria de um líder norte-americano sobre o Brasil foi de Thomas Jefferson. Em maio de 1787 – quando era embaixador em Paris, dois anos antes da reunião dos Estados Gerais e da descoberta da conspiração de Vila Rica – Jefferson se encontrou, em Nimes, no sul da França, com José Joaquim da Maia, que lhe falou sobre a possível independência do Brasil e das relações que poderiam estabelecer-se entre as duas nações, que ocupavam posição predominante no sul e no norte do hemisfério ocidental.
]Jefferson enviou seu relatório, bem divulgado pelos historiadores brasileiros, ao futuro Secretário de Estado, John Jay. O documento não tratava somente do Brasil, mas, também, do México e do Peru. No caso brasileiro, além de relatar o que lhe dissera José Joaquim da Maia sobre as riquezas brasileiras, a situação estratégica do Brasil e a possibilidade de uma insurreição vitoriosa - se os brasileiros tivessem armas e alguma assistência militar que estavam dispostos a pagar, conforme seu interlocutor - Jefferson prevê vantagens comerciais para o seu país.

A personalidade de Joaquim José da Maia não é muito conhecida. Não se tem notícia de outra presença sua na História, além do encontro com Jefferson. No ano seguinte, ainda muito jovem, ele morreria. Mas o fato levanta a hipótese de que a conjuração mineira já se encontrava em andamento, e tinha presença entre os estudantes brasileiros de Montpellier – a maioria deles das Minas. Coube a Domingos Vidal Barbosa, como registram os Autos da Devassa da Inconfidência, levar a informação da posição de Jefferson aos inconfidentes.

O mesmo Jefferson voltará a referir-se ao Brasil, 30 anos depois, em carta a La Fayette, seu amigo e um dos combatentes na Guerra da Independência dos Estados Unidos. Retirado em Monticello, o grande homem de Estado comenta os assuntos do mundo e de seu país. Ao discutir os problemas continentais, refere-se ao Brasil – a correspondência é de 14 de maio de 1817, quando a Revolução Pernambucana, iniciada em 6 de março, lhe parecia vitoriosa, embora naquela mesma semana as tropas legalistas tivessem sitiado o movimento, que seria logo debelado. Diz então Jefferson a Lafayette (Jefferson, Writings, The Library of America, 1984, pag. 1409) que Portugal, ávido em manter suas extensões no sul, acabara de perder a rica província de Pernambuco, e que ele não se espantaria se os brasileiros mandassem logo de volta a Portugal sua família real. E se referia ao Brasil como mais populoso, muitíssimo mais extenso, mais rico e mais sábio do que a metrópole.

Ao longo destes dois séculos e algumas décadas de vida das duas nações, poderíamos ter encontrado convivência melhor, mas os norte-americanos – talvez com exceção de Jefferson e alguns poucos mais – sempre nos viram como inferiores e sujeitos à sua vontade. Faltou-nos falar-lhes sem arrogância, mas com firmeza. É constrangedor anotar que, salvo em alguns momentos, como os de Getúlio, no Brasil, e Franklin Roosevelt (não Ted) nos Estados Unidos, os gestos de subserviência partiram das próprias elites brasileiras.

A visita da presidente Dilma Roussef a Washington está sendo vista, por certos observadores, como de poucos resultados. Entre outros fatos, apontam que não lhe foi oferecido um jantar de gala, mas simples almoço de trabalho. Trata-se de bom sinal: a austeridade do encontro demonstra que, nas conversações preliminares, os diplomatas norte-americanos perceberam que a chefe de Estado não chegava aos Estados Unidos para o ritual de vassalagem - conforme ocorria em certo período de nosso passado quase recente - mas como representante de uma nação soberana, disposta a discutir assuntos de interesse recíproco, de forma séria e honrada.

Ao não transformar uma conversa de trabalho em jantar de gala, Obama tratou o Brasil como o Brasil quer ser tratado: um país que não se deixa engambelar por homenagens dessa natureza. Não somos mais dirigidos por personalidades deslumbradas, que se sentem engrandecidas quando são conduzidas ao Palácio de Buckingham em carruagens puxadas a cavalos brancos e de arneses prateados, a fim de serem recebidos por uma rainha astuta.

As relações entre os dois países podem, e devem, ser melhores do que nunca foram – desde que os norte-americanos nos vejam em nossa devida dimensão. O Brasil, ao contrário de certos desavisados, não tem a pretensão de liderar os paises sulamericanos, mas sente o dever de defender a autodeterminação de seus vizinhos, como defende a própria. Não queremos que nos estendam o tapete vermelho, mas que nos recebam com o respeito que os amigos se merecem. Pelo menos, este é o sentimento do povo brasileiro, ainda que não seja o de todos os seus diplomatas e homens públicos.

A viagem de Dilma Roussef deve ser entendida como um êxito. Tratou-se de uma conversa franca, e não de troca de amabilidades chochas, ditadas pelas conveniências da diplomacia. O confronto de interesses entre os dois grandes países é normal. Anormal seria a subordinação dos interesses de um aos interesses do outro. As discórdias se resolvem nos acordos e tratados, sempre que em benefício comum.

As viúvas de Demóstenes na mídia


Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Abandonado pelos seus pares do DEM e do que restou da oposição parlamentar no Congresso Nacional, o ainda senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) só encontra apoio em alguns setores da imprensa e agora joga todas as suas fichas no Judiciário, pois sabe que não tem como escapar da cassação do mandato. É tudo só uma questão de tempo.
Chega a a ser comovente o empenho de alguns jornalistas em variadas mídias para separar o Demóstenes AC (Antes de Cachoeira), o implacável combatente contra a corrupção, do Demóstenes DC (Depois de Cachoeira), como se isso fosse possível.

