Esse blog se destina a servir como um instrumento de comunicação para me fazer ouvir no mundo real através do mundo virtual. Aqui escreverei e reproduzirei artigos sobre todos os temas que me despertem o desejo e inquietem o espírito.
sábado, 2 de junho de 2012
Santayana: Gilmar não é o Supremo ! Supremo, aja !
Saiu no Conversa Afiada reprodução do JB Online texto deMauro Santayana:
Engana-se o Sr. Gilmar Mendes, quando denuncia uma articulação conspiratória
contra o Supremo Tribunal Federal, nas suspeitas correntes de que ele,
Gilmar, se encontra envolvido nas penumbrosas relações do Senador
Demóstenes Torres com o crime organizado em Goiás.
A articulação
conspiratória contra o Supremo partiu de Fernando Henrique Cardoso, quando
indicou o seu nome para o mais alto tribunal da República ao Senado Federal, e
usou de todo o rolo compressor do Poder Executivo, a fim de obter a aprovação.
Registre-se que houve 15 manifestações contrárias, a mais elevada rejeição em
votações para o STF nos anais do Senado.
Com todo o respeito
pelos títulos acadêmicos que o candidato ostentava – e não eram tão numerosos,
nem tão importantes assim – o Sr. Gilmar Mendes não trazia, de sua experiência
de vida, recomendações maiores. Servira ao Sr. Fernando Collor, na Secretaria
da Presidência, e talvez não tenha tido tempo, ou interesse, de advertir o
Presidente das previsíveis dificuldades que viriam do comportamento de
auxiliares como P.C. Farias. Afastado do Planalto durante o mandato de Itamar,
o Sr. Gilmar Mendes a ele retornou, como Advogado Geral da União de Fernando
Henrique Cardoso. Com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira, Fernando
Henrique o levou ao Supremo. No mesmo dia em que foi sabatinado, o jurista
Dalmo Dallari advertiu que, se Gilmar chegasse ao Supremo, estariam “correndo
sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a
própria normalidade constitucional”. Pelo que estamos vendo, Dallari tinha toda
a razão.
Gilmar, como
advogado geral da União – e o fato é conhecido –, recomendara aos agentes do
Poder Executivo não cumprirem determinadas ordens judiciais. Como alguém que
não respeita as decisões da justiça pode integrar o mais alto tribunal do
país? Basta isso para concluir que Fernando Henrique, ao nomear o Sr. Gilmar
Mendes, demonstrou o seu desprezo pelo STF. O Supremo, pela maioria de seus
membros, deveria ter o poder de veto em casos semelhantes.
Esse comportamento
de desrespeito – vale lembrar – ocorreu também quando o Sr. Francisco Rezek
renunciou ao cargo de Ministro do Supremo, a fim de se tornar Ministro de
Relações Exteriores, e voltou ao alto tribunal, re-indicado pelo próprio
Collor. O episódio, tal como a posterior indicação de Gilmar, trouxe
constrangimento à República. Ressalve-se que os conhecimentos jurídicos de
Rezek, na opinião dos especialistas, são muito maiores do que os de Gilmar. Mas
se Rezek não servia como chanceler, por que deveria voltar ao cargo de juiz a
que renunciara? São atos como esses, praticados pelo Poder Executivo, que
atentam contra a soberania da Justiça, encarnada pelo alto tribunal.
A nação deve
ignorar o esperneio do Sr. Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o
propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPI. O Congresso não
se deve intimidar pela arrogância do Ministro, e levar a CPMI às últimas
conseqüências; o STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como
mensalão, como está previsto. Acima dos três personagens envolvidos na conversa
estranha que só o Sr. Mendes confirma, lembremos o aviso latino, de que testis
unus, testis nullus, está a Nação, em sua perenidade. Está o povo, em seus
direitos. Está a República, em suas instituições.
O Sr. Gilmar Mendes
não é o Supremo, ainda que dele faça parte. E se sua presença naquele tribunal
for danosa à estabilidade republicana – sempre lembrando a forte advertência de
Dallari – cabe ao Tribunal, em sua soberania, agir na defesa clara da
Constituição, tomando todas as medidas exigidas. Para lembrar um autor alemão,
Carl Schmitt, que Gilmar deve conhecer bem, soberano é aquele que pratica o ato
necessário.
muito bom. já tinha visto no blog do mauro, no www.maurosantayana.com
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