quinta-feira, 15 de julho de 2010

Programas Policias

Por: Pedro Paulo Sobral Freire

O que dizer desses programas polícias que de alguns anos pra cá viraram moda televisiva aqui na Bahia - e por que não pejorativa e ridícula, como todo tipo de moda, pra ser sincero – e que incitam a violência e a miséria entre a população? E porque não admitir que na maioria dos casos, entre a parte menos esclarecida da sociedade, ou seja, que lê menos. Só para esclarecer, estar informado sobre algo não quer dizer conhecer o que algo é. Informação não é conhecimento!

Programas desse tipo, que invadiram nossas casas e até os bares onde paramos para almoçar e beber algo, liderados por marginais do “quilo” do deputado estadual Wallace Souza, do Amazonas, que encomendava as mortes de pessoas pobres – na maioria negros e pessoas da periferia, claro - para apresentar, ao vivo ainda por cima, em seu programa na TV, para assim, ter uma audiência mais alta. Conseqüentemente, mais grana em suas gordas contas bancárias, em suas meias, cuecas, paletós, em baixo de seus colchões (e porque não em cima também), dentro das paredes e onde mais lhes convir. Na verdade enriquecem alienando o povo e desviando a atenção de quem realmente são os nossos maiores e verdadeiros inimigos.

Uma manifestação que vejo como um reflexo claro dessa insanidade televisiva de apologia a violência e a opressão policial e social contra essas pessoas pobres e menos esclarecidas, que acontece com frequência aqui no Largo do 2 de Julho, é quando pegam algum garoto de rua roubando. Incrível como praticamente todas as pessoas que estão por perto, somadas outras que vêm guiados pelos gritos de - Pega ladrão! literalmente lincham a criança, como se ela fosse a culpada por todos os males da sociedade, problemas existências e materiais de cada uma daquelas pessoas. É muita violência contra quem já é vítima em um sistema tão desumano. Ou seria humano demais?

São programas desse tipo, que incitam a violência de forma gratuita e covarde, atacando de forma ilegal quem menos tem condições de se defender. Existe até “prêmios" em dinheiro para quem filmar um crime ou qualquer tipo de baixaria, como briga entre mulheres por causa de homens e coisas do tipo e enviar para o programa; Com todas essas coisas ainda sendo insuficiente para saciar de desgraça seus egos miseráveis, ainda pregam a pena de morte pela televisão com comentários do tipo:
- Tem que passar o “ferro”!

É o tipo de comentário infeliz, desnecessário e muito perigoso, em se tratando que estamos em um sistema onde boa parte da educação da nação está entregue a emissoras de televisão, que cada vez mais bestializam e idiotizam as pessoas com seus Faustões, Galvões, Seleções, Bocões, Guguzões e suas Meninas do Jô, Márcia(s) Mulheres Pêra, Uva, Maçã, Salada Mista, professorinhas e...

O engraçado com tudo isso é perceber como temos cada vez mais que sermos exemplos de bons cidadãos dentro de um sistema totalmente corrupto, injusto e desumano, que na maioria das vezes te incita justamente a não ser esse modelo de bom cidadão. Até porque esse conceito do bom cidadão está vinculado a preceitos e normais morais, sendo assim totalmente questionáveis por qualquer pessoa.

Enfim, todos esses absurdos são meras representações da forma como nos deixamos alimentar pelas misérias alheias e nos embebedamos de violência urbana.

Fica aqui a reflexão de quem se preocupa com o tipo e a qualidade da informação que recebemos diariamente através desse aparelho tão importante e que sem nos darmos conta, acaba sendo responsável por boa parte da formação dos nossos valores e das informações que recebemos, a televisão.

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