Não tem essa história de antes e depois: Demóstenes e Cachoeira são umbilicalmente ligados faz muito tempo, atuavam juntos em atividades clandestinas e um cumpria ordens do outro, segundo as gravações feitas pela Polícia Federal.

Tratado agora como um traidor, Demóstenes sempre foi um impostor, e só se deixou enganar por ele quem o considerava um aliado útil contra o governo, independentemente dos seus objetivos. Agora não adianta chorar.

Tanto que nem o senador nem o seu advogado até hoje apareceram na imprensa para defender a sua inocência, mas apenas para negar a validade das provas obtidas nas escutas telefônicas.

A atividade criminosa pela qual Demóstenes está sendo denunciado é concomitante à sua ativade como parlamentar, na qual se destacou como grande ator, de acordo com seu ex-parceiro Sergio Guerra, presidente do PSDB, que gostava de vê-lo "de dedo em riste".

A tragédia greco-goiana das duas vidas no mesmo personagem protagonizada pelo senador só se tornou pública porque ele tinha certeza de que nunca o iriam pegar.

De um lado, confiou na alta tecnologia do telefone Nextel à prova de grampos, que ganhou do bicheiro; de outro, tinha certeza da impunidade, garantida por seus fortes laços de amizade na alta cúpula do Judiciário e pela teia de apoios montada pelo seu cúmplice na área político-policial.

Pois agora é exatamente na Justiça que Demóstenes emprega todos os seus esforços para evitar a cadeia. Ainda nesta terça-feira, como informa a colega Marina Marquez, do R7, em Brasília, a defesa do senador vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo a anulação das provas apresentadas pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

A defesa se resume nisso: ao incluir no inquérito contra o senador as gravações entre Demóstenes ( o Doutor) e Cachoeira (o Professor) obtidas durante a Operação Monte Carlo, a Polícia Federal estaria "usurpando" as funções do STF, já que o orgão não autorizou qualquer investigação contra o senador.

Também hoje, o Conselho de Ética do Senado se reunirá para eleger seu novo presidente, primeiro passo para a abertura de um processo contra Demóstenes.

O problema é que o STF negou aos senadores cópia do inquérito da Polícia Federal, o que inviabiliza o processo na Comissão de Ética e praticamente obriga o Senado a instalar uma CPI. Só assim os parlamentares poderão ter acesso às provas.

Se tudo der certo, ainda assim levará pelo menos uns três meses para que o processo de casssação de Demóstenes Torres seja julgado no Senado - o tempo com que ele conta para que todo mundo esqueça o que aconteceu e o STF anule as provas.

"Se conseguirmos trancar as provas, este inquérito estará morto", já comemorava previamente o advogado Almeida Castro.

É bem possível, pelos antecedentes que conhecemos, que o procurador Demóstenes livre-se das garras da Justiça. Mas nem ele acredita numa absolvição política no Senado, onde virou um estorvo, um morto vivo sem chances de ressuscitar.

Com a palavra, os comentaristas do Balaio: o que vai acontecer com Demóstenes?

a) vai ser cassado

b) vai ser condenado e preso junto com Cachoeira

c) não vai acontecer nada

A CPI de Cachoeira e o "mensalão"


Do sítio daCartaCapital:

Era questão de tempo: tímidos, até então, com a escancarada relação mantida pelo contraventor Carlinhos Cachoeira com senador, deputados e um governador tucano, os jornais chegaram às bancas, nesta quinta-feira 12, com a arma apontada na direção oposta.
Estamparam em suas capas a suspeita de que o lobby de Cachoeira chegara ao governador petista Agnelo Queiróz (DF). Num exercício de retórica mais elástico que os tentáculos políticos de Cachoeira, conseguiram trazer ao centro do debate a palavra “mensalão”.

Tudo isso às vésperas da instalação de uma CPI mista para investigar as relações suprapartidárias do contraventor pelo mundo político, tão ecléticas quanto suas áreas de influência – que iam do jogo do bicho à indústria farmacêutica, passando por serviços de coleta de lixo.

O esforço agora é tentar arrastar para o centro do escândalo quem até então parecia faturar com a situação. As movimentações mais recentes apontam que até o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo para emplacar a comissão, já acertada pelos presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

A abertura da CPI passou a ser defendida abertamente pelo presidente do PT, Rui Falcão. Foi o suficiente para que O Globo visse na postura uma tentativa de desviar o foco do “mensalão”.

A CPI pode complicar a vida do governador tucano Marconi Perillo, assim como a do petista Agnelo Queiróz. CartaCapital mostrou, em suas duas últimas edições, como o grupo de Cachoeira exercia influência na montagem do governo tucano e como recebia informações privilegiadas dos assessores diretos de Perillo.

No caso de Queiróz, o relatório da PF indica que o governador do Distrito Federal chegou até a pedir reunião com Cachoeira, apontado pela PF como o chefe da máfia dos caça-níqueis em Goiás e no Distrito Federal. O grupo de Cachoeira teria intenção de realizar negócios no governo do DF.

Outra suspeita, levantada pela Folha de S.Paulo, é que os homens ligados a Cachoeira intercediam, no governo petista, em favor da Construtora Delta, que domina o serviço de coleta de lixo no Distrito Federal.

Um desses elos entre o governo do DF e Cachoeira é o sargento da reserva da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá. Aliado de Cachoeira, ele tentou intermediar encontro entre o bicheiro e o governador – “apelidado”, segundo as investigações, como 01. Conforme revelou CartaCapital, Dadá, preso e investigado pela PF, era responsável por obter informações sigilosas de interesse da quadrilha em troca de um pagamento mensal de 5 mil reais.

