terça-feira, 20 de setembro de 2011

A infantilização do cinema estadunidense?


O site www.cinema.com.br tráz uma interessante entrevista com William Friedkin, diretor de “O Exorcista” ( 1973) e “Operação França” (1971) sobre uma “nova” tendência do cinema estadunidense ao levantar a questão sobre a falta de criatividade hollywoodiana na produção de filmes que tragam novas temáticas, tendo como consequência o surgimento de filmes baseados em revistas em quadrinhos e refilmagens, consequentemente, desencadeando um processo de infântilizando do público.

Concordo, mas parcialmente. Entendo que o problema vá muito mais além do que a questão da infantilização do público. Penso que o fato de se ir buscar nas revistas em quadrinhos a inspiração para produção de muitos dos atuais filmes estadunidenses não caracterize por si só um processo de infantilização do público. No meu entender, o problema está na forma infantil como os filmes são conduzidos. Com roteiros e dialogos adoloscentes e pouco desenvolvidos, além de suas mensagens ideologicas, que podem ser classíficadas no mínimo como conservadoras, para não chamar de medievais. Sente-se que os filmes vindos dos quadrinhos poderiam nos dar muito, muito mais além de seus novos e maravilhosos efeitos visuais e mensagens ideologicas e moralistas já há muito ultrapassadas. Ah claro, sem falar nos tão insistentes “cliches“, que não se cansam de voltar filme após filme, principalmente nos filmes de terror.

Alguns dos motivos apontados por William Friedkin em sua entrevista seria a nova administração dos estudios, agora nas mãos de grandes corporações e dirigidos por burocratas como advogados e ex-agentes, provavelmente pessoas muito mais preocupadas com questões comerciais e propagação de suas ideologias do que com a arte enquanto tal. Em tempos passados os estudios eram dirigidos por pessoas do próprio meio cinematográfico, que viviam o mundo do cinema, pessoas que realmente tinham uma preocupação de fazer arte e levar a inquietação intelectual do telespectador. Dessa forma possibilitando que o telespectador pudesse se deparar com turbilhões de sensações que emanam de si mesmo e não simplesmente com esses sentimentalismos fabricados das novas produções.

Isso tudo sem falar em toda a experiência cinematográfica, estrutura de estudios e recursos, que hollywood dispõe e ainda assim não consegue fazer uma refilmagem melhor do que o orginal. É como se houvesse uma excessiva e incasável preocupação estética, somente com o efeitos visuais.

O sentimento que fica é que o cinema estadunidense tornou-se uma fábrica de sentimentalismo pré-pago e estéticamente impactante . É como se o poder do filme de tocar o telespectador em suas emoções fosse pré-moldado, com o objetivo de produzir o mesmo impacto emocional e “intelectual” à todas as pessoas. Como se isso fosse possível!

Os diretores dos grandes estudios de hollywood parecem acreditar que somente adolescentes se interessam por revistas em quadrinhos e cinema; e esquessem que os adultos de hoje são os jovens de ontem e que sempre quisemos vê representado na telona o que antes só podiamos visualizar de forma estática, pintado no papel, já que em movimento só em nossas imaginações. Agora então, com o desenvolvimento dos efeitos especiais, a chegada da tecnológia 3D... acredito que poucos os que são amantes de cinema não se empolgam para ter a experiência de assistir um filme em 3D.

Talvez uma das soluções, (para quem entende o atual momento do cinema estadunidense como um problema, claro) para o cinema Hollywoodiano estejá em uma frase escrita nos muros de Paris no ano de 1968: “O que nós queremos de fato é que as ideias voltem a ser perigosas”. O cinema estadunidense, infelizmente, perdeu essa sua tão importante caracteristica, a de trazer ideias novas e perigosas.

Pedro Paulo S. Freire

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