quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Mais de 80 morreram em testes médicos dos EUA nos anos 40

Do sitio La Jornada

Os testes foram realizados em setores vulneráveis da população, como presos e doentes mentais

Pelo menos 83 pessoas submetidas a experimentos médicos por cientistas estadunidenses na Guatemala na década de 1940 morreram, afirmou na segunda-feira (31) a comissão que investiga os fatos a pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Cerca de 5,5 mil pessoas participaram desses experimentos, sem que lhes fosse informado no que consistiam; 1,3 mil foram expostas a uma enfermidade venérea ou inoculadas com ela, assinalou Stephen Hauser, membro da comissão, ao apresentar as conclusões preliminares.

"Desses grupos, acreditamos que houve 83 mortes", disse Hauser. É a primeira vez que se esboça uma cifra de óbitos ligados aos testes, que foram realizados em setores populacionais vulneráveis como presos, doentes mentais, prostitutas e crianças, entre 1946 e 1948.

Hauser disse que a Comissão Presidencial para o Estudo de Assuntos de Bioética ainda não determinou "em que nível essas mortes estiveram direta ou indiretamente relacionadas aos experimentos", mas se detectaram casos de infecções e meningite logo depois das inoculações.

Das pessoas inoculadas com sífilis e gonorreia, somente "700 receberam alguma forma de tratamento" posteriormente, segundo Hauser.

A comissão, que por nove meses revisou mais de 125 mil documentos sobre esses testes realizados com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, em suas siglas em inglês), entregará seu relatório final a Obama em setembro.

Os experimentos médicos, que buscavam provar a efetividade dos medicamentos contra doenças de transmissão sexual e a eficácia dos métodos de detecção, foram um "episódio imoral de injustiça histórica", afirmou Amy Gutmann, chefe da comissão.

"Os investigadores do governo estadunidense devem saber que violaram normas éticas ao infectar deliberadamente a população vulnerável; os pacientes foram tratados como 'material'", destacou a comissão.

Obama encarregou a investigação ao grupo em novembro passado, um mês depois de se tornarem públicos os experimentos, qualificados como "crimes de lesa humanidade" pelo presidente da Guatemala, Álvaro Colom, cujo governo iniciou suas próprias averiguações, que seguem em curso.

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