As relações de Cachoeira em Goiás levaram até mesmo a ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça, a se declarar impedida de julgar um habeas corpus impetrado pela defesa do bicheiro para tirá-lo da prisão. Ela alegou ter tido contado com alguns citados nas investigações.

A mídia também não deve escapar. As relações do esquema de Cachoeira com a revista Veja, se apuradas pela CPI, prometem expor os métodos de jornalismo investigativo e as cruzadas midiáticas dos últimos 10 anos. Por isso, os jornais parecem tão empenhados em ameaçar quem defende a instalação da CPI.

A "operação-abafa" da velha mídia


Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Desde ontem, a grande imprensa começou a tornar evidente aquela “Operação Abafa” sobre o caso Demóstenes-Cachoeira.

Primeiro, o Estadão, com áudios absolutamente vazios de supostas conversas entre o deputado Protógenes Queiroz e o agente “Dadá”, que - ao que parece - arapongava para meio mundo. Protógenes, um delegado de polícia, não tem nenhum diálogo comprometedor com o agente e, se teve, nada melhor que esclarecer isso numa CPI. Aliás, é estranho que seis telefonemas vazios de Protógenes a alguém que, oficialmente, pertencia à um órgão de investigação sejam notícia e não o sejam os 200 telefonemas entre o próprio Cachoeira e o editor da revista veja, Policarpo Júnior, numa parceria “pelo bem do Brasil” que já durava oito anos.
Mas hoje O Globo deixa mais claro o jogo, servindo-se de uma declaração do presidente do PT, Rui Falcão, que liga o caso Cachoeira a possíveis montagens contra o Governo Lula feitas com a ajuda da conexão Cachoeira-Veja, que parece continua a ser um tabu para a mídia.

Logo, em nome do esclarecimento do dito “mensalão”, abafe-se a Cachoeira…

A democracia não pode conviver com a divulgação seletiva de irregularidades. É preciso que o inacreditável poder de um bicheiro sobre a mais altas figuras da política e da imprensa não fique sendo demonstrado aos pedaços, contra aqueles a que “interessa” desmoralizar, mas encobrindo as figuras que o conservadorismo e a mídia tem no seu altar.

Corrupção não é assunto que requeira “segredo de justiça” em sua apuração, salvo em ocasiões especialíssimas, no curso de investigações. E são a mídia e a Polícia Federal, apenas, quem está escolhendo o que deve ser divulgado, a conta-gotas.

O povo brasileiro e a própria credibilidade da democracia brasileira exigem que tudo venha à tona.

Se Carlos Cachoeira tem ligações com a investigação sobre o “mensalão”, que elas apareçam. Se tem ligação com as denúncias que, onda após onda, a Veja apresentava, servindo-se de escutas e filmagens providenciadas pelo bicheiro, que se apure. Existem pessoasdo esquema Cachoeira que o afirmam expressamente.

O que não se pode é fazer da divulgação parcial e seletiva de gravações, escolhendo os personagens e os contextos “que interessam”, uma “verdade” conveniente, que determina quem deve ser execrado e quem deve ser preservado.

Do contrário, seria melhor que se desistisse de uma CPI e se deixasse o próprio STM – Supremo Tribunal da Mídia, a mais alta corte política do Brasil – decidisse – como decide há anos – quem deve ser impiedosamente decapitado e quem vai, como fez Demóstenes Torres durante muitos anos, posar de paladino da moralidade, embora enterrado até o pescoço no pântano das cumplicidades escusas.

Créditos de carbono e soberania


Editorial do sítioVermelho:

A ameaça à soberania nacional representada pela mercantilização do ar assumiu formas concretas no Brasil quando empresas estrangeiras tentaram chegar a acordos com lideranças indígenas, na Amazônia, para controlar suas terras.
Elas se baseiam num artifício controverso, os chamados REDD, mecanismo de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (na sigla em inglês), que envolve a contratação, por especuladores capitalistas, do controle sobre áreas florestais consideradas como “captoras” de carbono. A contrapartida recebida pelo investidor é o compromisso de manutenção intacta, “santuarista”, das matas. Além do direito de explorar a mata, ele se beneficia também com a possibilidade de negociar, no mercado mundial de créditos de carbono, os direitos adquiridos dessa maneira, vislumbrando enormes lucros financeiros.

Os povos ou nações contratantes, em tese beneficiados com os investimentos feitos, abrem mão de sua soberania sobre as matas envolvidas e comprometem-se a deter seu próprio desenvolvimento, em nome da preservação ambiental.

São contratos desse tipo que as empresas Celestial Green Ventures (irlandesa) e Viridor Carbon Services (britânica) tentam estabelecer com os povos munducuru e cinta-larga. Pela legislação brasileira, são contratos ilegais e inconstitucionais, não podendo ser reconhecidos juridicamente mesmo porque, para serem efetivados, precisam ser validados pela Funai. A Constituição brasileira proíbe (artigo 231, § 4º), que as terras indígenas ou suas riquezas naturais sejam alienadas a terceiros.

No caso dos munducuru (nação que envolve 13 mil pessoas em 120 aldeias em Jacareacanga, Pará), a controvérsia se estabeleceu inclusive entre a população indígena e revela a clara intenção fraudulenta da empresa estrangeira envolvida. O cacique Osmarino Manhoari Munduruku assegura que o acordo foi feito com apenas 10 pessoas, que não representam a totalidade daqueles indígenas, não tendo delegação para acordos tão drásticos e restritivos a seus direitos.

