quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ironia da história: “fim da raça” do DEM

Reproduzo artigo de Altamiro Borges, postado no seu blog

Como já era esperado, o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, anunciou nesta semana que deixará o DEM para se filiar ao PSD de Gilberto Kassab. O ato oficial de ingresso ocorrerá nas duas próximas semanas e Colombo presidirá a nova legenda no estado. Junto com ele, três deputados federais e seis estaduais de Santa Catarina também abandonarão o partido.

A saída de Colombo é uma baita ironia da história. Ele é ligado ao grupo do presidente de honra do DEM, Jorge Bornhausen. Em 2006, animado com a onda midiática sobre o “mensalão do PT”, o ex-chefão dos demos ficou famoso ao proclamar: “Vamos acabar com essa raça”. Mas a vida é implacável e agora, porém, é a “raça do DEM” que corre sério risco de extinção.

“Tiro de morte nos demos”

Desde a derrota na eleição presidencial de 2010, o partido já perdeu nove deputados federais, a senadora ruralista Kátia Abreu e o vice-governador de São Paulo. Patrimonialistas viscerais, os demos não agüentam viver muito tempo longe do poder. Tanto é que o filho do “presidente de honra do DEM”, o deputado federal Paulo Bornhausen, foi um dos primeiros a embarcar no PSD.

A saída do governador Raimundo Colombo é encarada por muitos analistas políticos como “um tiro de morte nos demos”, como descreve matéria do Estadão. O partido agora só conta com a governadora Rosalba Ciarlini, do Rio Grande do Norte. O próprio presidente do DEM, senador Agripino Maia, reconhece que a crise é terminal. “Só com uma governadora, o partido não resiste”.

O PSD e a “era pós-ideologia”

Colombo defendia a imediata fusão do DEM com o PSDB como única forma de “salvar” a oposição. Como a proposta esbarrou em vários obstáculos, inclusive pragmáticos, ele resolveu abandonar o partido. “As dificuldades que encontramos nesse percurso nos levaram a formar forte convicção da necessidade de se construir um novo partido político”, explicou numa nota oficial lacônica.

Em entrevista ao jornal Valor, ele foi mais explícito. Disse que “o DEM não tem projeto nacional, não tem candidato à presidência e depende de outro partido [PSDB]. Isso o fragiliza. Com uma crise desta proporção, o partido tende a se desmanchar”. E também criticou os tucanos: “O PSDB não deu ao DEM as condições de sobrevivência. Ele tinha que dar proteção ao aliado, mas o deixou sozinho, e isso foi fatal”.

Colombo também falou sobre seus planos no PSD, que ajudam a entender melhor o perfil deste novo partido. Para ele, a legenda deve ser “independente”. “Não vamos nos alinhar ao PT. Vamos caminhar com o nosso projeto inicial de manter nossa posição de contraponto. Nossa oposição não será contra tudo e contra todos... Hoje já estamos na era pós-ideologia. Hoje as diferenças ideológicas são mínimas”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário