Por
Altamiro Borges, em seu blog
Em 15 de
março haverá eleição para a direção da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Nada de novo é esperado, já que o parlamento paulista é uma terra arrasada pela
longa hegemonia dos tucanos no estado. Nos últimos anos, a Alesp virou um
apêndice do executivo estadual. Não fiscaliza o poder público, sabota qualquer
comissão parlamentar de inquérito e abusa dos privilégios. A mídia tucana, que
adora criticar as mazelas do Congresso Nacional, evita mostrar a inoperância do
Legislativo castrado pelo PSDB.
Em
entrevista hoje à Folha, o próprio presidente da casa, o tucano Barros Munhoz,
reconhece a fragilidade da Alesp. “O esvaziamento do Poder Legislativo no
Brasil é brutal. Há um predomínio do Executivo”. Ele também confessa que a
maioria governista evita apurar as irregularidades do governo estadual. Para
ele, CPI “não adianta nada... Em todo país do mundo [barrar CPIs] faz parte do
jogo político. Quem tem maioria segura. Por isso que aqui o PT quer CPI, e em
Brasília não. É um instinto de preservação”.
Diante
deste quadro lastimável, dois deputados se apresentaram como candidatos à
presidência da Alesp: Major Olímpio (PDT) e Carlos Giannazi (PSOL). Mas as
candidaturas são apenas para marcar posição. Já é dada como certa a vitória dos
tucanos – possivelmente de Samuel Moreira, atual líder do governo Geraldo
Alckmin. Ele deverá suceder Barros Munhoz e manter o parlamento sob as rédeas
curtas do PSDB. Como seus 22 deputados, dos 92 existentes, o PT negocia ocupar
espaços na mesa diretora da Alesp.
Com este
desfecho, a Assembleia Legislativa de São Paulo permanecerá totalmente
inoperante. Para compensar o seu servilismo, os deputados governistas deverão
manter alguns privilégios. Recentemente, a direção da Casa foi denunciada por
renovar a frota de 150 carros sem licitação pública – a um custo estimado de R$
6 milhões. Ela também pagava um auxílio-moradia de R$ 2.250 mensais aos
parlamentares, inclusive aos 26 que moram na capital – o que foi suspenso no
início de fevereiro por ordem da Justiça.
Tanta
bondade ajuda a explicar a postura passiva dos deputados paulistas. A própria
Folha tucana reconheceu recentemente que “os indicadores da Assembleia
Legislativa de São Paulo em 2012 mostram uma Casa alinhada com o governo
Geraldo Alckmin (PSDB) e que exibe sua menor produção nos últimos quatro anos.
Detentora da maioria folgada – dos 94 deputados, só 24 fazem oposição –, a
bancada governista impediu o funcionamento de todas as CPIs propostas por
parlamentares que não são da base”.
A Alesp
só aprova CPIs de fachada, sem qualquer relevância. “Dos 20 pedidos da atual
legislatura, 17 são de deputados da situação, 13 dos quais do próprio PSDB.
Como só cinco comissões podem funcionar ao mesmo tempo, forma-se uma ‘fila de
espera’... Os pedidos sobre temas sensíveis ao governo – como a crise que levou
à troca do comando da Segurança Pública – nem alcançaram as assinaturas
necessárias”, aponta a reportagem. Os tucanos, que adoram CPIs em Brasília,
sabotam qualquer investigação do executivo estadual.
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