O projeto é ruim, diz o cacique, pois proíbe aos indígenas, nos próximos 30 anos, “caçar, plantar, pescar, retirar frutas do mato, ou cortar madeiras quando preciso”, e dá à empresa direitos de uso absoluto sobre as terras indígenas, entre eles os de “realizar todas as análises e estudos técnicos, incluindo acesso sem restrições a toda a área aos seus agentes e representantes, com a finalidade de efetuarem a escolha de dados” a pretexto de “máxima validação de crédito de carbono na floresta”. E abrindo a possibilidade, por exemplo, da empresa explorar os direitos sobre a biodiversidade local.

Pelo acordo, a empresa pagaria aos índios US$ 120 milhões (US$ 4 milhões por ano), e teria a perspectiva de obter lucros de US$ 4 bilhões de dólares.

Na reserva cinta larga Roosevelt (parte das terras dessa etnia em Rondônia e Mato Grosso), o cacique Marcelo Cinta Larga recebeu duas caminhonetes da empresa britânica Viridor Carbon Services, que atua no mercado de carbono, em troca da assinatura de um termo de compromisso para estabelecer um acordo semelhante. Uma particularidade: a reserva Roosevelt tem em seu interior uma das maiores minas de diamante do mundo.

Estas são apenas duas das mais de 30 etnias envolvidas, no Brasil, com negócios semelhantes – dos quais apenas um chancelado pela Funai, o acordo entre os suruí (da terra indígena Sete de Setembro, entre Rondônia e Mato Grosso).

A questão é importante. Seu aspecto negocial é apenas parte do problema; os fundamentais são o comprometimento da soberania nacional e a obrigação, imposta por esses acordos, de redução ou contenção do desenvolvimento das áreas envolvidas nos chamados REEDs.

Ambos – o desenvolvimento e a soberania nacional – ficam severamente comprometidos pois o controle sobre a utilização das matas passa a ser gerido de fora do país e à margem da legislação nacional, ficando subordinada às regras impostas pelo contrato assinado com a empresa estrangeira.

O biombo constituído pela ampla aceitação popular sobre medidas de proteção do meio ambiente é abertamente usado pela especulação financeira para negócios altamente lucrativos nesta última fronteira da mercantilização capitalista da natureza – o ar, como já o foram no passado a terra e a água.

22º cine Ceará acontece entre os dias 1 e 8 de junho em Fortaleza/Ce

Por Pedro Paulo S Freire

No mês de junho a cidade de Fortaleza será mais uma vez agraciada para sediar uma edição do Cine Ceará, que a cada ano se fortalece mais dentro do circuito de festivais de cinema nacional

A cidade de Fortaleza será sede entre os dias 1 e 8 de junho do 22º Cine Ceará Festival Ibero-americano de Cinema. Mais conhecido como Cine Ceará, é o mais antigo evento cultural do estado do Ceará e esse ano terá como foco temático As lutas socias da América Latina.

Por se tratar de um fetival Ibero-americano, o Cine Ceará tem peso de evento internacional e conta com produções de países da América Latina, Caribe, Espanha e Portugual. Importante ressaltar que o Cine Ceará, a cada ano que passa, consolida sua importância dentro do circuito dos festivais ibero-americanos de cinema, e que esse ano, a pesar de ter uma semana a menos no seu prazo de inscrição em relação ao período do ano passado, o Cine Ceará 2012 conta com praticamente o mesmo número de longas-metragens inscritos e ainda teve um aumento de 7% entre os curtas-metragens em relação ao Cine Ceará de 2011.

Foram inscritos 105 longas-metragens e 331 curtas-metragens, num total de 436 filmes inscritos de 15 países. Destes, serão escolhidos apenas 8 longas e 12 curtas que serão divulgados em maio e disputarão o troféu Mucuripe. É gente, a disputa é apertada, o que ajuda a elevar qualitativamente o nível na seleção dos filmes, pelo menos na teoria.

Ainda sobre alguns números que penso serem interessantes e relevantes sobre o 22º Cine Ceará: entre os longas-metragens, os filmes estrangeiros representam 37% do total, com 39 filmes. Destaque especial para o cinema argentino, com 16 filmes inscritos e que na minha modesta opinião se consolida a cada ano como uma das grandes realidades entre os produtores mundias de grandes e belíssimos filmes, como um cinema que lida de forma sensível e inteligente com a realidade de seu povo e, também, de questões que são humanos e ultrapassam qualquer tipo de fronteira geopolítica, entretanto... voltando ao Cine Ceará; entre os curtas-metragens, no ano de 2011 foram inscritos 309 curtas, esse ano foram 331, 22 filmes à mais, um aumento de 7%.

As premiações do troféu Mucuripe serão agraciadas entre os longas-metragens nas categorias de melhor filme, direção, fotografia, edição, roteiro, som, trilha sonora original, direção de arte, ator, atriz e prêmio da crítica e entre os curtas-metragens as categorias são melhor filme, direção, roteiro, produção cearense e prêmio da crítica. O Prêmio da crítica para melhor curta e longa metragem será escolhido por um juri formado por mebros da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Também haverá a entrega do troféu Mucuripe de melhor curta da mostra Olhar do Ceará, que será escolhido por um júri de estudantes de universidades de Fortaleza.

O 22° Cine Ceará é uma promoção da Universidade Federal do Ceará através da Casa Amarela Eusélio Oliveira, com apoio do Governo do Estado do Ceará por meio da Secretaria da Cultura, e do Ministério da Cultura através da Secretaria do Audiovisual. A realização é da Associação Cultural Cine Ceará e conta com patrocínio de empresas públicas e privadas, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (SIEC) e da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet)

Modelo repressivo de combates às drogas se esgotou, diz presidente da Fiocruz

Por Gabriel Bonis, no site cartacapital

Diversos líderes da América Latina têm se unido para propor a descriminalização das drogas como uma política global e opção alternativa ao modelo repressivo apoiado pelas Nações Unidas.

