sábado, 31 de dezembro de 2011

Jornal Nacional Contra Cuba


por André Luiz Furtado, no portal Luis Nassif

A chamada para a última a reportagem já mostrou que se veriam horrores: "A luta da oposição por mais liberdade na ilha comunista é o tema da última reportagem da série sobre a vida em Cuba".

Faltou ao JN informar que essa "oposição", na verdade, luta pelos interesses dos Estados Unidos que, fato silenciado pelo JN, estabelece em sua legislação o financiamento da "oposição" cubana. Apesar do silêncio do JN, e da imprensa privada em geral, esse fato é de fácil comprovação e pode ser verificado a partir de uma rápida busca na internet.

Além de declarações públicas de presidentes e funcionários do alto escalão do governo estadunidense ao longo de cinco décadas, existem numerosas leis extraterritoriais e violadoras da soberania de Cuba, que estabelecem o financiamento do que o JN chamou "dissidencia" cubana.

Por exemplo, a seção 1705 da Lei Torricelli, diz: "Os Estados Unidos proporcionarão assistência às organizações não governamentais adequadas para apoiar indivíduos e organizações que promovam uma mudança democrática não violenta em Cuba".[1]

Outro exemplo é o informe da Comissão de Assistência a uma Cuba Livre, de 2006, sob responsabilidade da tristemente célebre Condoleezza Rice. Tal informe, cujo nome é mais do que suficiente para evidenciar o total desrespeito pela soberania de Cuba, estabelece um "sólido programa de apoio que favoreça à sociedade civil cubana" e destina 36 milhões de dólares para "apoio à oposição democrática e ao fortalecimento da sociedade civil emergente".[2]

Um terceiro exemplo é a seção 109 da Lei Helms-Burtom, que afirma: "O presidente [dos Estados Unidos] está autorizado a proporcionar assistência e oferecer todo tipo de apoio a indivíduos e organizações não governamentais independentes para unir os esforços com vistas a construir uma democracia em Cuba".[3]

E apesar da atual crise econômica, a ingerência "democrática" e "libertadora" dos vizinhos do norte segue firme: para 2012, o governo de Obama destinará 62 milhões de dólares para financiar a chamada "dissidência" cubana. O valor é 34% maior do que o do ano passado.[4]

Porque o JN não disse uma única palavra sobre isso? Não deu tempo? Não falou sobre isso pela simples razão de que não convém manchar a imagem dos "dissidentes" com a verdade.

Os que o JN qualificaram como "opositores" e "dissidentes", são, no sentido técnico e exato da palavra, mercenários. Como afirmou recentemente o ex-chefe da Seção de Interesses dos Estados Unidos em Havana, de 1979 a 1982, e que está muito longe de ser um amigo da Revolução cubana:

"É ilegal e imprudente mandar dinheiro aos dissidentes cubanos [...] ninguém deveria dar dinheiro aos dissidentes e menos ainda com o objetivo de derrotar o governo cubano [...] quando os Estados Unidos declaram que seu objetivo é derrotar o governo cubano e depois afirma que um dos meios para lográ-lo é proporcionar fundos aos dissidentes cubanos, estes se encontram de fato na posição de agentes pagos por uma potência estrangeira para derrotar a seu próprio governo."

Outro tema abordado na lamentável reportagem foi o acesso à internet em Cuba. Segundo a repórter, "a internet em casa é privilégio para poucos: estrangeiros, agências de turismo e alguns funcionários especiais do estado. Quem não está entre os privilegiados pode usar a rede em alguns cafés. A conexão é muito lenta – feita por telefone – e cara".

Se existe grande dificuldade de acesso à internet em Cuba, não é porque o governo é malvado e quer manter a população na ignorância. Isso não se coaduna com um governo que erradicou o analfabetismo já em 1961 (o país seguinte a eliminar o analfabetismo na América Latina foi a Venezuela, somente nos anos 200, com a revolução bolivariana) e que proporciona à sua juventude uma educação que a coloca em posição de destaque em rendimento escolar a nível internacional.[5][6]

A "conexão é muito lenta – feita por telefone – e cara" porque o bloqueio contra Cuba, imposto pelos Estados Unidos, impede que o país se conecte aos cabos de fibra ótica que passam a 12 km da costa cubana, já que a tecnologia da internet de banda larga é estadunidense.

Como a internet discada é muito mais cara e Cuba é um país economicamente pobre que sofre um terrível bloqueio, então a prioridade quanto ao acesso à internet é para hospitais, universidades, forças armadas, centros de pesquisas científicas, etc.

Por fim, segundo a reportagem, "os revolucionários envelheceram". Sim, claro, todos envelhecemos. Mas se tem uma coisa que não falta em Cuba são revolucionários de todas as idades.

Fonte: http://blogln.ning.com/profiles/blogs/jornal-nacional-contra-cuba

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