O exemplo mais recente é o do presidente da Guatemala, Otto Pérez Molina. Ele defendeu um novo caminho em artigo no diário britânicoThe Guardian por acreditar que os mercados globais destas substâncias não podem ser erradicados.

Segundo ele, a sociedade não acredita que o álcool ou o tabaco possam ser retirados de circulação, “mas de alguma forma supomos ser uma medida correta no caso das drogas.” Molina lembra que a repressão não diminuiu o consumo – e cita o fato de a produção ter evoluído e o tráfico, se espalhado.

Em entrevista a CartaCapital, Paulo Gadelha, presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), diz acreditar que o atual posicionamento dos políticos latino-americanos sobre o tema tem origem na constatação de que a guerra às drogas é ineficaz, além de gerar problemas paralelos.

“Há um aumento impressionante de pessoas em prisão em vários países, inclusive nos EUA. Lá os volumes de recursos para o sistema prisional estão se tornando superiores aos de educação. E isso ocorre por não se reconhecer as distinções fundamentais entre o circuito do tráfico e o consumidor”, diz o médico e doutor em saúde pública.

Segundo o presidente da Fiocruz, figuras relevantes na política de guerra às drogas de Bolívia, Inglaterra e EUA estão “revendo radicalmente a estratégia e reconhecendo o seu fracasso”. “É um novo momento de possibilidade de revisão de uma medida comprovadamente incorreta. Insistir nesse processo levará apenas a mais distorções e não atacará as causas do problema.”

Gadelha ainda destaca que a CBDD defende apenas a descriminalização do usuário, com o uso das drogas ainda proibido, e o debate aberto no Brasil. “Na saúde pública, entendemos que a maneira de se preparar as pessoas não é pela repressão, porque ninguém em sã consciência imagina a existência de um mundo sem drogas, o que inclui remédios.”

Leia abaixo a íntegra da entrevista:

CartaCapital – O presidente Molina, da Guatemala, defendeu abertamente uma política global de regulamentação das drogas, pois os mercados globais destas substâncias não poderiam ser erradicados. Como o senhor analisa esse cenário?

Paulo Gadelha – Atualmente existe muito mais vocalização e reconhecimento de que a guerra às drogas mostrou-se ineficaz. Todos os indicadores do mercado de drogas, o processo de violência e formas diferentes como se deu em espaços nacionais – na América Latina, em grande parte, associada à violência e controle de territórios-, durante esse período tiveram números crescentes do volume de droga consumida e comercializada. Há também um aumento impressionante de pessoas em prisão em vários países, inclusive os EUA, por causa das drogas. Lá os volumes de recursos para o sistema prisional estão se tornando superiores aos de educação e outros sistemas sociais. E isso ocorre por não se reconhecer as distinções fundamentais entre o circuito do tráfico e o consumidor. A repressão deveria ser substituída pelo entendimento de que essa é uma questão de saúde pública e tem que ser tratada sem estigmatização.

A discussão precisa ser acompanhada de evidências científicas e estudos que possam demonstrar as bases desse tipo de política e o posicionamento da sociedade em relação às drogas ilícitas de forma tão diferente às licitas (caso do álcool, tabaco e psicotrópicos), que também possuem um nível de impacto na saúde e gestão pública. Há uma quantidade imensa de produtos considerados legais capazes de gerar danos significativos à saúde pública e a maneira como se enfrenta esses problemas é muito distinta. Em um caso, se cria um tabu que marginaliza os necessitados de tratamento e os impede de chegar às estruturas que venham a ser disponibilizadas pelo Estado, porque a criminalização e o estigma têm um efeito nos dependentes de drogas e também atinge a estrutura e os profissionais de saúde, que muitas vezes veem essas pessoas como marginais.

CC – A regulamentação defendida pelo presidente da Guatemala é uma saída a ser considerada?

PG – É preciso tratar de modo diferente as drogas com efeitos e repercussão distintas. Não se pode lidar da mesma forma com a maconha e o crack. A maconha é uma das drogas mais vendidas e consumidas e gera aumento de população carcerário, porque não existe regulamentação para colocar em prática o que é definido por lei: a não criminalização de usuários. Esse processo significa regular a quantidade de droga permitida por usuário e o que qualifica tráfico. A posição consensual na Comissão é fazer a despenalização do usuário, ainda a considerar o uso destas substâncias proibido. Isso significa penas mais administrativas ou formas de serem induzidos a tratamento e acompanhamento. Por uma série de situações conjunturais do Brasil e da forma como se debate timidamente o assunto, defendemos primeiro que haja uma debate aberto assim como ocorreu com a Aids e o tabaco. Quando os casos de Aids se tornaram um problema de saúde pública, o Brasil tratou o tema com toda a sociedade e não apenas junto ao público alvo da doença. Com isso veio a defesa do uso da camisinha e as políticas de redução de danos para usuários de drogas injetáveis.

CartaCapital – Segundo Molina, a sociedade não acredita ser possível extinguir álcool e tabaco, que são nocivos à saúde, mas supõe que essa política se aplique às drogas. Como o senhor analisa essa visão social tão distinta para problemas clinicamente semelhantes?

PG – O primeiro passo é se discutir o problema no âmbito das políticas públicas, sociedade e grupos jovens. Na saúde pública, o fundamental é que as pessoas desenvolvam capacidades de lidar com qualquer risco. Isso é feito com informação e promoção à saúde nos grupos sociais em que se sentem apoiados. Os riscos são de natureza muito distinta, envolvem alimentação, bebida, etc. A pessoa precisa desenvolver a capacidade de lidar com os riscos e ter flexibilidade e saber quando aquilo pode se tornar ingovernável em sua saúde. Mas para isso é preciso abrir uma discussão mais ampla. Na saúde pública entendemos que a maneira de se preparar as pessoas não é pela repressão, porque ninguém em sã consciência imagina a existência de um mundo sem drogas, o que inclui remédios. A regulação, a maneira de lidar com o comércio e produção deve ser diferente para cada droga, mas não se pode criminalizar o usuário, porque ele é vítima.

CartaCapital – O senhor acredita que os países estão dispostos a analisar o tema deixando de lado visões ideológicas?

PG – Ao longo dos trabalhos da comissão, tivemos pessoas que desempenharam papel relevante na guerra às drogas, responsáveis por essa política na Bolívia, Inglaterra e EUA, que mesmo tendo acreditado nesse processo em um devido momento, estão revendo radicalmente a estratégia e reconhecendo seu fracasso. Temos manifestações de países não produtores e não grandes consumidores, mas onde as drogas representam problemas significativos, e também a fala de países que sofreram de forma intensa as consequências do processo do tráfico no âmbito social, a pedir que essa política [de repressão] mude. É um novo momento de possibilidade de revisão de uma medida comprovadamente incorreta. Insistir nesse processo levará apenas a mais distorções e não atacará as causas do problema.

CartaCapital – Como o senhor analisa a movimentação de importantes líderes internacionais em favor de uma revisão da política de repressão às drogas?

PG – Essas manifestações são fundamentais, pois muito do enfrentamento desse tema exige um posicionamento global. Os países estão comprometidos com convenções internacionais ainda sobre a visão da guerra às drogas, e elas geram obrigações e muitas vezes inibem reforma nacionais. O sistema de circulação e produção de drogas também não é restrito a um Estado, tem um circuito internacional. O avanço deste processo de descriminalização e separação do usuário e traficante, como em Portugal, mostrou resultados positivos. A comparabilidade de mais países aderindo a isso pode ajudar no debate nacional.

CartaCapital – Como o senhor enxerga o posicionamento com maior intensidade de líderes da América Latina?

PG – Há também iniciativas importantes em outras partes do mundo. Apesar de esta manifestação estar ainda no âmbito da América Latina, está tendo ressonância em muitas questões dentro dos EUA, onde vários estados estão discutindo e revendo essas políticas, como também no âmbito da ONU. Figuras importantes estão colocando essa pauta como agenda necessária a ser enfrentada em nível internacional e na ONU. Os países latino-americanos foram objeto de experimento da guerra às drogas de maneira intensa e como uma politica externa definida pela ONU e patrocinada pelos EUA. O combate se deu nestes países com a expectativa de que o problema poderia ser resolvido pela violência. O resultado final foi tão frustrante que levou esses países a reverem suas posições.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Mídia já cita relação Veja/Cachoeira


Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Está caindo a ficha da grande mídia demo-tucana quanto ao potencial explosivo da vindoura Comissão Parlamentar de Inquérito que investigará as relações entre o bicheiro Carlinhos Cachoeira e empresas privadas, sem prejuízo de suas relações com o governo de Goiás e, sobretudo, com órgãos de imprensa ligados ao PSDB e ao DEM, como a revista Veja. Essa tomada de consciência transparece em denúncias fracas que essa mídia está fazendo ao PT.


A tentativa da grande mídia de envolver também o PT em um escândalo que atinge em cheio dois expoentes da oposição – o senador Demóstenes Torres, do DEM (agora desfiliado), e o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo – é absolutamente frágil e busca, apenas, tentar induzir a sociedade à crença de que o partido do governo estaria envolvido com um criminoso que, agora se sabe, é responsável pelas maiores denúncias contra petistas durante a década passada.

As denúncias da mídia contra o PT em nada se comparam ao envolvimento de Perillo com Cachoeira, que transparece em dezenas de nomeações e contratos com o governo de Goiás.

Está sendo usada gravação da Polícia Federal, feita no ano passado, na qual Claudio Abreu, à época diretor da empreiteira Delta, aparece conversando com o araponga Idalberto Matias de Araújo, o Dadá, um dos braços-direitos do bicheiro, sobre tentativa de suborno de Claudio Monteiro, chefe de gabinete do governador de Brasília, Agnelo Queiróz (PT), para que facilite manutenção de contrato de limpeza urbana firmado pelo governo anterior, do demo José Roberto Arruda.

Além disso, também está sendo difundida, com grande destaque, menção da quadrilha de Cachoeira ao subchefe de Assuntos Federativos da Secretaria de Relações Institucionais do governo Dilma, Olavo Noleto.

Contudo, as acusações são tão frágeis que a Polícia Federal não indiciou nenhuma dessas pessoas. A exposição desproporcional dessas escutas que a mídia pretende que atinjam ao PT visa apenas ludibriar a sociedade, fazendo-a pensar que o escândalo em questão seria “suprapartidário”, o que é um absurdo porque escutas da PF mostram que o bicheiro Carlinhos Cachoeira esteve por trás de grande parte das acusações da Veja ao PT.

O ataque da mídia tucana ao PT se torna ainda mais absurdo quando se nota que uma das informações mais estarrecedoras oriunda das escutas da PF, a que versa sobre o envolvimento da Veja com Cachoeira, até agora não havia sido divulgada por nenhum desses grandes meios de comunicação.

Todavia, isso mudou nesta quarta-feira (11/04). A Folha publicou “análise” de seu colunista Fernando Rodrigues em que, ao acusar o PT de “ira mal-resolvida” contra PSDB e DEM por suas condutas durante o escândalo do mensalão, acaba citando um caso que a mídia terá que divulgar, pois o deputado federal do PT de Pernambuco Fernando Ferro já avisou que fará requerimento à CPI pedindo convocação – não será convite, mas convocação – de Roberto Civita, dono da editora Abril, que edita a Veja.

Fernando Rodrigues distorce os fatos na página A7 da Folha de São Paulo de quarta-feira 11 de abril ao dizer que “(…) Os governistas vislumbram a possibilidade de usar a CPI do Cachoeira para constranger jornalistas que usaram as informações do empresário na apuração de reportagens (…)”.

Na verdade, as gravações mostram o bicheiro confraternizando com o editor da Veja Policarpo Jr. por ataques que a revista fizera ao governador petista de Brasília, Agnelo Queiróz. Em outro ponto, as escutas mostram membros da quadrilha afirmando que praticamente todas as matérias da Veja contra o PT partiram de seu chefe, Cachoeira. Há centenas de telefonemas trocados entre Policarpo e Cachoeira que mostram relação íntima entre o bicheiro e a revista.

Até aqui, não há nada minimamente comparável entre petistas e Cachoeira ao que há envolvendo a oposição. Podem até surgir relações do bicheiro com alguém da base aliada, mas o forte empenho do PT, de Lula e do governo Dilma para que a CPI seja instalada mostram que o governismo está disposto a finalmente escancarar a espantosa promiscuidade da mídia demo-tucana e da oposição com o crime organizado.

A praia Girón da mídia golpista


Por Emir Sader, no sítio Carta Maior:

A mídia latino-americana sempre foi golpista. Representante das oligarquias do continente, dirigida por um punhado de famílias (todo país tem seus Frias, Mesquitas, Marinhos, Civitas), sempre esteve envolvida nos golpes militares contra a democracia no continente, do lado dos EUA.

Se a OEA foi chamada por Fidel de Ministério das Colônias dos EUA, a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) é seu Ministério de Comunicação para as Colônias. Sempre coordenou a ação da mídia nos golpes militares e nas campanhas contra os governos democráticos do continente.

Antes mesmo da campanha que levou Getúlio ao suicídio, em 1954, e derrubou Perón em 1955, a mídia já tinha sido participante fundamental no sangrento golpe na Guatemala, em 1954, que levou esse país a se tornar, nas décadas seguintes, naquele que sofreu os maiores massacres em um continente cheio de massacres.

Há exatamente 10 anos atrás a mídia venezuelana mobilizou e convocou um golpe militar contra Hugo Chávez. O movimento chegou a ter sucesso imediato, uma TV escandinava pode produzir "A revolução não será televisionada”, documentário já tornado um clássico do cinema de documentário sobre a América Latina. O presidente da Fiesp de lá foi nomeado presidente da ditadura que pretendia se instalar e era saudado, no Palácio Presidencial, pelos chefes da Igreja católica, pelos donos das empresas de comunicação, pelos dirigentes dos partidos de direita, enquanto Hugo Chavez era levado por militares para uma ilha e pressionado para assinar sua renúncia.

Assim que soube do golpe, o povo desceu maciçamente às ruas, dirigiu-se ao Palácio, derrubou as grades e entrou no prédio. Assiste-se nesse momento, no documentário, os chefes do golpe fugirem rapidamente pelas portas laterais do Palácio, enquanto o povo penetra nele.

As TVs e rádios golpistas simplesmente deixaram de dar notícias e passaram a projetar desenhos animados. O fugaz presidente golpista tentou enganar a CNN dando entrevista como se estivesse ainda no Palácio Presidencial, mas o próprio entrevistador lhe disse que sabia que ele já estava num quartel, fugindo. A nem veja, nem leia, eufórica, deu mais um “furo”: sua edição da semana saiu, no sábado cedo, com a notícia do golpe que teria derrubado Hugo Chavez como a grande matéria de capa. (Nenhum meio tradicional de comunicação brasileiro, todos com DNA de golpistas, recordou os 10 anos do golpe fracassado na Venezuela.)

Embora houvesse já ma doutrina e um acordo dos governos do continente de se oporem aos golpes militares, sentiu-se o silêcio ou a cumplicidade, e salvo Cuba, nã houve protestos contra a derrubada de um presidente legalmente eleito no continente. O povo venezuelano fez justiça com suas próprias mãos e recolocou Hugo Chávez na presidêcia do pais, para a qual tinha sido eleito por seu voto.

O golpe de 11 de abril de 2002 foi, para a mídia golpista latino-americana, o que a também fracassada invasão de Praia Giron foi para o imperialismo norteamericano: sua primeira grande derrota, que demonstrou que o povo do continente não a aceitar mais que ela pusesse e tirasse governantes no continente. Que agora é o povo quem decide seu destino na América Latina.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

II Mostra Cinema e Filosofia, da Condição Humana - Abril 2012 no Centro Cultural BNB de Fortaleza/CE


O Cineclube do Centro Cultural Banco do Nordeste exibirá no mês de abril a II Mostra Cinema e Filosofia, da Condição Humana!

Dias 03, 10, 17 e 24 de Abril, as 17 horas, no Cine Clube do Centro Cultural BNB. Rua Floriano Peixoto, nº 941, centro. Fortaleza/CE . ENTRADA GRATUITA


Dia 03 - Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meireles
Dia 10 - 12 Homens e Uma Sentença, de Sidney Lumet
Dia 17 - Fonte de Vida, de Darren Aronofsky
Dia 27 - 2º feira ao Sol, de Fernando Leon de Aranoa

Dia 03/04, 3ºfeira, as 17 horas

Ensaio Sobre a Cegueira, de Fernando Meirelles

Enredo

A história de uma inédita epidemia de cegueira que se abate sobre uma cidade não identificada. Tal "cegueira branca" - assim chamada, pois as pessoas infectadas passam a ver apenas uma superfície leitosa - manifesta-se primeiramente em um homem no trânsito e, lentamente, espalha-se pelo país. Aos poucos, todos acabam cegos e reduzidos a meros seres lutando por suas necessidades básicas, expondo seus instintos primários. O filme segue a mulher de um médico, a única pessoa que não é afetada pela doença, após os afetados pela epidemia serem colocados em quarentena.

Baseado no livro de mesmo título do escreitor José Saramago

Blindness, Brasil, Canadá, 2008. Direção: Fernando Meirelles. Elenc

o: Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark Ruffalo, Gael García Bernal, Don McKellar, Maury Chaykin, Martha Burns. 120 minutos. Colorido. Drama . 16 anos

Debatedora: Valéria Dallegrave, professora de jornalismo e Cinema



Dia 10, 3ºfeira, as 17 horas

12 Homens e Uma Sentença, de Sidney Lumet

Enredo

Doze jurados se reunem para decidir se um jovem porto riquenho, acusado de matar o próprio pai, deve ser condenado a pena de morte ou inocentado. A decisão de ver ser unanime e onze jurados, cada um com sua razão, votam pela condenação. Ma há um único jurado que acredita na inocência do garato. Enquanto ele tenta convencer os outros a repensarem suas sentenças, o filme vai desvalando a personalidade e caracter de cada jurado, mostrando que tipo de convicções pessoais os levaram a considerar o garoto culpado, fazendo com que pensem sobre si mesmos e seus próprios preconceitos.

12 Angry Men, EUA, 1957. Direção: Sidney Lumet. Elenco: Martin Balsam, John Fiedler, Lee J. Cobb, E.G. Marshall, Jack Klugman, Edward Binns, Jack Warden, Henry Fonda, Joseph Sweeney, Ed Begley, George Voskovec, Robert Webber, Rudy Bond, James Kelly, Billy Nelson. 96 minutos. Drama . Preto e Branco. 14 anos

Debatedora: Camila Vieira, jornalista do Jornal O POVO e mestre em comunicação pela UFC (Universidade Federal do Ceará)


Dia 17, 3ºfeira, as 17 horas

Fonte de Vida, de Darren Aronofsky

Enredo

Na Espanha do século 16, o navegador Tom

as Creo parte para o Novo Mundo em busca da lendária árvore da vida. Nos tempos atuais a mulher do pesquisador Tommy Creo está morrendo de câncer, mas ele busca desesperadamente a cura que pode salvá-la. Uma terceira história une as duas primeiras: no século 26, o astronauta Tom finalmente consegue a resposta para as questões fundamentais da existência.

The Fountain, EUA, 2006. Direção: Darren Aronofsky Elenco: Hugh Jackman, Rachel Weisz, Marcello Bezina, Alexander Bisping, Ellen Burstyn, Cliff Curtis, Sean Gullette, Mark Margolis. 96 minutos. Drama. Colorido. 16 anos

Debatedor: Alberto Gadanha, professor de filosofia da UECE


Dia 24, 3ºfeira, as 17 horas

2º feira ao Sol, de Fernando Leon de Aranoa

Enredo

Uma cidade costeira no norte da Espanha sofre com seu isolamento quando seus estaleiros começam a ser fechados, deixando vários trabalhadores desempregados à mercê de pequenas ocupações temporárias. Entre eles está um machão rebelde e auto-suficiente que se recusa a admitir o fracasso. Mas a verdade é que ele e seus companheiros, dos quais ele se torna uma espécie de líder, são perdedores completos que disfarçam de maneira tragicômica as suas maiores fraquezas e frustrações.

Los Lunes al Sol, Espanha, 2002. Direção: Fernando Leon de Aranoa Elenco: Javier Barden, Luís Tosar e Nieve de Medina. 113 minutos. Drama. Colorido. 14 anos

Debatedor: A ser definido

Morro do Céu no Cineclube Vila das Artes


Por Assessora de Comunicação da Vila das Artes

O Cineclube Vila das Artes dá continuidade, em abril, à Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo, com filmes de curta e longa duração que representam aspectos e possibilidades da produção audiovisual recente no Brasil. A primeira sessão do mês acontece nesta quarta (4), a partir das 18h30, e apresenta o documentário "Morro do Céu" (2009, RS), cuja narrativa se desenvolve em Morro do Céu, uma pequena comunidade de descendentes de italianos localizada no alto de uma montanha no sul do Brasil. Lá, o jovem Bruno Storti e seus amigos preenchem os dias de verão entre túneis de trem, a colheita da uva e a descoberta do primeiro amor (trailer).

A direção é do gaúcho Gustavo Spolidoro, um dos fundadores da produtora cinematográfica portoalegrense Clube do Silêncio e um dos organizadores do festival Cine Esquema Novo. Dirigiu também o longa "Ainda Orangotangos" (2007), vencedor do prêmio de Melhor Filme no 13º Festival de Milão. Após a exibição, haverá debate com Diego Hoefel, professor do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará.

A curadoria da Mostra foi assinada pelo cineasta Guto Parente, integrante da Alumbramento Filmes e ex-aluno da primeira turma do Curso de Realização em Audiovisual da Vila das Artes.

Programação

Dia 4 - Morro do Céu (Direção: Gustavo Spolidoro. 71 min, 2009, RS)

Dia 11 - Testemunha 4 (Direção: Marcelo Grabowsky. 67 min, 2011, RJ)

Dia 18 - O Gerente (Direção: Paulo César Saraceni. 81 min, 2011, RJ)

Dia 25 - O Céu Sobre os Ombros (Direção: Sérgio Borges. 71 min, 2010, MG)

Serviço

Cineclube Vila das Artes. Mostra de Cinema Brasileiro Contemporâneo. Filme "Morro do Céu" (2009). Quarta (4), às 18h30, na Vila das Artes (Rua 24 de Maio, 1221, Centro). Entrada gratuita. Informações: 3105-1410.